O nosso Snoopy
Ele se tornou conhecido do grande público ao interpretar um dos cantores mais queridos do Brasil, Tim Maia, e agora, aos 28 anos, se prepara para viver o personagem Snoopy no musical Meu Amigo Charlie Brown, que homenageia a célebre história em quadrinhos criada por Charles M. Schulz. Mais um triunfo de Tiago Abravanel.
Por: Malu Bonetto
GW: Você é neto do Silvio Santos, um ícone da televisão brasileira. Qual o peso disso?
TA: Talvez, se eu não fosse neto dele, eu não tivesse, inicialmente, a curiosidade das pessoas em saber como é o meu trabalho. Isso pode soar positivo e até mesmo negativo, quando, infelizmente, as pessoas pensam que eu só estou em algum lugar ou tenho um determinado trabalho por ter esse sobrenome.
GW: Sua mãe, Cintia Abravanel, dirigiu durante muitos anos o Teatro Imprensa. Tendo a arte muito presente no seu dia a dia e também no DNA, tinha como fugir disso?
TA: Claro que não e nem acho que eu deveria fugir. Sempre digo que não sei se o sobrenome abriu as portas, mas o fato de eu ter esse sobrenome, e me orgulhar muito dele, faz com que as pessoas prestem um pouco mais de atenção.
GW: Quando decidiu assumir seu lado artista?
TA: Eu fui aprendendo muito com a vida, observando e experimentando. Fiz alguns cursos na área de teatro. E muitas coisas aprendi por conta da minha família ser do universo artístico. Eu cresci vendo minha mãe atuando como diretora do antigo Teatro Imprensa, estava sempre próximo desse universo.
GW: Há alguma predileção entre cantar e atuar?
TA: Na minha carreira, a atuação veio primeiro, mas não tenho predileção por musicais ou por só atuar, ou só cantar. Tudo isso me dá muito prazer. Eu sou uma pessoa que gosta de desafios. E, a cada um que me é dado, tento me envolver ao máximo para fazer o meu melhor. Não existe uma preferência ou encantamento dentro de cada opção, mas quando se tem dedicação, amor e verdade com aquilo que se propõe a fazer, se tem um resultado positivo e um carinho e uma coisa que eu vou levar pra sempre de cada arte vivida. Quero poder viver de arte.
GW: Dê uns tempos para cá, o Brasil está fazendo muitos musicais. Isso é bom?
TA: Acho ótimo, enriquecedor demais para o público brasileiro e, principalmente, abre espaço para os artistas do gênero mostrarem seus trabalhos.
GW: Você faz muitos shows com o Baile do Abrava. Como surgiu essa ideia?
TA: Eu sentia falta de estar próximo do meu público, então o Baile do Abrava veio a partir do momento que comecei a fazer shows em eventos corporativos, casamentos, festas de aniversário. Foi a criação de uma festa onde posso estar perto do público que amo e posso testar diferentes estilos musicais, pelo fato de não ter nascido na música.
GW: E esperava que fosse esse sucesso?
TA: Não esperava e fico muito feliz que teremos a temporada 2016 também.
GW: Você estrelou Tim Maia – Vale Tudo. Apesar de não ter sido seu primeiro musical (ele fez 2007 Miss Saigon e no ano seguinte Hairspray), podemos dizer que foi seu maior sucesso?
TA: Não digo que Tim Maia foi o maior sucesso, mas o divisor de águas na minha carreira. Foi e continua sendo muito especial mesmo porque sempre admirei o cantor. Tenho muita gratidão por tudo.
GW: Em 2012, você estreou na televisão como o Demir, em Salve Jorge. Essa migração estava nos planos?
TA: Não estava. A Gloria Perez me conheceu no palco, fazendo o musical do Tim Maia e gostou do meu trabalho. Ela me convidou para um teste da novela e eu fico muito grato por isso.
GW: Agora você está se preparando para o espetáculo Meu Amigo Charlie Brown. Mas o que poucas pessoas sabem é que, quando ele foi montado pela primeira vez aqui no Brasil, em 2010, você chegou a fazer o teste. Por que não foi adiante?
TA: Quando houve a primeira audição do espetáculo, eu atuava no Hairspray, que adorava fazer. E, mesmo aprovado nas audições, optei por terminar o espetáculo em que eu já estava.
GW: Como surgiu o convite para a nova montagem?
TA: Quando resolveram montar novamente o espetáculo, o Leandro Luna, que interpreta o Charlie Brown e é um dos diretores de produção, lembrou de mim. Lembrou que eu tinha passado na primeira audição, que eu gostava muito do personagem e me chamou para o teste.
GW: Ah! Então você também é fã do Charlie Brown?
TA: Muito e estou muito feliz em estar no musical.
GW: Por que escolheu fazer o Snoopy?
TA: Eu me sentia mais próximo dele. Quando fui chamado, a ideia inicial era interpretar o Linus, mas eu pedi para fazer o Snoopy e eles adoraram. Eu me identifico demais com ele, temos muita proximidade na personalidade.
GW: Como está sendo a construção do personagem?
TA: Está ótimo. Estamos ensaiando desde o começo de janeiro. O Snoopy é muito crítico e, apesar de quase não ter fala no espetáculo, nos momentos em que ele está sozinho no palco, sem ninguém por perto, é que ele canta e vive a fantasia de um ser humano.
GW: E a caracterização para viver o cãozinho como será?
TA: Surpresa…
GW: Mas você pode adiantar como será o seu Snoopy?
TA: Ele terá muita acidez com ternura. Ele tem a sensibilidade das crianças e, ao mesmo tempo, o sarcasmo dos adultos.
GW: Acha que o Snoopy será um sucesso assim como o Tim?
TA: Assim espero, né!
GW: Para 2016 algum projeto além do Snoopy?
TA: Teremos a segunda temporada do seriado Chapa Quente e do Baile do Abrava, no Lapa 40º. Além disso, quero começar a pensar no meu primeiro disco.
GW: Por fim, a Patrícia Abravanel está se saindo muito bem como apresentadora. Você descarta essa possibilidade?
TA: Tenho muito orgulho dela, acho que ela gosta do que faz e o faz muito bem. Já eu, no início da minha carreira, não pensava em ser apresentador, mesmo porque eu vim do teatro. Se hoje você me perguntar se eu faria isso, eu posso dizer que tenho essa vontade. Mas nunca trilhei minha carreira pensando em ser apresentador como meu avô, mas sempre pensando na minha estrada.
Meu Amigo Charlie Brown
Teatro Shopping Frei Caneca
R. Frei Caneca, 569 – São Paulo -SP Temporada: de 05/03 a 24/04