As razões das fortes altas nos preços das carnes em geral
Os preços das carnes bovinas, suínas e avícolas, além de seus derivados, subiram fortemente nos últimos dois anos. Vários fatores justificam este aumento que, de forma clara e objetiva, veio para ficar. O primeiro motivo foi a demanda acentuada da China por carnes em geral, especialmente bovinas. Como se sabe, esse país sofreu com a febre suína e eliminou radicalmente os porcos criados soltos. Suínos, hoje em dia, são criados em cativeiros, o que resulta em forte expansão da importação de milho e soja, tanto do Brasil quanto da Argentina e dos Estados Unidos. Foi nesse contexto que a situação se agravou. Para se ter uma ideia, nos últimos dois anos, os preços da carne bovina, frango e suínos, em nível de produtor, evoluíram, em média, 75%, enquanto soja e milho nada menos que, respectivamente, 100% e 179%. Produtores felizes e consumidores estarrecidos, como que não acreditando que terão de abolir, ou restringir, o churrasco do final de semana. O segundo motivo para esta situação de desalento é o resultado das condições climáticas adversas, agravadas pela pior seca dos últimos 91 anos. Notícia alvissareira é que haverá, sim, uma acomodação nos preços em geral do setor agropecuário ligado à produção de carnes, incluindo grãos. Há uma expansão já em andamento para abertura de novas frentes agrícolas, em substituição às pastagens cultivadas. Motivo óbvio: o rendimento para o produtor que produz grãos é muito mais alto do que para aquele que engorda bovinos a pasto, em regime de criação extensiva.
A almejada recuperação da atividade econômica
A recuperação da atividade da economia paulista é necessária e far-se-á de forma segura. A estimativa do secretário da Fazenda, Henrique Meirelles, é que a economia paulista cresça 5% em 2021, ou seja, bem acima da projeção de alta para o PIB brasileiro divulgada pelo Banco Central. Para tanto, conforme bem afirmou o secretário, o ritmo de vacinação contra o coronavírus é crucial. A inspiração do lema: “Non ducor, duco”, ou seja, “não sou conduzido; conduzo”, deveria tomar o debate nacional, de forma a conduzir a retomada da renda e do emprego, com força, fé e, sobretudo, coragem.
Aposte nas carnes do dianteiro
Uma boa dica para enfrentar a altíssima alta nos cortes tradicionais é utilizar carnes do dianteiro. Há várias opções. Uma delas advém de cortes do acém. Mas, anote: tem de ser de gado angus certificado, especialmente criado e terminado com muito esmero. Certo que essa transição é ainda muito incipiente. O encarecimento dos cortes tradicionalmente requisitados para churrasco, em razão das altas consistentes dos preços da arroba do boi gordo, na forma que se observa atualmente, e que deve se prolongar, propiciarão uma escalada no consumo da paleta, acém, peito e costela, desde que advindos de animais jovens, com bom padrão racial e, preferencialmente, com engorda final em regime de confinamento e da raça angus.
Churrasco com carne de cordeiro? Eis a verdade!
Alguns amigos e clientes me questionam se carnes de cordeiros podem oferecer bom churrasco. Sempre respondo que sim, desde que se cuide da origem e procedência. Esta é uma questão que ganhou corpo de uns anos para cá, posto que, no Brasil, o consumo de cordeiro sempre foi muito baixo justamente porque, em primeiro lugar, a carne de boi, a preferida de 9 entre 10 brasileiros, ainda figura na preferência popular; em segundo lugar, porque, tempos passados, a carne ovina, ofertada nos grandes centros, era advinda de raças com aptidão genética para produzir lã e, em razão disso, eram abatidos com idade avançada. Daí resultava aquele odor desconfortável e até impróprio quando do preparo do churrasco. Vale a pena tentar.
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Restaurateur e expert em carnes
Fundador dos restaurantes Varanda
(www.varanda.com.br)
e La Griglia
(www.lagriglia.com.br)
Fundador da Intermezzo Carnes
(www.intermezzocarnes.com.br)