6 clássicos gastronômicos de São Paulo que continuam imperdíveis
Na edição de estreia da GoWhere, há 30 anos, os leitores de apetite refinado foram apresentados aos “vinte pratos imperdíveis” da cidade. Sim, clássicos gastronômicos obrigatórios nos anos 1990. Mas nada menos que 14 se perderam no tempo, entre os quais lendas saudosas – como o Camarão à Provençal do La Pailotte e o Filet de Bacalhau do Massimo. Em compensação, seis delícias ali mencionadas continuam lendárias – e comestíveis. Aguce o paladar!
1. Peixe Ao Forno, do Rufino’s
O Rufino’s, marca registrada de renomados pratos que realçam o sabor natural dos frutos do mar – sem exageros e com ingredientes fresquíssimos – manteve essa aura desde a edição 1 de GoWhere. Entre receitas de camarão, risotos e massas marítimas, ainda se destaca o Peixe ao Forno: peixe inteiro (pescada‑cambucu de aproximadamente 1 kg) assado com vinho branco, azeite de oliva, batata, cebola, tomate, pimentão e alecrim – um clássico da casa que nasceu no Guarujá nos anos 70 e hoje mantém duas unidades em São Paulo.
Rua Dr. Mário Ferraz, 377 – Itaim Bibi
Avenida Miguel Estéfano, 4795 –Praia da Enseada, Guarujá

FOTO: Mauro Holanda
2. Picanha Fatiada, do Rodeio
Quatro salas abrigam, em 1.250 metros quadrados, uma clientela muito especial ao sabor do tempo. “Ter poder é conseguir mesa no Rodeio”. A frase, do início dos anos 80, é atribuída ao então superministro Delfim Neto, que frequentava o local várias vezes por semana, ao lado de outros figurões. Mais do que um templo de carnes nobres, celebrizou‑se por transferir o espírito de uma churrascaria paulistana, normalmente à beira de estrada, para a elite dos Jardins – e com o cardápio de carnes AAA liderado pela lendária “picanha fatiada”. OK, o sabor é triple A, mas a cenografia do serviço comanda a fama. O big naco da picanha é fatiado finamente à frente do freguês – de início, era finalizado numa grelha igualmente à mesa. Depois de – raras – queixas de alguns clientes com relação à fumacinha soprada a mesas vizinhas antipicanha, as fatias passaram a ser grelhadas no fundo do salão. Mas hoje, 30 anos depois de GoWhere São Paulo número 1, continuam sendo “a picanha fatiada do Rodeio”. Sem rodeios, a um custo à altura da fama: para duas pessoas, sai por R$525,00.
Rua Haddock Lobo, 1498 e Shopping Iguatemi

FOTO: Daniel Cancini
3. Feijoada, do Bolinha
A mais famosa versão do mais famoso prato da cozinha brasileira ainda resiste, cativa e atrai uma clientela fidelíssima à casa da Avenida Cidade Jardim. Comprado em 1946 pelo ex‑motorista de táxi Affonso Paulillo, apelidado de “Bolinha”, um inicialmente pequeno bar passou a oferecer pizzas e pratos à la carte – até que, em 1952, Bolinha promoveu uma feijoada para comemorar o título do seu time de várzea, reunindo amigos em uma celebração no bar. O êxito do prato foi tão grande que passou a ser incluído no cardápio, às quartas e sábados. A pedido dos já então fidelíssimos fregueses, em 1976 a feijoada foi incorporada ao cardápio diário da casa, segue sendo preparada em fogão a lenha, como em sua origem, e é a pedida de 80% dos clientes. A “Bolinha” inclui até dez tipos de carnes e guarnições como arroz, couve, mandioca frita, banana à milanesa, torresmo, bisteca suína grelhada, farofa, molho de feijão apimentado e laranja. Um clássico entre os clássicos. Mas, à altura de sua fama, a preços bem gordos. Aos sábados, feriado feijoadístico de fila à porta, custa R$ 233,00 por pessoa.
Avenida Cidade Jardim, 53 – Itaim Bibi

