Show do Chico Buarque no HSBC Brasil
Em sua mais recente temporada de shows, Chico Buarque canta músicas do seu novo álbum
Por Bárbara Rainov
Poeta, escritor, intérprete, compositor, dono de uma voz única e de belos olhos azuis, Chico Buarque é referência quando se fala em música brasileira em qualquer citaçãodos anos 60 pra cá.
Ontem, dia 8 de março, pude conferir de perto todo o talento do renomado cantor em sua recente temporada de shows no Hsbc Brasil.
Cheguei um pouco atrasada devido ao trânsito caótico da zona sul, mas não atrasada ao ponto de não vê-lo entrar em palco. Consegui um lugar mediano, em que tive que me esgueirar entre a caixa de som e a mesa à frente para que pudesse vê-lo melhor.
Ele chegou tímido, um pouco cabisbaixo, mas transbordando aquela magia que só grandes ícones conseguem proporcionar e fez a plateia ficar apaixonada com apenas alguns versos de sua primeira canção.
A abertura do espetáculo ficou por conta de duas canções diretamente relacionadas às incursões do compositor pela literatura. Enquanto ‘Velho Francisco’ (do álbum ‘Francisco’, de 1978) serviu de inspiração para o seu livro mais recente, ‘Leite Derramado’ – vencedor do Prêmio Jabuti em 2010 –, ‘De volta ao samba’ (‘Paratodos’, 1993) marcou o fim de outro longo jejum musical, quando ficou longe dos refletores por sete anos para se dedicar aos seus primeiros dois romances: ‘Estorvo’ (1991) e ‘Benjamin’ (1995).
Outras canções que não eram apresentadas por Chico havia muito tempo também integram o novo show, como ‘Anos dourados’, ‘Desalento’, ‘Geni e o zepelim’ (uma das mais aplaudidas do show), ‘Bastidores’ e ainda outras pouco conhecidas do público, como ‘Ana de Amsterdam’, composta para a peça ‘Calabar – o elogio da traição’ (1972), ‘Baioque’, do filme ‘Quando o carnaval chegar’ (1972), e ‘A Violeira’, também feita para a tela grande, parte da trilha de ‘Para viver um grande amor’ (1983).
O toque inovador que Chico imprime nas suas canções fica por conta da sua releitura na em um dos seus maiores clássicos, ‘Cálice’, cujos versos do refrão foram traduzidos para os dias atuais pelo cantor paulistano Criolo.
Na nova versão de Cálice os versos mudam para “Afasta de mim a biqueira, pai /Afasta de mim as biate, pai / Afasta de mim a coqueine, pai / Pois na quebrada escorre sangue”. Ficou incrível, sério.
É interessante que a tão comentada timidez de Chico se torna evidente e é nítido o seu desconforto no palco. Ele não interage com o público uma vez sequer, emenda uma música na outra intercalando entre alguns goles d’água e se despede com um “boa noite” quase inaudível, mas tudo bem, ele pode, afinal, ele é o Chico.
Datas e informações sobre o show: http://www.hsbcbrasil.com.br
Fonte: HSBC Brasil