Peeling congelante é a grande novidade do Congresso Americano de Dermatologia
O tratamento de manchas e melasma ganhou um upgrade importante no Congresso da American Academy of Dermatology, que aconteceu em Boston entre os dias 25 e 29 de março. É a criomodulação, uma técnica que usa o frio para tratar as desordens de pigmentação da pele. “Nessa tecnologia, não tem calor envolvido. É como se fosse um peeling hipotérmico, a frio, que congela as células e faz com que a pele se renove, com novas células chegando à superfície sem manchas. Além dessa esfoliação, o tratamento também reduz a capacidade dos melanócitos de produzir melanina, assim tornando a pele mais luminosa e com tom homogêneo”, explica a dermatologista Valéria Campos, professora convidada do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí e Pós-Graduada em Laser e Dermatologia pela Harvard Medical School. “Uma das dificuldades em tratar as manchas com laser é a questão do efeito rebote, uma reação biológica na qual o estímulo para um tratamento pode piorar o quadro. Com o calor e a luz, isso pode piorar. A luz pulsada, por exemplo, é uma tecnologia que, primeiro, melhora as manchas e depois vem a piora. Hoje, no tratamento de melasma precisamos usar tecnologias que não tenham reação térmica, como o laser de reação fotoacústica ou essa criomodulação”, acrescenta a médica.
A novidade, que deve chegar em breve ao país, requer de duas a três aplicações, dependendo da quantidade de manchas. “A pele fica um pouco edemaciada, mas não tem downtime e é possível aplicar a maquiagem por cima. Não precisa de anestesia, é bem confortável, e os resultados são vistos após 15 dias”, explica a médica.
Segundo a farmacêutica Patrícia França, gerente científica da Biotec Dermocosméticos, para complementar a ação do frio no tratamento das manchas, os ativos são fundamentais, mas também é necessário escolher uma base, um veículo, que potencialize a ação. “A indicação é usar o Lecigel, um agente gelificante com propriedades emulsificantes, que confere hidratação com toque sofisticado e afterfeel não pegajoso, adequado para processos quentes e frios como a criobiomodulação. Ao ser aplicado, ele diminui a temperatura da pele em até 2,2°C e esse efeito de resfriamento deve-se à velocidade de evaporação da água contida na rede de texturas e à combinação sinérgica de fosfolipídios e acrilato. Lecigel é importante para integridade do estrato córneo e uma melhor percepção de hidratação e refrescância”, explica Patrícia.
Com relação aos ativos do produto, Patrícia cita o ácido tranexâmico lipossomado, Metimazol, Alpha Arbutin e B-White, todos com ação de bloqueio em alguma fase da conversão do pigmento (melanina) que causa manchas. “B-White, por exemplo, é um peptídeo biomimético que atua no MiTF, um gene que desempenha um papel na regulação das enzimas necessárias para a produção de melanina, reduzindo a pigmentação e permitindo um clareamento máximo com efeito de luminosidade. Ele é um clareador de quarta geração”, conta a farmacêutica. “Em associação, podemos utilizar Aldavine 5X®️, resultado da combinação de dois polissacarídeos sulfatados provenientes das algas Ascophyllum nodosum e Aspargopsis armata que age inibindo diretamente a expressão dos mediadores bioquímicos envolvidos no surgimento e piora do melasma vascular como o Fator de Crescimento Endotelial Vascular (VEGF)”, explica a farmacêutica.
O tratamento oral é outro complemento importante para eliminar as manchas. Patrícia França afirma que para potencializar a ação de renovação celular, pode ser usado o silício orgânico de Mônaco Exsynutriment®️. “Exsynutriment®️ estimula a formação de colágeno e fortalece a junção dermoepidérmica, potencializando a ação de renovação das células. Com isso, também promove menos migração de pigmento para superfície, diminuindo a formação de manchas”, explica. Além dele, a farmacêutica ressalta a importância de substâncias antioxidantes, anti-inflamatórias e antiglicantes, como Pinus Pinaster, Vitamina C, Polypodium Leucotomos e Glycoxil®️. “O Glycoxil®️ é um peptídeo mimético da carcinina que atua como um antiglicante e desglicante, isto é, ele impede e age para desfazer a ligação do açúcar excedente com o colágeno. Com isso, diminui o acúmulo de AGEs (agentes avançados de glicação), radicais livres intimamente relacionados ao melasma”, diz a farmacêutica Patricia França.
A dermatologista Valéria Campos reforça que o sucesso do tratamento de manchas e do melasma depende completamente do uso diário de um protetor solar de amplo espectro. “Esse protetor solar deve proteger contra o calor e a luz visível, já que ambos estão envolvidos no processo de formação de manchas”, diz a dermatologista. “Caso seu filtro solar não tenha esse tipo de proteção antioxidante, será necessário formular um produto com Shield MLDA e OTZ 10. O primeiro é um peptídeo extraído do café torrado, que tem a capacidade de absorver a luz visível/azul neutralizando os malefícios desta radiação. OTZ 10, por outro lado, é um antioxidante poderoso que tem a capacidade de neutralizar os danos gerados pelo calor e raios UVA. Uma proteção 360° contra os diferentes tipos de radiação, além dos filtros, seria uma associação Shield MLDA, OTZ 10 e Hyaxel, pois este último irá contribuir no combate à glicação do colágeno, muitas vezes intensificada pela radiação e luz visível”, finaliza Patrícia França.
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