Conto de fadas fashion
Aos 11 anos ela ganhou uma máquina de costura, aos 19 decidiu que sua vida seria, realmente, no mundo da moda. Hoje, aos 33 anos, a brasileira Layana Aguillar comemora o sucesso da sua marca durante a New York Fashion Week e o convite da Disney para criar o vestido de uma de suas princesas.
Por: Cibele Carbone
A estilista mineira Layana Aguillar é uma das brasileiras que mais tem chamado atenção na cena fashion internacional. Mas, acredite, a estilista chegou a cogitar de não seguir carreira na moda. “Desde pequena, gostava de me vestir para chamar atenção. Eu sempre tentava mudar as minhas peças de roupa. Por um tempo, fiquei muito perigosa… (risos). Cortava não só as minhas roupas, mas também as da minha mãe e irmã. Quando fiz 11 anos ganhei uma máquina de costura e fazia as roupinhas das minhas bonecas. Mas, como morava em uma cidade pequena, não pensava em seguir carreira em moda”, relata Layana. A história mudou completamente há 14 anos, quando se mudou para os Estados Unidos com a família. “Descobri o mundo da moda e finalmente encontrei meu destino profissional”, diz a brasileira, que conquistou Nova York após participar do reality show Project Runway, com o badalado Tim Gun, e foi convidada pela Disney para criar o vestido da primeira princesa latina da marca.
GW: Você cursou o FIT, em Nova York, e estagiou em grandes marcas como Marchesa e Oscar de la Renta. Conta como foram essas experiências… Você deve ter aprendido muito.
LA: Na Marchesa estagiei por seis meses e no Oscar de la Renta por dois anos. Tinha 23 anos e aprendi muito! Além de ajudar a desenhar, também auxiliava na costura e modelagem. Aprendi muito sobre tecidos finos e o real significado da alta-costura. Foi lá que também aprendi que o primeiro passo para o sucesso de uma marca é identificar aquilo que faz você ser único, a sua identidade.
GW: Por que decidiu lançar sua própria marca? Não teve medo de ser apenas mais uma nesse mercado tão competitivo?
LA: Desde o primeiro momento que encontrei o mundo da moda, sabia que teria a minha própria marca. Sempre tive dentro de mim a ambição de ser uma empresária criativa! Por isso, nunca deixei que o medo de ter algo realmente-muito competitivo e difícil de conseguir me fizesse desistir. Ainda tenho muito para alcançar, mas, hoje, depois de tan-tas conquistas em pouco tempo, sei que estou no caminho certo.
GW: E aí, depois de abrir sua grife, você entra no Project Runway… Como foi parar lá?
LA: Meu melhor amigo me convenceu a participar do show. Ele disse que seria ótimo para expor minha marca logo no começo. E ele estava certo! Entrei no Project Runway, “and the rest is history”.
GW: Quais as principais dificuldades que encarou durante o programa?
LA: Foi uma experiência intensa e única! Somente quem viveu essa aventura pode entender. O Project Runway é um show visto no mundo inteiro. Fazer parte dele foi uma oportunidade incrível em que muitas portas se abriram para o sucesso da minha marca. A maior dificuldade é o fato de perder total controle da nossa vida durante aquele período, que parece eterno! Mas, por outro lado, essa experiência me fez aprender muita coisa sobre mim mesma. Hoje reconheço que na carreira de designer de moda, além do talento, o mais im-portante é saber trabalhar sob pressão, estar preparado para críticas negativas e acreditar no seu produto. No fi m, o que importa mesmo não é somente ganhar, o mais importante é apresentar um bom trabalho. Quando decidi participar do show, estabeleci uma meta que, com muito trabalho, está sendo cumprida a cada dia.
GW: O Project era apresentado pela Heidi Klum e pelo Tim Gun. Como era seu relacionamento com eles?
LA: Com a Heidi Klum não tive contato nenhum. A relação dos jurados com os participantes é realmente só na hora do “gravando”. Mas o Tim é superfofo! Depois de tanta pressão psicológica, ele vinha como uma brisa quando chegava no workroom. Depois do show, pude manter um relacionamento mais próximo com ele, descobrimos que éramos vizinhos. E, como admirador do meu trabalho, ele sempre me recomenda para vários projetos que ajudam muito na minha carreira, como o da Disney!
GW: Você conseguiu um feito que a maioria dos estilistas do mundo sonha, que é participar da New York Fashion Week.
LA: Meu primeiro desfile no New York Fashion Week foi com o Project Runway, em fevereiro de 2013. Depois disso, pude fazer apresentações com a minha marca sozinha e, nesse último fashion week, decidi fazer um desfile maior.
GW: Você já desenhou vestidos para personalidades como Ema Watson e Penélope Cruz. Criou os vestidos sozinha ou elas participaram do processo?
LA: A oportunidade de vestir a Ema Watson e Penélope Cruz aconteceu quando estava trabalhando para Oscar de La Renta. No começo do processo de criação, o Oscar me disse que tipo de vestidos elas gostavam, mas as duas só viram o vestido quando foram provar pela primeira vez.
GW: A Disney escolheu você para criar o vestido da princesa latina, a Elena de Avalor. Quais foram suas referências?
LA: Quando recebi a ligação do produtor do desenho e ele me contou sobre a princesa Elena, imediatamente sabia que a cor tinha que ser vermelha. Depois decidi fazer algo diferente e criar uma estampa bem colorida para o vestido. Com o propósito de injetar algo único da minha infância na estampa do vestido, comecei a lembrar de quando tinha nove anos e adorava ficar vendo minha vovó bordando. Ela sempre bordava flores que pareciam com a arte “Mandala”, cujo significado é perfeito para descrever a história da Princesa Elena e um pouco da minha também: mandalas significam “círculo” em Sunskrit. Essa arte representa a busca de propósito e realização pessoal.
GW: O seu nome é muito conhecido no exterior, mas no Brasil são poucas as pessoas que conhecem você. Não pensa em expandir sua marca por aqui também?
LA: Como a marca nasceu em Nova York, atualmente esta-mos mais focados no mercado norte-americano. Mas se a oportunidade certa surgir, quero muito trazer a marca para o Brasil um dia, afinal sou brasileira!
GW: E para finalizar: onde você se imagina em cinco anos?
LA: Com mais projetos com a Disney e outras empresas que admiro. Com a minha própria loja em New York, Paris e Brasil. Com o meu projeto de “empoderamento feminino”, conhecido mundialmente e em vários canais de TV. Com mais tempo de viajar com minha família.