FOTO: Mauro Holanda
4. Polpettone Alla Parmigiana, do Jardim de Napoli
Talvez a mais badalada cantina de uma cidade cuja gastronomia ítalo‑paulistana é destacada em incontáveis mesas, a Jardim de Napoli, fundada em 1949 pelo napolitano Francesco Buonerba, tem como ícone e chamariz, desde 1970, uma almôndega gigante, redonda e achatada no formato de bife, à base de carne moída, recheada com mussarela, empanada, frita em óleo e servida com molho de tomate e queijo ralado tipo parmesão. Hoje, saem de sua cozinha cerca de 10 mil polpettones por mês – que consomem duas toneladas de filé‑mignon e coxão mole. Parece muito – mas não esqueçamos: o apetite de São Paulo é imenso e desafia o tempo.
Rua Martinico Prado, 463 – Vila Buarque

FOTO: Daniel Cancini
5. Bollito Misto, do Ca’d’oro
Receita típica do norte da Itália, o Bollito Misto é um festival gastronômico composto por carnes diversas, embutidos e legumes cozidos. Além de múltiplos e harmônicos sabores, servidos como manda a tradição em um carrinho que cruza o salão do Ca’d’Oro direto às mesas dos clientes. Quando o carrinho é exposto às mesas pelo maître, um vapor contendo seus aromas desperta o apetite dos que estão ao redor da mesa que será servida. E então, o cliente acompanha o corte cuidadoso de suas carnes e legumes, de acordo com suas preferências, acompanhados de mostarda de cremona, raiz forte e verde. O “Cozido”, como é popularmente chamado pelos fidelíssimos clientes do Ca’d’Oro, é um clássico da gastronomia camponesa italiana que ganhou o requinte da alta gastronomia – como é o caso. Receita simples, mas que exige uma cenografia muito trabalhosa para o devido serviço e a harmonia perfeita. As carnes têm tempos distintos de cocção para que atinjam as texturas perfeitas, com o líquido resultante do cozimento transformado em saboroso consommé. As carnes estrelares? Picanha, tender, galinha caipira, língua bovina, zampone, cotechino, costela e músculo. Legumes? Batata, mandioquinha, batata doce, repolho, cenoura, cebolinha e chuchu. Em 1995, ano da estreia de GoWhere São Paulo, o Bollito já era um clássico. O restaurante Ca’d’Oro foi fundado por imigrantes italianos em 1953, e o bolito misto virou o prato-ícone da casa – um verdadeiro ritual gastronômico paulistano. Mesmo após o fechamento temporário do restaurante, em sua reabertura dentro do novo hotel Ca’d’Oro, na mesma Rua Augusta, o Bollito Misto continua sendo uma lenda viva e mantém sua legião fiel de clientes. Mas atenção: só é servido aos santificados domingos. Como convém.
Rua Augusta, 129 – Consolação

FOTO: Divulgação
6. Rodízio de Carnes, do Barbacoa Grill
O Barbacoa oferece o sistema de rodízio apenas na unidade do Itaim Bibi – que só tinha quatro anos de vida e de sucesso quando citado por GoWhere em 1995. As demais unidades – Shopping D&D, Morumbi, Campinas, Salvador e Brasília – trabalham no modelo à la carte. Isso reforça a atenção especial à qualidade do serviço de rodízio no Itaim – que atrai uma casta de paulistanos amantes do churrasco servido à vontade: alcatra, bife ancho, picanha, fraldinha, costeleta de cordeiro,T-bone e paleta, costela janela assada inteira,assado de tira, costela premium, cupim assado lentamente envolto em filme para reter suculência, galeto desossado, coxa e coração, salmão grelhado. Guarnecendo esse festival, um buffet com saladas, queijos, pães, antepastos, legumes grelhados, frutos do mar, pratos quentes e sobremesas. Serviço de primeira, por um rodízio de maîtres e garçons treinados.
Rua Dr. Renato Paes de Barros, 65 – Itaim Bibi

FOTO: Mauro Holanda
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POR Celso Arnaldo Araújo
FOTO DESTAQUE: Mauro Holanda
FOTOS: Mauro Holanda (Rufino’s, Bolinha, Barbacoa Grill), Daniel Cancini (Rodeio, Jardim de Napoli) e Divulgação Ca’d’Oro

