Pérolas do desejo
Jacques Branellec veio a São Paulo a convite da Julio Okubo para contar detalhes da produção das pérolas douradas, a mais belas, raras e desejadas do mundo
O dia 28 de junho foi marcado por um encontro memorável para o mercado da alta joalheria. A princesa, filósofa e mecenas das artes Giada Ruspoli recebeu em sua residência Jacques Christophe Branellec, diretor da Jewelmer, produtor único no mundo das raras pérolas douradas das Filipinas que veio ao Brasil a convite da Julio Okubo, seu parceiro exclusivo no país.
Ele revelou para convidados selecionadíssimos particularidades da produção dessas maravilhas da natureza que adornam as peças mais cobiçadas da alta joalheria. E ainda aproveitou para apresentar uma coleção desenvolvida especialmente pela joalheria Julio Okubo que é sinônimo de pérolas no Brasil. Durante o evento, Jacques nos concedeu uma entrevista exclusiva.
Vocês são os únicos produtores no mundo de pérolas douradas. Apesar de ser um segredo, o que você poderia nos contar sobre como elas são produzidas?
Depois de décadas de investimento e pesquisa de biotecnologia, a Jewelmer conseguiu chegar a uma variedade de ostra que produz pérolas douradas. Elas não são banhadas ou tingidas. O processo de cultivo da pérola é puramente natural, o mesmo das perolas normais, com a introdução de um pequeno pedaço de tecido de uma ostra adulta no interior da concha de uma ostra jovem. A ostra cresce e vai recobrindo este pedaço introduzido com camadas de madrepérola.
Vocês escolherem uma ilha das Filipinas por algum motivo especial?
Foi uma feliz coincidência. Meu pai, Jacques Branellec (foto), havia trabalhado com cultivo de pérolas no Taiti e em uma viagem pelas Filipinas conheceu um empresário que procurava meios de desenvolver a atividade na região. Acabou descobrindo a ilha de Palawan, a 500 km de Manila, que tinha outro fator decisivo que é sua água do mar, que é limpa, clara, mas repleta de nutrientes que influenciam bastante. Como são animais filtradoras, as ostras são muito sensíveis à poluição. Por isso nossa produção é uma das mais sustentáveis do planeta. Precisamos que a água permaneça a mais natural possível. Qualquer pequena alteração na água, seja na salinidade, quantidade de poluentes, temperatura ou correntes afeta a produção dessas maravilhosas obras de arte da natureza.
As fazendas de ostras da Jewelmer não diferem das fazendas de ostras comuns?
Não. Elas usam o mesmo sistema de diversas bóias numeradas que demarcam as áreas de cultivo. Há tanques berçário de ostras jovens que, após serem fertilizadas, vão para uma espécie de gaiolas que ficam imersas no mar. Elas são monitoradas constantemente até que atinjam o ponto de serem levadas para superfície para a retirada das pérolas. O processo leva no mínimo cinco anos para formar uma única pérola. Mas não há nada garantido. É claro que as ostras que usamos tendem a produzir perolas douradas, mas a variação da cor, mais clara ou escura, é absolutamente de responsabilidade da natureza. Costumo fazer uma comparação com uma mulher grávida: você sabe que ela espera uma criança, mas o peso, a cor dos olhos e o tamanho são obra de Deus e da natureza.
Além de serem os únicos no mundo vocês não produzem pérolas douradas em grandes quantidades? Isso também influencia no valor?
Sim. Colhemos hoje o que foi fertilizado cinco anos atrás. Não há como mudar isso. Aliado a um extremo controle de qualidade, chegamos a, no máximo, seis mil pérolas/ano. Além de raras, o valor também é definido pelo brilho, consistência e esfericidade, como qualquer outra pérola. Talvez por tudo isso, não se encontra nossas pérolas em muitas joalherias de renome e as que têm as colocam em um reservado lá atrás, somente para clientes especiais. Também escolhemos criteriosamente nossos representantes, que precisam se alinhar à nossa filosofia de qualidade, respeito, cuidados extremo com todo o processo e “amor às pérolas”, como é o caso da Julio Okubo aqui no Brasil. Estamos muito felizes com esta pareceria.
As perolas douradas são usadas geralmente na confecção das peças mais exuberantes e caras das coleções. Elas viraram objetos de desejo?
Acho que sim… Isso é ótimo porque uma joia existe para valorizar uma mulher. É um presente eterno com uma simbologia que nenhum outro item consegue superar. Se analisarmos o mercado global, grande parte da nossa produção vai para os joalheiros dos emirados árabes que são fascinados pela sua combinação com peças em ouro. Isso faz dessas pérolas itens ainda mais disputados. Mas as ocidentais e as brasileiras, por exemplo, já descobriram o seu poder de encantamento. Acho que vou acabar visitando o Brasil mais vezes…
Anel em pérola dourada, ouro amarelo e diamantes – Jorge Wakabara e Lilian Pacce – Jacques Christophe Branellec, Fernanda Keulla e Julio Okubo Filho
Adriana Tombolatto – André Cintra, Rafa Mello e Marco Misasi – Carolina Oliveira Rossi – Celina Okubo e Mauricio Okubo
Fabiana Preti e Angélica Cobra – Apresentação das pérolas douradas – Jacques Branellec, Alvaro Etchenique, Fabiana Scaranzi e Julio Okubo Filho – Julio Okubo Filho e Lucy Okubo
Linda e Marco Misasi e Julia Kamikawa – Patrícia Carta e Maria da Paz Trefaut – Patricia Niemeyer Sardenberg – Sara Nicolás González