Veja como as novas tecnologias potencializam os resultados da cirurgia plástica
A cirurgia plástica mudou muito nos últimos tempos graças ao avanço das tecnologias, que se tornaram parte integrante do tratamento estético cirúrgico. “Atualmente, o bisturi, somente, não é mais uma opção. O uso das tecnologias vem sendo cada vez mais incorporado à cirurgia estética para proporcionar vantagens como maior segurança, melhores resultados e diminuição das complicações”, explica a cirurgiã plástica Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. E as tecnologias não são utilizadas apenas dentro do centro cirúrgico: elas passaram a permear toda a jornada do paciente, do pré ao pós-operatório. Quer saber como? Um time de especialistas explica abaixo:
DIAGNÓSTICO
O uso das tecnologias começa já no diagnóstico. Nesse momento, a bioimpedância e o ultrassom são os grandes destaques. “A bioimpedância nos permite analisar o estado nutricional do paciente, avaliar a porcentagem de gordura e massa magra e até a hidratação. Com isso, é possível traçar o pré-operatório e até prever os resultados que podem ser alcançados com a cirurgia”, diz a Dra Beatriz Lassance. “Já com o ultrassom podemos analisar a anatomia do paciente para planejar melhor a cirurgia. É possível, por exemplo, localizar vasos e nervos antes de procedimentos de preenchimento facial, avaliar a condição da musculatura abdominal e eventuais defeitos como diástase e hérnias, avaliar a quantidade de glândula em relação ao tamanho de próteses mamárias e investigar a presença de nódulos ou cistos sob a pele”, afirma a médica.
PRÉ-OPERATÓRIO
O uso de tecnologias no pré-operatório é capaz, por exemplo, de melhorar a qualidade da pele e reduzir a flacidez, o que ajuda a potencializar os resultados do procedimento. “Em cirurgias como o lifting facial, que visa reposicionar a musculatura e o tecido cutâneo, se a pele estiver com baixa qualidade e sem elasticidade por falta de colágeno, o resultado será comprometido”, alerta a Dra Beatriz Lassance. Um excelente procedimento para estimular a produção de colágeno e melhorar a qualidade da pele é o ultrassom microfocado Atria. “Ele tem ação em camadas mais profundas, atuando até mesmo no SMAS (Sistema Músculo Aponeurótico Superficial), que é a camada muscular mais profunda responsável por sustentar a face. Os pontos de coagulação causam uma contração no músculo, com efeito lifting. Podemos utilizar também outras profundidades mais superficiais para a produção do colágeno. Além disso, a tecnologia Atria Pen, uma caneta ultrassônica, promove zonas de coagulação verticais, que se somam à atuação do aplicador em scanner para promover um duplo efeito térmico de estimulação”, explica o dermatologista Abdo Salomão Jr, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Cirurgias corporais também se beneficiam da associação das tecnologias no pré-operatório. “O resultado da lipoaspiração pode ser significativamente aprimorado com tecnologias que melhoram a drenagem linfática e a fibrose do tecido que será aspirado, como a radiofrequência, os ultrassons e os lasers”, diz a Dra. Beatriz Lassance, que ainda destaca o estímulo eletromagnético como uma excelente opção para fortalecer e hipertrofiar a musculatura que será reparada durante a abdominoplastia de pacientes com fraqueza da musculatura abdominal.
INTRA-OPERATÓRIO
Durante a cirurgia plástica propriamente dita, uma das maiores revoluções proporcionadas pelas tecnologias está relacionada à lipoaspiração. “Durante a aspiração da gordura utilizamos uma bomba de infusão de soluções anestésicas e vasoconstritoras e o aparelho de vibrolipoaspiração para tornar o procedimento muito mais rápido e seguro. Além disso, após a lipoaspiração, podemos utilizar tecnologias como laserlipo, Renuvion e Bodytite para provocar retração da pele com maior produção de colágeno, assim evitando a flacidez, que é a grande vilã das cirurgias corporais”, diz a cirurgiã plástica.
