Conheça alguns produtos artesanais que se destacam na gastronomia brasileira
De algumas décadas para cá, produtos artesanais têm enriquecido a gastronomia brasileira com diversas opções dentre vinhos, queijos, embutidos e até azeite de oliva. Preparados de forma artesanal ou buscando uma qualidade excepcional a partir de técnicas mais modernas de produção, empresas tradicionais ou mais jovens estão inovando e conquistando o consumidor final e os chefs de cozinha. Em São Paulo, a Jais, de apenas sete anos, tornou-se especialista em charcutaria artesanal. Instalada na capital paulista, a marca começou como um pequeno negócio familiar e, hoje, menos de uma década depois, está de fábrica nova e conquistou o selo SISP (Serviço de Inspeção Estadual de São Paulo), que permite a comercialização de produtos de origem animal em municípios do Estado. “Sou de uma família de cozinheiros. Meu avô, bisavô, tataravô eram todos padeiros e confeiteiros, por isso o nome Jais”, explica Egon Jais, que toca a empresa ao lado de sua esposa, Karina.
Embora tenha crescido em produção, Jais diz que preserva ao máximo a forma de fazer artesanal. De sua lavra saem principalmente carnes maturadas, como copa, speck e fiocco, além do pastrami, o produto mais pedido pela clientela. O casal também produz conservas, com as receitas de família do Jais, e manteigas temperadas. “Nosso diferencial é a qualidade da matéria-prima. Temos uma linha de produtos em que a gente usa porcos pretos caipiras criados soltos, e procuramos raças de suínos de melhor qualidade, como a duroc”, garante Jais. Até pouco tempo, a empresa tinha uma loja física com venda direta para o cliente, mas agora, com a fábrica nova, os proprietários preferiram manter apenas a loja online e a lista de transmissão semanal no WhatsApp. Os canais de venda estão disponíveis no Instagram da marca (@jaishandmade) e no site jais.com.br.
Vinho e tradição
O mercado de vinhos brasileiros vem crescendo ao longo dos anos, com pequenas e grandes empresas apostando em técnica e matéria-prima de qualidade para a produção de vinhos finos de excelência. A cidade de São Roque, no interior paulista, tem despontado nesse segmento, deixando para trás a imagem que tinha antes, de produzir apenas vinhos de mesa. Dentro dessa história, a vinícola Góes se destaca com 85 anos de tradição e uma mudança no perfil dos produtos que oferece ao longo das últimas décadas. Claudio Góes, presidente da vinícola paulista, diz que chegar aos 85 anos de história é “motivo de grande orgulho” para seu negócio familiar, que já está na quinta geração. Desde os anos 2000, a companhia tem investido em tecnologia e novas variedades de uvas para aprimorar os rótulos. Esta nova fase prioriza vinhos finos de colheita de inverno, com a técnica da dupla poda. “Implantamos a poda invertida nos vinhedos de São Roque e hoje nossos vinhos colecionam prêmios nacionais e internacionais, o que só reforça nossa perseverança e paixão pelo que fazemos”, acrescenta o empresário. A Góes foi a primeira vinícola de São Paulo a ser incluída entre as 16 mais representativas da safra na Avaliação Nacional dos Vinhos. Celebrando o novo momento, a companhia lança dois rótulos. O branco Góes Maestria, primeiro vinho fino elaborado com Chardonnay feito em São Roque, e o tinto Philosophia Reserva de Família, considerado “a celebração mais importante de tudo o que a empresa desenvolveu em termos de vitivinicultura até este momento”. O Philosophia celebra o legado da família com um blend de seis safras emblemáticas de Cabernet Franc dos anos 2016 a 2021. “Esse rótulo representa um marco na produção de vinhos da empresa, descreve a visão de futuro, inovação e ousadia de todos nós”, celebra o enólogo da casa, Fabio Góes. Os vinhos podem ser encontrados diretamente na empresa, em São Roque, ou online, no site vinicolagoes.com.br.
Azeites brasileiros
Até pouco tempo atrás, não se imaginava que o Brasil seria terra de bons azeites. Mas pequenas empresas como a Azeite Rossini, de Santo Antônio do Pinhal, interior de São Paulo, provam que esse cenário mudou para melhor. Instalada na Serra da Mantiqueira, a propriedade de Luiz Augusto Rossini produz um dos azeites brasileiros de maior qualidade atualmente, elaborados a partir de sete variedades: as italianas coratina e grapollo; as espanholas arbequina, ascolano e arbosana; a grega koroneiki; e, por fim, a brasileira Maria da Fé. O resultado é um azeite muito fresco, vivo, aromático e de sabor pronunciado. Tais características se devem a todo o processo envolvido desde o plantio, passando pela colheita, até a extração do óleo de oliva. “Quanto menor for a janela entre a colheita e a moagem, melhor o resultado final. Hoje em dia a média aqui é de apenas 4 horas entre a colheita e a extração do azeite”, explica Rossini.
Sua propriedade tem duas mil árvores, as mais velhas com 14 anos. “O volume da produção varia, mas gira em torno de 10 toneladas anuais”, diz o proprietário. Rossini faz apenas azeites extravirgens, em geral monovarietais, ou seja, elaborados com apenas uma variedade de oliva. A produção ainda é restrita, por isso os clientes começam a reservar o azeite a partir de outubro e novembro, e os pedidos são feitos principalmente por meio das redes sociais (a marca está no Instagram como @azeiterossini). Como explica Rossini, uma boa parte da clientela é da capital paulista, mas chefs e empórios que trabalham com produtos gastronômicos premium costumam reservar o precioso azeite antes mesmo de chegar ao comércio, para garantir estoque.
Queijos premiados
A pequena cidade de Bofete, no interior de São Paulo, possui uma das joias atuais da gastronomia nacional, a queijaria Bela Fazenda, de Carolina Vilhena Bittencout. Ali, a empresária, que se especializou em queijos de extrema qualidade, elabora produtos como o Benzinho, carro-chefe da casa, de massa macia, aroma delicado e casca de mofo branco. “Esse com certeza é o queridinho, mas atualmente os queijos coloridos, como o Amazonito, o Pampi e o Goró também são procurados, pois encantam visualmente”, conta Carolina. “Quando as pessoas colocam na boca, sentem a textura amanteigada que conquista. São queijos que vieram da receita do nosso Sinueiro, inspirado no Cheddar tradicional da Inglaterra”, diz. A maior parte da clientela da Bela Fazenda é da cidade de São Paulo, mas há clientes no Rio de Janeiro e em outras cidades do Brasil. A marca conquistou o Selo Arte, uma licença do Ministério da Agricultura que permite vender os produtos em todo o país. Os queijos estão à venda no site belafazenda.com, onde dá para consultar todos os tipos disponíveis e os preços. “Nossos queijos são superartesanais, nossa produção é pequenininha. A gente quer aumentar devagarinho, mas sem crescer muito. Nosso objetivo é evoluir em relação às nossas técnicas e aos nossos perfis sensoriais para entregar um queijo surpreendente ao consumidor”, explica a queijeira. Como diferencial da marca, Carolina destaca o cuidado especial que tem com as vacas que produzem o leite usado nos produtos. “A gente tem um total respeito por elas e priorizamos muito o bem-estar animal, a alimentação, o cuidado, o carinho, tudo”, garante Carolina.
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POR: Luciana Mastrorosa
FOTOS: Divulgação