Mateus Solano
O personagem pode ser cômico, sofrido ou malvado. O ator Mateus Solano rouba a cena em qualquer um desses casos, tamanho o seu talento. Após o sucesso como Rubião, em Liberdade, Liberdade, agora ele pode ser visto novamente como Zé Bonitinho no remake da Escolinha do Professor Raimundo e nos palcos, com a peça Selfie.
Por: Malu Bonetto
Ele nasceu em Brasília, mas aos cinco anos, Mateus Solano, 35 anos, já estava vivendo no Rio de Janeiro, cidade onde mora até hoje. Quando criança, começou a fazer peças de teatro na escola e aí descobriu sua vocação. “Na escola, o teatro era matéria curricular e poderíamos repetir de ano se não tivéssemos boas notas. Então, logo percebi que era algo sério. Fiz uma peça, duas peças e acabei me apaixonando não só pela atuação, mas pelo ambiente e a estrutura física do teatro”, lembra o ator, que depois fez aulas no Tablado e cursou Artes Cênicas na UNIRIO. “Como eu fazia praticamente uma peça em seguida da outra, uma pessoa sugeriu que eu fizesse um teste de elenco na Rede Globo. Tempos depois, um diretor foi ver minha peça e me confidenciou que tinham achado meu vídeo muito teatral, e me aconselhou a fazer outro. Fiz e fui chamado pra fazer minha primeira participação em 2003, no programa Linha Direta, da Rede Globo.” Mas seu primeiro papel de destaque foi em 2009, na minissérie Maysa – Quando Fala o Coração, onde interpretou o compositor Ronaldo Bôscoli.
Cada personagem, um ator
Treze anos, esse o tempo que Mateus tem de carreira na telinha. Parece mais, certo? Isso porque ele já soma seis protagonistas, como é o caso dos gêmeos Miguel e Jorge, em Viver a Vida; Félix Khoury, em Amor à Vida; e mais recentemente o Rubião, em Liberdade, Liberdade. “Acho que o sucesso do Félix tem a ver com o humor ácido dele. Já o Rubião, não conheço ninguém que tenha gostado dele. Acho que as pessoas não gostam de todos os meus personagens, mas, sim, carregam um carinho pelo meu trabalho”, conta o ator que, modestamente, diz que transitar por personagens bons e maus faz parte do seu trabalho como ator. “Cada personagem é um caldeirão, um desafio, que tem o lado divertido e emocionante. Tanto que não tenho predileção, afinal, ser bom ou mau é apenas uma das inúmeras das características que o personagem traz.”
Destino amigo
Casado desde 2008 com a também atriz Paula Braun, Mateus conta que os dois se conheceram na gravação de um curta-metragem. “O ator que ia contracenar com ela não apareceu e fui chamado de última hora para substituí-lo. Em menos de um mês, começamos a namorar. Acho que o destino deu uma ajudinha mesmo, ele sempre conspira a favor, nós é que decidimos se tomamos o caminho certo ou errado.” Desse relacionamento nasceu a pequena Flora, hoje com seis anos; e o Benjamin, com um ano e cinco meses. “Não sei o quanto nossa profissão interferirá no futuro dos dois, acho que depende de quanto o mundo das artes cênicas irá correr atrás deles, até porque nós não iremos influenciar em nada.”
De volta aos palcos
Apaixonado por teatro, Mateus se diz muito animado em trazer para São Paulo a peça Selfie, que ultrapassou a marca dos 100 mil espectadores em mais de 150 apresentações no Rio de Janeiro. A peça conta a história de Claudio (Mateus Solano), um homem superconectado que armazena toda a sua vida em computadores, redes sociais e nuvens e se vê sem passado quando deixa cair um café em seu celular, que sofre uma pane e apaga tudo. Sem se lembrar de nada, pois toda sua memória era virtual, Claudio inicia uma saga em busca da memória perdida, recorrendo a vários personagens de sua vida (onze, ao todo, vividos por Miguel Thiré) para reconstituir sua história. “Tivemos que dar um tempo na temporada por causa das gravações de Liberdade, Liberdade. Mas estou animado com a temporada aqui em São Paulo, mesmo porque além de ser uma peça divertida, traz uma identificação muito grande do público, pois, fala de uma coisa que invadiu a nossa vida: a relação frenética entre nós através do celular. As pessoas que estão sempre conectadas se identificam com a peça, já as que não estão, assistem abismadas com esse mundo. Falamos de modernidade, do mundo virtual da informática de uma maneira que só o teatro consegue fazer através do trabalho de corpo do ator.”
Sem exageros
Declaradamente muito adepto das redes sociais, Mateus conta que se rendeu à modernidade por ser famoso e para divulgar seu trabalho. “Se você está inserido no mundo, automaticamente está inserido no mundo virtual e, se você não tem os aplicativos de mídias sociais, você está sendo falado neles. Eu, por exemplo, tinha vários fakes. Mas confesso que prefiro a vida real, dou muito valor a ela e à minha privacidade. Tenho um Instagram fechado para os amigos e outro aberto para os fãs, para divulgar meu trabalho e receber a resposta e o carinho do público.”
Sobre tirar selfie, Mateus revela que não liga quando é abordado pelos fãs, mas se incomoda quando é preciso tirar muitas delas. “Claro que é um carinho, o reconhecimento das pessoas, mas adoraria andar na rua sem ser reconhecido. Quando estou andando e cruzo olhar com alguma pessoa é de se esperar que ela venha me abordar e pedir uma selfie. Não me incomoda a selfie, mas, sim, um bilhão de selfies. Lembro que alguém me disse que a única coisa que em excesso não faz mal é a água, então bebi dois litros e passei mal, ou seja, nem água em exagero é bom.”
Um bom aluno
Não é somente nos palcos que Mateus Solano está de volta. Ele retorna como o Zé Bonitinho na segunda temporada do remake da Escolinha do Professor Raimundo. “Desde criança sou fã do programa e de todos os personagens. Fiquei muito feliz com o convite para interpretar o personagem vivido durante 40 anos pelo ator Jorge Loredo. Tive que estudar muito, assisti a muitos vídeos de várias fases, inlcusive um documentário muito bacana chamado Câmera, Close!, observei muito os trejeitos, a voz e os tiques dele, quis me assemelhar o máximo possível, é uma pena que ele faleceu pouco tempo antes da nossa estreia”, diz o ator que já está escalado para a novela Pega Ladrão, com estreia prevista para abril do ano que vem.
Serviço
Selfie
Teatro Renaissence – Alamenda Santos, 2233, Piso E1 – Jardins – São Paulo
Temporada: até 18/12