Multifaces no Palco
Atriz, diretora e roteirista. Assim é Fernanda Nizzato, a morena que arrancou suspiros, ao lado de Cauã Reymond, na minissérie O Caçador, e gargalhadas na pele de Téti, a fanha da novela Os Dez Mandamentos.
Por: Shirley Legnani
Em uma tarde de compras na agradável loja do estilista Ricardo Almeida, no bairro dos Jardins, a mineira Fernanda Nizzato, 30 anos, recebeu Go’Where Luxo. Na loja do amigo, a atriz estava naturalmente deslumbrante, com a cara lavada, os cabelos castanhos escuros alongados pelo recente aplique de megahair para interpretar a próxima personagem na TV, realçando ainda mais a beleza da morena de 1,70 m e 55 kg. “Adoro o Ricardo, ele é meu grande amigo. Amo as roupas criadas por ele, caem como uma luva”, diz a atriz.
Nascida em Belo Horizonte, Fernanda se formou em Publicidade e Propaganda, mas no primeiro ano descobriu que aquilo não era a sua vocação. Mesmo assim, foi até o fim e, após se formar, entrou no curso de teatro na PUC de Minas e fez Direção de Cinema na Escola Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro. No primeiro trabalho como atriz, na peça Um espírito baixou em mim, Fernanda chegou a ser assistida e aplaudida por duas mil pessoas, numa noite “Meu diretor na época falou: ‘Fernanda, guarda esse momento. Nem no dia que você for global vai reunir tanta gente num espetáculo no teatro num mesmo dia, como hoje’”, lembra.
Após três anos em cartaz com a peça em Minas, Fernanda cursou cinema na Marymount College, Califórnia, onde aproveitou também para aperfeiçoar o seu inglês. De lá, seguiu para o Rio. “Não conhecia ninguém, fui atrás dos meus sonhos, com a coragem e a vontade de realizá-los.”
Na Cidade Maravilhosa, entre outros trabalhos, Fernanda atuou na minissérie O Caçador, da Rede Globo, participando também de novelas. Ao lado do ator Cauã Reymond, atuou em cenas quentíssimas que fizeram sucesso na época. “Não é nada fácil ficar pelada num set de gravação, tanto que cheguei de calcinha e sutiã e o diretor já foi me mandando tirar toda a roupa. Mas confiei no trabalho da direção e aos poucos fiquei à vontade”, confessa Fernanda, que teve e tem todo o apoio da família em seus trabalhos. “Bem, foi um certo escândalo na época, principalmente para alguns conhecidos de Belo Horizonte e para meu irmão (cinco anos mais novo que Fernanda) que ficou um pouco enciumado”, diz rindo.
Para a atriz, a disciplina de se jogar e confiar na equipe de direção tem a ver com o próprio curso e direções que ela mesma fez. “Eu resolvi abrir o leque, e a direção de cinema me fez entender melhor esse trabalho, me entender como atriz e como o set de filmagem funciona. Agora essa dinâmica é outra, após essa visão como diretora. Dirigi um curta metragem (A Lança e o Dragão), que foi prestigiado em dois festivais internacionais, incluindo uma mostra de curtas, o 20MINMAX, na Alemanha.”
Básico chic
Despojada, calçando bota montaria e vestindo jaqueta de couro, calça legging e camiseta básica, Fernanda sabe usar as peças básicas a seu favor, e o resultado é sempre um visual impecável. “Eu gosto de vestir o básico, me sinto confortável, não tenho um estilo definido, estou ligada nas referências da moda e procuro o que me cai bem. Não sou presa a grifes, mas não tem como ficar feia ou não gostar das peças do Ricardo Almeida, não é mesmo?”, diz, apontando para uma calça flare da grife do amigo. Sobre maquiagem, ela responde: “Eu mesma faço, não gosto de muita coisa na cara, quanto mais natural, melhor”, diz.
Fã dos atores Meryl Streep e Kevin Bacon, Fernanda está feliz com os amigos de elenco da novela A terra prometida, da Record. “Contraceno com amigos queridos, profissionais de primeira linha.”
Há dois anos, Fernanda vem desenvolvendo um projeto de série junto com as sócias Andrea Cebukin e Flora Ribeiro e decidiram, recentemente, gravar um piloto. “Chamamos amigos, atores conhecidos, como o Bruno de Luca e o Kayky Brito, e fizemos acontecer. Mostramos para alguns canais e o projeto chegou à Conspiração, produtora de sucesso. Sentamos com eles e o que escutamos foi que o projeto era um sucesso. Da ideia de ser uma série, acabou virando um longa-metragem”, comemora a atriz, que já adianta o nome da futura comédia: Vice-Versa.
Trabalho e paixão
Com a vida agitada, projetos em andamento e um monte de capítulos para estudar, a mineira que anda preferindo vinho a cerveja, perguntada se está apaixonada, dispara: “Estou apaixonada pelo trabalho, ele é meu parceiro atual.”
Com uma queda pelos palcos, para Fernanda todo ator tem que passar temporadas no teatro. “A energia do palco é indescritível, não consigo explicar. Todo ator precisa passar por isso”, aconselha.
Entre os sonhos da atriz, está o de interpretar uma vilã e montar um espetáculo teatral. “Já tenho até o roteiro na minha cabeça, uma readaptação do filme Um Clarão nas Trevas, protagonizado por Audrey Hepburn (1967). “Se eu pudesse, faria tudo junto e misturado”, diz Fernanda, já seguindo às pressas para o aeroporto, com destino às filmagens no Rio de Janeiro.