Glasgow e Highlands, destinos imperdíveis na maravilhosa Escócia
Por Luciano Garcia
Se Glasgow não recebe tanta atenção quanto a capital Edimburgo, seus habitantes são rápidos em apontar aos visitantes que Edimburgo é uma cidade bonita, mas Glasgow tem ainda mais a oferecer. Ela pode não ter a beleza medieval de Edimburgo, mas é um destino mais moderno e cosmopolita do que a capital. A portuária Glasgow é a mais populosa cidade da Escócia e a terceira maior do Reino Unido. Reduto de estudantes, lá respira-se um ambiente boêmio, dada a enorme quantidade de pubs espalhados por todos os lados. A parte mais antiga e histórica é absolutamente impressionante, principalmente os parques e jardins. O Museu e a Galeria de Arte de Kelvingrove é uma das mais conhecidas atrações culturais de Glasgow. É, aliás, o museu mais visitado no Reino Unido fora de Londres. Fica na Argyle Street, no West End, e destaca- se por ser um edifício com grande imponência.
Cidade de arquitetura vitoriana e art nouveau, Glasgow representa um rico legado de prosperidade entre os séculos 18 e 20, quando foi impulsionada pelo comércio e pela construção naval. Hoje, é um centro cultural reconhecido, sede de instituições como a Scottish Opera, o Scottish Ballet e o National Theatre of Scotland, além de ter museus aclamados e uma efervescente cena musical. O lado arrojado de Glasgow fica em Clydeside, na margem do rio Clyde, que já foi lar das famosas docas da cidade. A área possui uma coleção de edifícios modernos, incluindo o Clyde Auditorium, que de cara lembra a Ópera de Sydney.
A Catedral de Glasgow tem uma rara atemporalidade. Idealizada em 1197, sofreu inúmeros desastres, mas hoje encontra-se de pé e virou símbolo de resistência da cidade. O interior escuro e imponente evoca o poder medieval. É um exemplo brilhante da arquitetura gótica e, ao contrário de quase todas as catedrais da Escócia, sobreviveu à turbulência das multidões da reforma quase intacta. A parte mais interessante da catedral, no entanto, fica no subterrâneo: uma floresta de pilares cria uma atmosfera tétrica em torno da Tumba de São Mungo, que fundou uma comunidade monástica aqui no século VI.
Charles Mackintosh foi um dos mais celebrados arquitetos de sua geração. Por toda cidade, você se depara com vários edifícios e obras do artista, inspirado, principalmente, nas tradições escocesas. The Lighthouse atua como um farol para a indústria criativa da Escócia. Possui um acervo completo de objetos e modelos arquitetônicos de Mackintosh e promove o design com um vibrante programa de exposições e eventos.
Visitas e degustações nas inúmeras destilarias da Escócia é algo que deve ser feito, em especial a Clydeside DistilleryDistillery, onde é possível descobrir os segredos por trás do processo de destilação da chamada “água da vida”, assim definida pelos escoceses, e provar um gole do legítimo whisky single malt – marca registrada do país. Não é exagero dizer que em Glasgow há um pub em cada esquina. Isso atrai uma clientela eclética, que vai desde advogados e empresários engravatados a estudantes e hipsters. É na charmosa Ashton Lane, repleta de restaurantes e bares o lugar para uma nightlife animada no West End. Quando cai a noite, rola música ao vivo e burburinhos que flutuam pelos bares e cafés – alguns dos quais estão lá há décadas. O lendário restaurante Ubiquitous Chip fica em um pátio mágico há mais de 40 anos e proporciona um jantar inesquecível.
Glasgow também é conhecida por seus restaurantes italianos, desde simples pizzarias a estabelecimentos gourmet. Muitos italianos foram trazidos para a cidade como prisioneiros durante a Segunda Guerra e quando o conflito terminou, resolveram permanecer. É, parece que ninguém mesmo quer deixar Glasgow depois conhecer a cidade…
Cruzando fronteiras nas Highlands
Deixando a animação de Glasgow, é hora de pegar a estrada. É na região das terras altas da Escócia, as chamadas Highlands que a história se mistura com a paisagem. Castelos que são verdadeiras viagens no tempo. Um dos lugares mais bonitos da Escócia, o Lago Lomond, ou “loch” em legítimo escocês, é também o maior lago da Grã-Bretanha. A menos de uma hora de carro de Glasgow, o imenso Lomond fica no coração do Parque Nacional Trossachs.
