Camila em dose dupla
Conhecida por papéis marcantes, como a Manuela de Paula Ferreira, na minissérie A Casa das Sete Mulheres ou a militante Olga, no filme de mesmo nome, a atriz Camila Morgado está com dois longas em cartaz: Até que a Sorte nos Separe 3 e Bem Casados.
Por: Malu Bonetto
Fotos: Ana Stewart
GW: Como você descreveria Penélope, a sua personagem em Bem Casados?
CM: Quando comecei a ler o roteiro do filme, achei que a Penélope fazia o tipo de mulher fora dos padrões. Ela escreve um blog, mora sozinha e surge na trama como a ex-amante de um homem que está para se casar – e decide estragar a festa de casamento dele. Tem atitudes que podem não ser consideradas as mais corretas ou normais, mas todo mundo tem também esse lado. Por isso, acho que o público vai se identificar aos poucos com a Penélope, porque percebe que ela não é uma pessoa perfeita, toda certinha. Não é uma pessoa má, mas alguém que acredita no amor e na justiça. Ainda que pareça meio louca, é no fundo uma pessoa comum. Assim como o Heitor (Alexandre Borges) é um cara comum, sem pretensões, vivendo a vida dele, com suas namoradas. Mas buscando o amor. E acaba se apaixonando por aquela mulher.
GW: Vocês duas têm algo em comum?
CM: Temos mais ou menos a mesma idade, moramos sozinhas, somos independentes, e talvez, eu seja um pouco atrapalhada.
GW: Ela e o Heitor se conhecem em uma situação nada romântica e a trama cresce em cima disso…
CM: São esses desvios que, muitas vezes, aproximam as pessoas. A gente costuma fantasiar que o amor acontece na figura do homem perfeito, naquela lenda do cara que vai chegar em uma carruagem ou um cavalo branco e nos pegar nos braços. Mas, na vida real, o que acontece é totalmente diferente. Não temos controle das coisas, e acho que o filme fala disso, dessa falta de controle no amor, nas paixões. E também um pouco desse desespero dos nossos dias, dos encontros tão rápidos, com pouco envolvimento.
GW: Você também contracenou com o Alexandre em Avenida Brasil. Como foi trabalhar com ele agora na telona?
CM: Trabalhar com alguém que você já conhece é bem melhor,você sente mais segurança. Antes de começarmos a gravar a novela, rolava muitas conversas e cafezinhos, então já havia uma amizade. E o Alê é uma pessoa ótima de se trabalhar, está sempre concentrado na cena, é extremamente generoso e sempre dá opiniões, fornece material para o diretor e está sempre disponível. Rimos o tempo inteiro e espero trabalhar mais vezes com ele.
GW: Você também está em cartaz com o filme Até que a Sorte nos Separe 3. É uma continuação do 2?
CM: No sentido de que o Tino (Leandro Hassum) consegue des-concertar, destruir, atrapalhar e complicar ainda mais, nós podemos dizer que é uma continuação. Mas é claro que nesse terceiro filme o Tino consegue se superar e, com isso, causa uma falência generalizada. Enquanto Jane se mostra um pouco mais ciumenta, insegura e com receio de perder o grande amor da sua vida. É um filme leve, divertido, despretensioso.
GW: Como está sendo a experiência de contracenar nova-mente com o Leandro Hassum?
CM: É sempre um prazer estar ao lado de uma pessoa talentosa como o Leandro. É um privilégio poder ver seus improvisos, seus cacos e, principalmente, a capacidade que ele tem de rir de si próprio. Ele é uma pessoa muito generosa, sempre de bom humor e muito carinhoso.
GW: Você emprestou alguma característica sua para a Jane, personagem sua no filme?
CM: Ela é uma pessoa educada, afetuosa e zelosa e são essas as características com as quais me identifico. Quando criei a personagem para o Até que a Sorte Nos Separe 2, estabeleci que a diretriz da personagem seria: amar o Tino acima de todas as coisas. E assim tem sido.
GW: Os dois filmes em que você está em cartaz são comédias. Como descobriu sua veia cômica?
CM: De uma maneira natural. Fui recebendo alguns convites, fui aceitando e, hoje, somo alguns trabalhos nessa área. A comédia é um exercício constante que exige agilidade, ritmo e perspicácia. Qualquer gênero é sempre um grande exercício para aumentar sua capacidade técnica e sua experiência profissional.
GW: Como atriz, o que exige mais: televisão ou cinema?
CM: Em televisão, é muito difícil ter a personagem inteira logo no começo, ela nunca chega pronta. Você recebe a sinopse e vai conhecendo a personagem à medida que os capítulos vão chegando, porque os caminhos e as histórias são construídas também ao longo dos capítulos. No cinema, você já trabalha seu personagem mais delineado, pensado, e a possibilidade de ousar é mais concreta e imediata. Já na televisão a ousadia em um personagem vai aparecendo aos poucos, com a aceitação do público.
GW: Planos para voltar à televisão em 2016?
CM: Sim, recebi um convite para fazer a pró-xima novela da Maria Adelaide Amaral e do Vincent Villari, com direção de Denise Saraceni. O projeto deve ter início em outubro do ano que vem.