O novo momento de Gal
Depois de estrear a turnê de seu novo disco, Estratosférica, Gal Costa confirma sua alegria por estar próxima do público jovem – aos 70 anos. Esse encontro já vinha acontecendo há algum tempo, desde o penúltimo álbum, Recanto, motivo de orgulho e a certeza de que, mesmo após 50 anos de carreira, é sempre possível fazer algo novo. Em entrevista a Go’Where, a cantora falou sobre se reinventar, viver em São Paulo, as emoções de estar no palco e a nova geração de músicos e de músicas, que não deixam nada a desejar.
Por: Lilian Anazetti Pimentel
GW: O que ainda te motiva, depois de tantos anos na estrada?
GC: O que me motiva é poder fazer algo diferente em cada trabalho que lanço. Eu gosto de ousar, de criar rupturas e dar saltos na minha carreira.
GW: Como define o seu momento musical hoje?
GC: Estou muito feliz com o resultado do disco e da turnê Estratosférica. Tudo o que pensamos para esse trabalho foi colocado em prática e estou realizada.
GW: Como escolheu os compositores que fazem parceria com você no disco?
GC: Marcus Preto foi o responsável pela caça ao repertório. Eu queria can- tar algo novo, de compositores novos ou de uma geração abaixo da minha, mas que eu nunca tinha gravado. Preto foi pedindo músicas aos compositores que conhecia e que gostava. Eles foram mandando, nós fomos ouvindo e escolhendo até chegar no repertório completo.
GW: Você diz que queria fazer algo novo. Como pensou surpreender os jovens que são seus fãs hoje em dia?
GC: Desde o lançamento do álbum anterior, Recanto, tenho notado mais jovens nos meus shows. E isso é muito bom, a energia deles é muito boa. Acredito que isso tenha se dado por conta da energia e do repertório escolhido para o disco. Eles que me surpreendem, cantando e vibrando com as músicas nos shows.
GW: E sobre os novos compositores que despontam no mercado? Muita gente saudosista diz que hoje não se fazem mais músicas como antigamente. O que você acha dos novos sons do Brasil?
GC: A nova geração não deixa nada a desejar e eu acho importante e interessante devolver e retribuir a essa nova geração uma música deles, gravada por mim. Eles bebem na minha fonte, assim como eu me influenciei por outros artistas. Em todo disco que você lança, você presta um serviço à cultura. Acredito que temos ótimos compositores novos, uma geração bacana. E temos ótimas bandas também, com gente muito criativa.
A música me dá energia, me alimenta, me rejuvenesce e me ilumina. Acho que a música é a forma de arte que mais penetra na alma, até na minha.
GW: Você disse em entrevista que sempre teve um jeito de cantar bem moderno, por influência de João Gilberto. Se estivesse começando hoje, quem a influenciaria?
GC: João é e sempre foi uma grande inspiração pra mim.
GW: Como foi tocar violão e cantar a primeira canção que aprendeu, de Caetano Veloso, para o público?
GC: Eu já tinha vontade de tocar violão nos shows e por insis-tência do Marcus Preto a gente incluiu isso no show. Me emocionei demais, claro.
GW: Viver em São Paulo foi uma decisão que você tomou há alguns anos. O que você mais gosta da cidade?
GC: Depois que minha mãe faleceu, comprei um apartamento aqui em São Paulo e acabei ficando. Adoro aqui, gosto das pessoas, do clima da cidade. Não preciso mais ver o mar toda hora, tenho ele dentro de mim. Aqui é uma cidade onde as pessoas trabalham, me identifico com a dureza de Sampa, sou muito caxias com trabalho.
GW: Um momento inesquecível.
GC: A estreia da turnê Estratosférica em Salvador, no dia do meu aniversário de 70 anos.