DJ Vintage Culture
Aos 25 anos de idade e apenas 3 de carreira, Lukas Ruiz – mais conhecido como Vintage Culture – é dono de umas das agendas mais requisitadas do show business brasileiro.
Por: Beatriz Lucca
Apesar do nome artístico gringo, Lukas Ruiz é brasileiríssimo: ele nasceu em Mundo Novo, interior do Mato Grosso do Sul – região conhecida por revelar diversos nomes da música sertaneja, como Almir Sater e Luan Santana. Mas, nem por isso, ele escolheu esse ritmo musical para seguir carreira. Pelo contrário, optou por um estilo bem diferente e que passa longe das rodas de viola: o deep house, uma das variações da música eletrônica. Para dar o seu toque pessoal, Lukas inseriu nas suas mixagens influências rítmicas dos anos 80, consideradas vintage, atualmente. E eis que daí surgiu a ideia de adotar a alcunha de Vintage Culture. “Já existiam alguns DJs com nomes parecidos com o meu nome real, e eu também queria algo mais lúdico, mais subjetivo. Encontrei a solução de como ser chamado ao descobrir que tipo de som queria fazer: algo que olhasse para frente carregando influências do passado.”
As primeiras notas
Aos 15 anos de idade, ainda em Mundo Novo, Lukas ganhou um computador do pai e, por não ter internet em casa, ia frequentemente à lan house da cidade para baixar programas de mixagem de música para ficar treinando em casa. “Fui autodidata e hoje, vendo minha carreira, posso dizer que não existem limites para chegar ao sucesso. Talvez exista predestinação, mas o mais concreto mesmo é a determinação, e acho que isso foi essencial para mim.” Apesar da sua paixão pela música, seguir carreira artística era algo que não estava em seus planos. Aos 19 anos, Lukas ingressou na faculdade de Direito, em Maringá, no Paraná, porém acabou largando o curso pela metade. A vocação falou mais alto e ele mergulhou de cabeça no universo da discotecagem, e passou a treinar todas as técnicas disponíveis. Cinco anos depois, mais precisamente em 2013, começou a atuar profissionalmente como DJ. E após dois comandando picapes, veio a grande virada na sua carreira: Lukas, já bem conhecido como Vintage Culture, foi convidado para se apresentar no Tomorrowland, importante festival de música eletrônica. Depois, surgiram convites para participar do Lollapalooza e do Rock in Rio, além das turnês pelo Canadá, Sri Lanka, Rússia, Egito, Inglater-ra, França, África do Sul, Turquia e Austrália.
Atualmente, ele é um dos DJs mais requisitados em festivas e eventos, está nas principais paradas musicais de serviços streaming, como o Spotify, e foi citado pela revista norte-americana Forbes, ao lado do Alok, na lista que elegeu os 91 brasileiros mais influentes abaixo dos 30 anos – essa é a primeira vez que dois nomes da música eletrônica aparecem na lista que inclui empresários, jogadores de futebol e personalidades nacionais de vários setores. “Eu, particularmente, não esperava tanto reconhecimento, nunca esperei. Não tinha histórico na cena para isso, sempre fomos alternativos, representantes de um nicho à parte. Eu não sei o que está acontecendo, não tem receita… É um dia após o outro, com muito amor e dedicação pelo que faço, e com mais amor ainda pelo carinho que recebo, pelas pessoas. A música não tem explicação, é sentimento.”
Influências que fizeram a diferença
Fã assumido de clássicos do Depeche Mode, New Order, Duran Duran, Queen, Pet Shop Boys, Cazuza e de alguns DJs especializados em fazer da house music uma mistura de groove e emoção, como Frankie Knuckles e o Karmon, ele assume que a influência da cultura dos anos 1980 foi essencial para ele descobrir a sua verdadeira assinatura musical. “Consegui grande visibilidade remixando nomes como Cazuza, Pink Floid, The XX e Phil Collins. São faixas que, se somadas, passam facilmente dos 20 milhões de plays no Soundcloud e no YouTube.”
Atualmente escutando muito RÜFÜS du Sol, banda eletrônica australiana formada por Tyrone Lindqvist, John George e James Hunt, Vintage acredita que a música eletrônica nacional deu um grande salto nos últimos anos. “2017 foi o ano definitivo da música eletrônica no Brasil, quando chegou aos grandes festivais de música popular, de Norte a Sul, e entrou de vez na cultura musical do país, como um movimento positivo e transformador. A música eletrônica é um som característico que está sendo feito aqui no Brasil por essa nova geração de produtores e isso tem chamado a atenção, não só aqui, mas no mercado internacional. É algo novo, autoral e que acredito que ainda vai exercer muita influência mundo afora também. O Brasil entrou de vez no mapa mundial da eletrônica, não mais apenas como consumidor, mas também como exportador, como um centro de criação e influência”, diz o DJ, que estará no Réveillon em Jericoacoara tocando no Festival John John Rocks, que terá como tema a música I Will Find, que já soma quase sete milhões de visualizações no Youtube.