Enfim, Gin
Eternizada pelo drink Dry Martini, a bebida é uma das febres atuais do público e de bartenders.
Por: Shirley Legnani
Criado no século 17, a princípio para combater doenças renais, o gin decepcionou como remédio, mas acabou caindo no gosto como destilado, muito pelo seu alto teor aromático – tornando-se, desde então, item indispensável para qualquer profissional de bar. Com ações de marketing de peso de algumas marcas, a nova geração vem se interessando pelo clássico gin, tanto que o hotel londrino Café Royal inaugurou recentemente o Green Bar Botanicals & Tonics, bar especializado em gin que celebra a história do uso de vegetais na produção da bebida e a mixologia de Londres – os ingleses brigam com os holandeses pela paternidade da criação da bebida. O inventor oficial foi o médico holandês Francisco De La Boe, mas é dos britânicos o mérito de “aperfeiçoar” a fórmula.
O bar G&T, em São Paulo, é um endereço temporário dedicado ao destilado. ”Gin é tipicamente britânico e, como nosso bar exaltava bebidas botânicas, a exemplo do absinto, foi uma evolução natural lançarmos um bar dedicado ao gin”, diz Luis Neves, coordenador de marketing e relações públicas do Café Royal. De sabor equilibrado e de alta flexibilidade para a criação de drinks, o gin é um destilado retificado.
Resulta da redestilação de bagos de zimbro e da aromatização de ervas e plantas 100% naturais, como alcaçuz, raiz lírio, semente de angélica, coentro e pele de limão siciliano. Daí as características peculiares de cada marca e da “mão” do máster blend que a prepara. O Beefeater 24, por exemplo, tem seus componentes misturados em alambiques de cobre e fica em infusão com os botânicos por 24 horas. Após esse período, o líquido é aquecido, transformando-se em vapor, e em seguida, em líquido novamente. Há cinco classificações para o gin. Clássicos: aqueles em que o zimbro é predominante e tem um ligeiro toque cítrico e picante denominado de London Dry Gin. Cítricos: com-posição botânica é dominada pelos citrinos transversais, aromas e notas de sabor como laranja, limão, grapefruit ou tangerina. Especiados: com caráter reforçado de especiarias, como coentro, raiz de angélica (ou erva do espírito santo), raiz de lírio, canela, cardamomo, pimentas dos mais variados tipos e noz-moscada. Herbais: notas marcantes de ervas, como tomilho, hortelã, alecrim, manjericão. E os Florais: a principal característica vem de flores ou frutos como flor de uva verde, jasmim, violeta, olho de dragão e cassis.
Para não cair na armadilha de que o gin mais caro é o melhor, GoWhere Gastronomia reuniu Isadora Jaen, do restaurante Ema, Fábio Magueta, do bar Johnnie Wash, e Vinicius Dias Batista, barman do Praça São Lourenço e anfitrião do encontro, para uma degustação de cinco importantes marcas. Os três profissionais destilaram suas impressões sobre cada marca.
Beefeater e Beefeater 24
Criado em 1876, as versões Beefeater e Beefeater 24 têm sua produção no centro de Londres, sob o olhar atento do mestre ‘distiller’ Desmond Payne. Com 55 medalhas conquistadas nos últimos 10 anos, é a marca de gin mais premiada do mercado. Trazido pela Pernod Ricard, é feito à base de cereais e deixado em infusão com os botânicos. “Aroma muito intenso e marcante. Tem paladar cítrico e é ideal para coquetéis mais amargos, como o Negroni. Já a versão clássica tem toque herbal no final e vai bem para drinks clássicos”, segundo Vinicius Dias Batista.
Beefeater
País de origem: Grã- Bretanha
Teor Alcoólico: 40%
Características: é composto por nove ingredientes – junípero, raiz de angélica, sementes de angélica, sementes de coriandro, alcaçuz, amêndoas amargas, orris, laranjas de Sevilha e casca de limão. O aroma começa suave, mas rapidamente fica quente, seguido por um aroma de citrinos e especiarias.
Beefeater 24
País de origem: Grã- Bretanha
Teor Alcoólico: 45 %
Características: o criador do beefeater era também comerciante de chá,
daí a inspiração para elaborar o Beefeater 24. Produzido com 12 ingredientes botânicos que passam 24 horas imersos no álcool antes de ser destilado e engarrafado, apresenta suco de limão, grapefruit e capim limão. Combinações que deixam a bebida refrescante.
Mare
Da Costa Dorada, Barcelona, o gin Mare, importado para o Brasil pela Mr. Man, é destilado em pequenas quantidades em alambiques e tem produção anual de apenas 200 mil garrafas por ano. É um gin mediterrâneo e 100% artesanal. Suas ervas principais são a azeitona, tomilho, alecrim e manjericão, que são maceradas e destiladas individualmente – 36 horas para cada erva e 12 meses de maceração para os cítricos. “Não conhecia e adorei. Tem aroma muito cítrico e é perfeito para base de coquetéis autorais”, analisa Isadora Jaen.
País de origem: Espanha
Teor Alcoólico: 42,7%
Características: destilado na Costa Dorada em pequenas quantidades num alambique Florentino, é um gin mediterrâneo feito com azeitona, tomilho, alecrim e manjericão. Muito suave e gastronômico.
Príncipe de Los Apostoles
O argentino Príncipe de Los Apostoles tem 40% de teor alcoólico. Destilado com ervas típicas da Argentina, é um bom exemplo do gin do Novo Mundo. Destilado em lotes de 200 litros em cobre alemão, tem erva-mate, pomelo rosa, hortelã e eucalipto. Importado pela Mr. Man. “Perfeito para drinks diferentes, pois é muito licoroso, denso e com paladar e aroma sutil”, decreta Fabio Magueta.
País de origem: Argentina
Teor Alcoólico: 40%
Características: fina destilação de ervas típicas argentinas, como erva-mate, pomelo rosa, hortelã e eucalipto. A maceração das ervas é feita individualmente. Herbal e licoroso, não tem nuances cítricas no aroma e paladar. Excepcional.
Hendricks
Importado e distribuído pela Casa Flora, o escocês Hendricks foi o responsável pela revolução na forma de como servir um gin tônico. Lançado em 1999, surpreendeu ao ser servido num copo largo que, em vez do usual limão, tinha uma rodela de pepino e pétalas de rosa. Tem 41,4 % de álcool. “Aroma leve e inconfundível. Tem final de boca muito refrescante e vai bem tanto em coquetéis clássicos como autorais. A ideia é inovar nas receitas”, diz Vinicius Dias Batista
País de origem: Escócia
Teor Alcoólico: 41,4%
Características: infusões de pétalas de rosa e pepino, o que lhe confere um aroma floral e refrescante inconfundível.