A Bela Sintra completa 20 anos com ampliações e novidades no menu
Quem já esteve no restaurante a bela Sintra, de Carlos Bettencourt, sabe o quanto a casa preza por um serviço perfeito e alta gastronomia portuguesa, muito bem executada pela chef Patricia Bettencourt. “Sempre estamos acrescentando receitas que o nosso público pede. Também pesquisamos inovações nas viagens que fazemos”, comenta a chef. Nas criações feitas para os 20 anos, foram acrescentados alguns pratos como a Sopa de Frutos do Mar; Centola Chilena; e o Filé ao molho de cerveja servido com batatas portuguesas. O cardápio da casa tem inspiração portuguesa tradicional e, desde a chegada de Patricia, foram criadas receitas que trazem movimentos atuais, como os pratos vegetarianos, vendidos em três versões: moqueca de legumes; bobó de palmito com cuscuz-marroquino e arroz de açafrão com ervilhas e palmito. Nos clássicos, destacam-se o Bacalhau à Gosto da Mia; a Perna de Cordeiro com Feijão Branco; o Polvo à Lagareiro; Arroz de Pato; e Frutos do Mar na Cataplana. Nas sobremesas, prove o Arroz Doce; a Sericaia do Alentejo; Ovos Moles com Canela; e o Toucinho do Céu.
Atualmente, Carlos Bettencourt divide o comando da casa com seu filho Miguel (que também cuida do Chiado, junto com o gerente e sócio Serra), o gerente Aristides Moreira e Alex Sacramento, mestres em distribuírem simpatia entre seus clientes. A casa tem ambientes com ares modernos e decoração assinada pelos arquitetos Miguel Vigil e Toninho Noronha, que utilizaram elementos lusitanos como o cobre, madeira e pedras nos detalhes. Ganhou uma elegante varanda na parte externa que serve como espera.
História de sucesso
Carlos Bettencourt nasceu em 1959 na pequena Sousel, na região do Alentejo, sul de Portugal, e acompanhou, desde criança, sua família na hospedaria do avô, que lhe ofertou muito conhecimento. Viajou por alguns países da Europa antes de chegar ao Brasil por meio de um convite do pai de uma amiga. “Um belo dia eu me vi, com 24 anos, caminhando para a vida adulta, e sem perspectivas de futuro. O meu pai já tinha arrumado emprego para mim num banco, mas, definitivamente, era uma ideia que não me agradava. E aí procurei meu caminho. Estava indo a Lisboa e encontrei uma amiga na rodoviária, ela me falou que o pai morava no Brasil, em Foz de Iguaçu, então fui para lá trabalhar num hotel”, explica Bettencourt.
Em 1985, na cidade de Foz do Iguaçu, começou a trabalhar neste hotel e, foi em suas férias, visitando o Rio de Janeiro, que conheceu o proprietário do restaurante Antiquarius e logo se transferiu para a cidade carioca, onde permaneceu por alguns anos até chegar em 1990 à São Paulo para abrir uma filial do Antiquarius.
Depois de uma longa experiência, foi convidado por clientes e amigos a abrir o próprio restaurante. Em novembro de 2004, inaugurou o A bela Sintra, que marca sua história na área gastronômica paulistana. “Meu sonho desde adolescente era ter um restaurante. Minha vinda para o Brasil foi o casamento perfeito para eu realizar o sonho. Deste casamento, Portugal e Brasil, nasceu essa casa que, para mim, é como se fosse um filho”, diz emocionado Carlos Bettencourt.
“Tinha muita curiosidade em torno do restaurante, havia um movimento de interrogação, inclusive entre os jornalistas, se eu iria fazer uma cópia do Antiquarius. Quando nós abrimos foi surpreendente, pois fizemos uma casa moderna, contemporânea, e está até hoje, com ligeiras variações no tom das paredes, no tom de tinta, mas o projeto está 99% idêntico ao que nós abrimos há 20 anos”, acrescenta Bettencourt. “Tínhamos muitos clientes ao nosso lado, que já eram fãs do nosso trabalho. E creio que essa tenha sido a virada de chave para o êxito também. Mas não podemos deixar de falar do grupo de investidores que acreditou no nosso trabalho.”
