Esther Constantino lança projeto direcionado aos apaixonados por arte
Ir a uma exposição de arte é um dos programas imperdíveis quando estamos em grandes metrópoles, seja São Paulo, Nova York ou Londres. Mas como saber datas, locais e outros detalhes? Foi justamente para ajudar o público ávido por cultura que Esther Constantino lançou o projeto ArteQueAcontece.
Por: Malu Bonetto
Apaixonada por museus e exposições, a paulistana Esther Constantino sentia falta de alguma ferramenta que a pudesse orientar sobre o universo da arte, disponibilizando datas de eventos e notícias da área. Há três anos, então, ela lançou o site ArteQueAcontece, que cresceu e, hoje, também conta com um aplicativo direcionado aos apaixonados por arte.
GW: Quando surgiu a ideia de lançar o ArteQueAcontece?
EC: Sou colecionadora de arte há uns 18 anos e, quanto mais eu conhecia, mais me encantava sobre o assunto. Mas eu precisava de algo que pudesse me guiar em torno do setor. E o site surgiu dessa necessidade, como uma ferramenta de orientação e pesquisa para aqueles que já se interessam pelo assunto. Também foi uma maneira eficiente de levar o tema àqueles que estão iniciando.
GW: Por que acha que esse projeto está dando tão certo?
EC: Acredito que é por suprir uma necessidade real, além do fato de reunir uma agenda por cidades, como São Paulo, Nova York, Paris e Londres. No site, há notícias diárias sobre arte e uma seleção de artistas escolhidos por nossa equipe de curadores e que não estão inseridos no mercado de galerias. Divulgamos também nossas aulas, visitas e viagens com foco em arte. O site tem uma ferramenta de alerta que envia notificações no WhatsApp no dia da abertura das mostras.
GW: A criação do site foi uma maneira de aproximar os brasileiros da arte?
EC: A criação de todas nossas ferramentas foi para facilitar o trânsito dentro do universo da arte e para democratizá-la, sim. Com ele, levamos informação aos interessados e também para quem se sente pouco à vontade dentro de uma galeria ou de um museu. Estamos muito felizes pois, hoje, levamos às galerias e aos museus um público que não chega a uma exposição sem informação, e que se sente à vontade para perguntar mais. Levar as pessoas a terem contato com a arte desperta a curiosidade de frequentar galerias, museus, feiras…
GW: Como é a seleção das obras dos artistas não tão conhecidos do grande público?
EC: Os nossos não são artistas “desconhecidos”, apenas não foram inseridos no mercado. É muito diferente. A traje-tória de um artista é longa, são anos de estudo e o trabalho cresce com a maturidade emocional. Temos uma equipe de especialistas que fazem a seleção dos portfólios que recebemos por e-mail, analisam as obras, pesquisam sobre o artista e, se ele for bom, é convidado a fazer parte da seção Aposta, do site.
GW: O ArteQueAcontece tem um lado social também?
EC: Começamos o AQA Social, que promove a inclusão social de crianças e adolescentes por meio da arte. Nele, temos professores de arte que atuam em instituições já existentes dentro de comunidades, como a de Paraisópolis, por exemplo. Hoje, esse trabalho permite que se expressem e conheçam o que a arte pode fazer por eles. A receptividade é muito positiva, isso me anima a crescer e a expandir o projeto.
GW: Em abril, vocês lançaram um aplicativo de arte…
EC: O aplicativo ArteQueAcontece é uma ferramenta gratuita superpotente. Fizemos um grande investimento financeiro e de energia para que ele funcione como um orientador e guia de arte. O seu geolocalizador é fantástico! Eu mesma, às vezes, esqueço de algo que está acontecendo em alguma galeria e, quando passo em frente a ela, entra uma notificação da exposição em cartaz no meu WhatsApp. E isso é fenomenal!
GW: O aplicativo funciona em São Paulo e no Rio de Janeiro. Há projetos de expandir a área?
EC: Sim, o número de usuários de nossas ferramentas aumenta expressivamente a cada semana atribuímos isso à credibilidade que conquistamos através de nosso trabalho e comprometimento. A cada dia o mundo se interessa mais por arte, e não podemos dizer que arte seja algo da elite. Arte é a forma mais verdadeira de expressão, não tem nada a ver com classe social. Já ampliamos o projeto para o Rio de Janeiro e, em breve, para outras cidades.
GW: Acha que vale a pena investir em obras de arte?
EC: Acho importante, mas não como investimento financeiro, e sim como uma maneira de criar seu legado. Sou colecionadora e, a meu ver, o melhor jeito de investir em arte é comprar aquilo que te diz algo, a obra tem que conversar com você. E você sabe quando isso acontece, você sente no seu coração.
GW: E como se tornar um colecionador?
EC: Acho que você se torna um colecionador quando for-ma uma narrativa e cada obra pode contar uma história diferente, sem problema. Mas a coleção tem que fazer sentido para você. Não se compra o quadro de um artista porque seu amigo tem. Você compra porque, naquele momento, aquela obra tem uma narrativa que você quer contar. Acho que esse é o melhor caminho.