Doença psicossomática: interação corpo e mente
A palavra psicossomática é utilizada para designar sintomas ou síndromes funcionais em que a unidade patológica é constituída por uma manifestação no nível físico – náuseas, vertigens, espasmos, asma brônquica, hipertensão arterial – e uma manifestação no nível psíquico, sendo ambas associadas. Dessa maneira, uma doença deve ser encarada como uma forma de aprender e crescer. É o corpo manifestando o que ocorre em nosso mental. Assim, um sintoma deve ser encarado como a falta de elementos que promovem a estabilidade e o equilíbrio, além de representar uma grande oportunidade de desenvolvimento no nível pessoal.
Precisamos de toda a nossa energia e de muito espaço em termos de ambiente para, de passo a passo, descobrir a relação entre o que se apresenta como sintoma da doença e sua contraparte no nível psíquico. Quem culpa a si mesmo deixa de reconhecer as oportunidades de crescimento.
Enxergando os sinais
Os sintomas devem ser encarados de forma positiva, já que podem expressar o estado da psique. O sintoma deve ser liberado de sua valoração negativa e ser transformado em um indicador de caminho, convertendo-se em um guia para os temas carenciais. Para algo que apresentou degradação no plano material, como sintoma corporal, seja elevado ao plano do psiquismo, é preciso que se injete energia física. E há necessidade de mais aporte de energia para levar ao plano mental. Essa energia deve surgir sob a forma de conscientização. No processo de surgimento da doença, essa energia foi armazenada. Quando um tema com o qual não desejamos lidar se aproxima de nós, passamos a economizar energia ao deixar que ele mergulhe no âmbito do psiquismo, ficando mais distante ainda do corpo. O que não desejamos ter na consciência, acreditamos ter deixado de lado. Entretanto, esse conteúdo vai diretamente para a nossa sombra (tudo aquilo que não percebemos e não acreditamos e que gostaríamos de não ver). Diametralmente oposto está o ego, que consiste de tudo aquilo aceitamos em nós e com o qual nos identificamos. O ego não se sente confortável quando reencontra temas acumulados na sombra.
Aceitar e elaborar temas da sombra configurados nos sintomas é um caminho de busca de si mesmo. Sintomas são, desta forma, manifestações da sombra muito acessíveis pelo fato de terem emergido das profundezas do psiquismo para a superfície do mundo corpóreo, tornando-se assim excepcionais indicadores do caminho do equilíbrio. Sintomas que são trabalhados em um processo terapêutico podem retornar a emergir em outra parte do corpo. O ideal é que sejam deslocados no plano vertical, do corporal para o psíquico e, a seguir, para o plano mental, para aí serem elaborados. O grande objetivo é encontrar o sentido dos sintomas e sua interpretação. E ela deve ser feita em conjunto com um profissional adequado.
Em busca da solução
Com o auxílio de um profissional adequado, devemos buscar respostas para perguntas do tipo: “Como foi que arranjei esse problema?” e “Por que foi acontecer justamente agora?”. Se for processo crônico: “quando isso me afetou pela primeira vez?”, “Quando ocorreu especialmente de maneira intensa?”, “Por que, justamente, esse quadro me afetou?”. Perguntas como essas respondidas e interpretadas podem nos ajudar a entender muitas manifestações no nível físico com origem no nível psíquico. Por exemplo, uma infecção pode ser evidência de um conflito que se materializou. Uma alergia pode ser um indicativo de uma agressividade que se materializou. Problemas nas mãos podem ser indicativos de falta de entendimento com o cotidiano, dificuldade para agir. O pescoço nos indica medos com os quais não conseguimos lidar. Já os pulmões revelam comprometimento na comunicação, problemas com nossa liberdade de agir e ser. Com a ajuda de um profissional com visão sistêmica, essas questões podem ser descobertas, trabalhadas e elaboradas, com o objetivo de nos tornarmos indivíduos com saúde plena em todos os níveis e atingirmos mais um grau para a felicidade de SER.
Dr. José Luis Camacho
Psicanalista e Professor de Engenharia Química
jlpcamacho@gmail.com