Outra cirurgia popular que sofreu evolução considerável graças ao avanço tecnológico foi a rinoplastia. Hoje, é possível realizar a técnica conhecida como rinoplastia ultrassônica, na qual se utiliza um aparelho que emite vibrações ultrassônicas para tratar a parte óssea do nariz de forma menos traumática. “Essa técnica tem como vantagem o fato de ser mais precisa e preservar estruturas importantes do nariz, como cartilagem, mucosa e vasos sanguíneos presentes na região, resultando em menos inchaço, sangramento, hematoma e inflamação no período pós-operatório. Isso faz com que o processo de recuperação do procedimento seja mais rápido e mais tranquilo, permitindo ao paciente retornar às atividades rotineiras mais rapidamente”, explica o cirurgião plástico Paolo Rubez, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS). “Além disso, por ser mais precisa, os resultados da rinoplastia ultrassônica são mais previsíveis, além de ocasionar cicatrizes menos aparentes, já que, nesse procedimento, não há necessidade de incisões na parte externa do nariz.”
PÓS-OPERATÓRIO
Hoje, para tornar o período pós-operatório mais tranquilo, muitos consultórios já dispõem, por exemplo, de câmera hiperbárica, que melhora significativamente o processo de recuperação de cirurgias, principalmente em pacientes de risco ou propensos a complicações como dificuldade de cicatrização e necroses. “A drenagem linfática, muito utilizada na recuperação cirúrgica para mobilização dos líquidos da região tratada, também ganhou grandes aliados, como o laser de baixa potência e as microcorrentes, que ajudam a evitar a formação de fibroses e nódulos”, destaca a Dra. Beatriz Lassance.
Além disso, as tecnologias podem ser empregadas no pós-operatório para potencializar e prolongar os resultados. Na face, por exemplo, tecnologias como a radiofrequência microagulhada Morpheus ajudam a manter os resultados de lifting facial. “O Morpheus 8 é um aparelho de radiofrequência microagulhada, ou seja, o equipamento tem uma ponteira com microagulhas que vão penetrar profundamente na pele. Em seguida, cada agulha emite radiofrequência para aquecer as camadas do tecido cutâneo, estimulando a produção de colágeno e elastina e firmando a pele”, diz a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Já após cirurgias corporais, principalmente com objetivo de perda de peso, o ideal é realizar tratamentos de todas as camadas (muscular, gordura localizada e pele). “Aliás, tratar a camada muscular é um dos avanços mais importantes nos últimos anos, o que pode ser feitos através do uso de tecnologias como o EMSculpt Neo, que é capaz de atuar na queima de gordura e hipertrofia do músculo. Isso porque o equipamento emite, simultaneamente ao estímulo muscular da tecnologia HIFEM (campo eletromagnético focalizado de alta intensidade), a radiofrequência sincronizada, responsável por atuar na diminuição das células de gordura. O resultado dessa união de duas energias reflete na maior queima de gordura e maior crescimento muscular do que qualquer outro procedimento, tudo isso de maneira mais rápida e menos custosa”, explica a médica Cláudia Merlo, especialista em Cosmetologia pelo Instituto BWS.
E não para por aí. As possibilidades do uso das tecnologias durante cirurgias estéticas são inúmeras, o que pode gerar grande confusão até no mais experiente dos pacientes. Mas não se preocupe. O cirurgião plástico, após uma profunda avaliação, poderá recomendar um plano completo de tratamento com as melhores tecnologias para o seu caso, inclusive encaminhando-o para outros médicos caso necessário. “O bom senso do cirurgião plástico sempre será imperativo nessas associações e existe uma necessidade constante de atualização, pois a evolução de todas essas tecnologias é realmente incrível”, finaliza a Dra. Beatriz Lassance.
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FOTO: Adobe Stock