A Escócia é um paraíso para os remadores, com diferentes atividades de caiaque e canoagem. Mas é também um convite a caminhar pelo lago, para apreciar as paisagens e a vida selvagem. Glaciações repetidas, que cobriam todo o território da Escócia moderna, destruíram qualquer vestígio humano que possa ter existido antes do período mesolítico. Acredita-se que os primeiros grupos pós-glaciais de caçadores- coletores chegaram à Escócia há cerca de 12.800 anos, quanda camada de gelo recuou após a última glaciação. Uma das maneiras mais fáceis de transitar pela região é através de barcos que ligam os principais pontos às margens do lago Lomond. Assim, o visitante pode almoçar no lado oeste do lago, pegar o barco e fazer uma caminhada no lado leste. The Boat House é o lugar perfeito para desfrutar de uma atmosfera relaxante, familiar, com boa comida e vistas panorâmicas do Loch Lomond.
Escócia em miniatura
Isle of Arran não tem esse apelido por acaso. A ilha ficou conhecida assim por possuir duas áreas bem definidas. Ao norte, predominam montanhas rochosas e escarpadas, as Highlands. Mais ao sul, são bosques ondulados que compõem o cenário. A área montanhosa encanta quem gosta de caminhar, enquanto os ciclistas preferem a estrada costeira que circunda a ilha.
“Arran é uma das joias da Escócia. Esta ilha encantadora é um banquete, tanto para os olhos quanto para o paladar: possuímos especialidades culinárias, queijos deliciosos, chocolates e cervejarias artesanais e até uma destilaria própria”, conta Sheila Gilmore, diretora do escritório de turismo de Arran. Com mais de vinte grandes lagos, Arran é um destino inusitado. Uma forma incrível de conhecer a ilha é a bordo de um possante Land Rover 4×4 comandado pelo guia Alex Dickinson, da Mogabout Safari, para observar pontos naturais e aprender mais sobre a história e as lendas da ilha.
Na rota dos castelos medievais
Para um país com uma população de pouco mais de 5 milhões, a Escócia possui um número elevado de castelos – mais de 2000! Alguns dos mais impressionantes foram construídos como fortalezas para proteger os poderosos clãs de antigamente. Ao longo dos séculos, essas estruturas testemunharam tumulto, mistério e intriga. Inspiraram gênios como Shakespeare em Macbeth. E apareceram em dezenas de filmes, incluindo a franquia James Bond. Alguns dos castelos caíram em ruínas, outros foram transformados em museus.
E o inacreditável: em muitos deles ainda residem legítimos herdeiros remanescentes dos clãs de séculos atrás. O suntuoso Castelo Brodick, na Ilha Arran, foi a antiga sede dos Duques de Hamilton e abriga uma fabulosa coleção de valiosos artefatos. O interior é luxuoso: todo revestido em madeira escura, cores vitorianas e troféus esportivos.
Esconderijo das celebridades
Isolado no fim de uma estradinha estreita. Monachyle Mhor é o lugar perfeito para uma escapada incógnita. A fazenda do século XVIII é um hotel boutique, mas parece um lar, com quartos aconchegantes, lareiras e antiguidades, além de uma vista estupenda do Loch Voil e do Loch Doine.
Seus 14 aposentos já hospedaram galãs como Ewan McGregor e Gerard Butler. Dentro da hospedaria fica um singelo restaurante, mas que é premiadíssimo e faz jus à fama do simpático chef Tom Lewis. Seus pratos, feitos com paixão, cativaram até o príncipe William, que se divertiu um bocado com as histórias dos antepassados da família de Lewis e se deliciou com os vinhos produzidos na propriedade.