Gin degustação TOP
Na sala privada do Empório Frei Caneca, oito degustadores – cinco consumidores e três profissionais do setor de bebidas – protagonizaram uma das mais completas degustações de gin já realizadas em
São Paulo. Dizem que o gin – ou gim – é bebida de “gente grande”, não só pelo teor alcoólico – entre 40 e 60% – como pelos requintes de sabor. Principal destilado retificado elaborado na presença de zimbro, exige paladares muito treinados. Nesta degustação, comandada por José Osvaldo do Amarante, o engenheiro enófilo que se tornou um dos maiores especialistas em bebidas do país, foram testados às cegas 16 marcas de gin – oito ingleses, três holandeses, um francês, um espanhol, um português e dois brasileiros. Siga o rastro dos gins vencedores
Por: José Osvaldo do Amarante
1.Degustadores comandados por José O. do Amarante
Domingos Meireles – sócio da filial paulista do bar lisboeta Gin Club
Ibrahim Zouein – médico e consumidor
Marcos Frugis – médico e consumidor
Marcos Lee – sócio do bar Bar.
Mário Separovic Rodrigues – empresário e consumidor
Newton Barros – engenheiro e consumidor
Ricardo Barrero – embaixador de marca da Diageo
2.Características dos gins
Teor alcoólico variando de 40% a 60% em volume.
Destilado-base: 13 gins de 100% cereais, 1 gin de 50% cereais + 50% cana-de-açucar (Sharish), 1 gim de 100% cana-de açúcar (Arapuru) e 1 gim de 100% uvas (G’Vine Nouaison)
Comentários
Por José Osvaldo do Amarante
Todos os exemplares provados mostraram particularidades bem distintas uma das outras. Em alguns deles, o zimbro prevalecia; noutros, uma outra característica era mais marcante, tais como: floral, cítrico, herbal ou condimentado. Apesar de o Plymouth Navy Strength, na média, ter ficado no primeiro posto, o Beefeater teve três jurados a seu favor para o primeiro lugar, contra apenas um do anterior. O meu predileto foi o Beefeater, que mostrou, como usual, muita intensidade, equilíbrio e elegância. Já o Plymouth é do estilo clássico, exalando zimbro e notas cítricas, apesar de não demonstrar o seu alto teor alcoólico de 57%.
Meu segundo colocado, o holandês No3 London, saiu-se novamente muito bem nessa prova, bom de zimbro e de harmonia. O holandês Gin & Jonnie Gastro, em fase de importação para nosso mercado, teve um voto para primeiro, pelas suas nuances cítricas e de anis.
Digno de nota foi a performance do Draco, um dos três gins premium brasileiros que estão sendo lançados no mercado este ano. Para mim, ele ficou em quarto lugar, empatado com o G’Vine Nouaison. Mostrou-se bem intenso e com boa carga de zimbro. Para os apreciadores de gins bem florais, o Geranium Premium e o Organic Premium preencheram perfeitamente essa lacuna. O gin mais alcoólico do painel, o Blackwoods Vintage 2012, com 60% de álcool, apesar de ter boas qualidades, foi punido por alguns participantes justamente por excesso de álcool.
Uma surpresa negativa foi a má colocação da amostra de Tanqueray No Ten, que geralmente fica nas primeiras posições em todas as degustações de que participo. A bebida estava pouco concentrada e com retrogosto curto.
Um fato marcante foram as duas últimas posições de gins, cujos destilados-base provinham de cana-de-açúcar, em vez de cereais: Arapuru e Sharish. No primeiro, sobrava anis, e, no segundo, sentia-se no fundo um sabor não característico de cachaça e um leve amargor.
Conceitos
O que é o gin
O gim ou gin é o principal destilado retificado elaborado na presença de zimbro (Juniperus communis). Os dois outros importantes são: a genebra (genever ou jenever em holandês e genièvre em francês), oriunda da Holanda, Bélgica, França e Alemanha; e o steinhäger (ou steinhaeger) alemão. O gin foi originalmente produzido, no início do século 17, na Holanda – se bem que há contestações, alegando ter ele sido elabora-do antes disso, na Itália. Pois foram monges medievais italianos que descobriram o valor medicinal do zimbro. Posteriormente, tropas britânicas lutando na Holanda, durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), levaram esse elixir de volta para casa. O Reino Unido, e, particularmente, a Inglaterra, é considera-do, hoje, a pátria do gin.
Como é produzido
O gin é uma bebida destilada e redestilada, assim como a vodca. Mas, ao contrário desta, que é neutra, a redestilação do gin é realizada na presença de bagos de zimbro e de outras substâncias vegetais aromáticas – especiarias, ervas, flores e frutas –, chamadas de botânicos (botanicals em inglês). O destilado-base é um álcool 100% neutro, de origem agrícola, podendo advir de grãos, cana-de-açúcar, uvas, maçãs, etc.
Os países produtores top
Os melhores gins do mundo são britânicos, isto é, ingleses e escoceses. Contudo, excelentes gins também são elaborados na Holanda, Espanha e Estados Unidos.
Os maiores países consumidores
Os países com os maiores consumo per capita de gin são: Filipinas (pouca gente tem conhecimento desse fato), Holanda, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos.
Formas de consumo
O gin pode ser consumido de diversas formas: puro (de uma garrafa mantida no congelador), com água mineral não gasosa, como alguns conhecedores britânicos o fazem, ou em coquetéis.
Os drinks mais usuais são: Gin-tônica, Dry Martini, Negroni, Red Snapper (um Bloody Mary de gin) e caipirinha de gin.
Como degustar gin
A degustação de gin é realizada com ele puro, servido em taças de degustação de vinho tipo ISO. Depois de visualizar e olfatar, alguns jurados costumam adicionar 1/3 de água mineral sem gás para diluir e amplificar o sabor da bebida sem alterá-la.
Por seu processo de fabricação ser diferente do da vodca, uma bebida neutra, o mais importante em degustação de gin é seu caráter ou personalidade, que provém dos botânicos, principalmente do zimbro.
Resultado da degustação
1º Plymouth Navy Strength Gin 57% | Pernod Ricard | Inglaterra
2º Beefeater London Dry Gin 47% | Pernod Ricard | Inglaterra
3º Gin & Jonnie Gastro Gin 45% | Onder de Boonpjies | Holanda
4º G’Vine Nouaison Gin 43,9% | EuroWinegate | França
5º No. 3 London Dry Gin 46% | Berry Bros & Rudd | Holanda
6º Geranium Premium London Dry Gin 44% | Hammer & Son | Inglaterra
7º Draco Dry Gin 47% | Draco | Brasil
8º Organic Premium 2011 40% | Josef Farthofer | Áustria
9º The Corinthian London Dry Gin 40% | The Brand Builder | Inglaterra
9º Ginraw Gastronomic Barcelona Gin 42,3% | Antonio Mascaró | Espanha
11º Bobby’s Schiedam Dry Gin 42% | Bobby’s | Holanda
12º Blackwoods Vintage Dry Gin 2012 60% | Distil Co | Escócia
13º Tanqueray No Ten Gin 47,3% | Diageo | Escócia
14º Sacred Gin 40% | Sacred Spirits | Inglaterra
14º Arapuru London Dry Gin 44% | Arapuru | Brasil
16º Sharish Alentejo Gin 2015 40% | Sharish | Portugal