Em 2022, a Casa de Portugal de São Paulo concedeu ao empresário Carlos Bettencourt a honraria de comendador, pela grandeza em promover a cultura lusitana em São Paulo. Aproveita o excelente momento de sua vida, com três filhos, Filipa, Miguel e Maria, e está casado com a chef Patricia Sampaio Bettencourt, que o ajuda em suas casas (A bela Sintra, em São Paulo, e Dois Rios, em Campos do Jordão).
O restaurateur comemora 38 anos de profissão e 20 anos de seu A bela Sintra. “Sou o mesmo Bettencourt que chegou há 38 anos ao Brasil. Me sinto feliz. Do ponto de vista do ramo da gastronomia, nós demos um upgrade na culinária portuguesa, não só pelo expertise que eu trouxe do Antiquarius junto com o Aristides”, reitera Bettencourt.
“A Patrícia (chef) também trouxe a expertise da organização, pois ela é formada em gastronomia, e soube lidar muito com este ambiente 100% masculino, soube trazer as pessoas para o lado dela e mostrou a importância da organização, de algumas técnicas que eles não conheciam, e aos poucos foi organizando a nossa cozinha, e está até hoje aqui.”
Frequentado por celebridades
O restaurante A bela Sintra já recebeu em sua cozinha nomes de chefs vindos diretamente de Portugal para participar de festivais, como Julia Vinagre, Ilda Vinagre, Miguel Castro e Silva, Marcos Gomes e Pedro Nunes. Foi eleito por veículos de comunicação inúmeras vezes como melhor restaurante, melhor brigada, desde sua abertura até os dias atuais. Realizou muitos aniversários de celebridades como Hebe Camargo, Adriane Galisteu, Ronnie Von, Marco Antonio di Biagi e Sabrina Sato. O restaurante também já recebeu a visita de estrelas internacionais como Bono Vox, Sandra Bullock, Mick Jagger, e outros.
“A querida Hebe era nossa madrinha, ela nos ajudou e divulgava o restaurante. Nós batizamos um prato com o nome dela, que existe até hoje, que são as hebinhas (patinhas de caranguejo), que ela adorava, e depois começaram a vir os artistas internacionais porque sempre fomos referência”, explica Carlos.
Sobre novas aberturas, ele é enfático: “não há projetos em vista, há sim uma preocupação de fazer a transição desta casa para uma próxima geração. Preparando para os próximos 20 anos, formando um time forte, bem remunerado, para que possa, à medida que eu for ficando com as baterias mais gastas, assumir a casa”, enfatiza.
Sonho realizado em Campos do Jordão
Carlos Bettencourt e Patrícia Bettencourt são admiradores de Campos do Jordão há várias décadas. Quando começaram a namorar descobriram esta paixão em comum e acabaram por se fortalecer mutuamente na concretização de um sonho, que era ter um restaurante na montanha. Depois de muita procura, encontraram, no bairro de Descansópolis, o local que procuravam, uma residência construída em 1976 e que, neste século, já tinha sido um restaurante de sucesso chamado Le Bistrô.
O Dois Rios deve seu nome a um motivo muito singelo: o terreno e a casa estão ladeados pelo Rio Fojo repleto de Trutas e pelo Sapucaí Guaçu, caudaloso no verão e de águas límpidas e tranquilas no inverno. Seguindo a tradição do restaurante A bela Sintra, em São Paulo, onde a qualidade na cozinha e no atendimento são características sólidas, o Dois Rios propõe oferecer o mesmo nível em Campos do Jordão.
“Sempre imaginei que poderia abrir um restaurante bom em Campos do Jordão, porque é uma cidade que eu aprovo, e viver lá é o meu projeto de vida. Mas não dá para morar em Campos do Jordão se não tiver uma atividade, senão eu vou ficar entediado. Mas o Dois Rios é um projeto de vida. Brinco com meus amigos que aquela casa é minha aposentadoria.”
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POR Aroldo de Oliveira
FOTOS: Daniel Cancini