Paulah Gauss: uma artista multimídia
Em uma gostosa e ensolarada manhã de novembro, a equipe da Go Where recebeu a cantora Paulah Gauss no hotel Tivoli Mofarrej, em São Paulo, para um bate-papo descontraído sobre seus 20 anos de carreira. Assim que chegou ao local, já deu para notar, pelo olhar expressivo e que “entregava” o sorriso que estava escondido embaixo da máscara, que sua energia é especial. E isso foi confirmado logo no primeiro minuto de conversa: de coração aberto e com uma fala tranquila, respondeu a cada pergunta sem medo de se revelar e sempre mostrando o lado positivo das coisas.
Apaixonada pelo que faz, Paulah é uma cantora multifacetada e canta com maestria os mais diversos estilos: vai do jazz ao samba, passando por bolero, pop, bossa nova e disco com a mesma naturalidade. Quando sobe no palco, consegue manter a atenção da plateia pelo tempo que for necessário, graças à sua atuação marcante e ao toque pessoal que dá para cada canção.
Logo no primeiro disco, Vou Livre, já mostrou a que veio, com interpretações marcantes, músicas autorais e uma participação especial de Toquinho, na faixa Jeito Simples de Ser. Ao longo da sua jornada, já realizou eventos sociais, corporativos, casamentos, festas e se apresentou em diversos locais, como: Bar Brahma, Ao Vivo Music, Baretto, Bar do Nelson, Passatempo, Tom Jazz e Café Society.
Na rádio e nas lives
Além de cantora, Paulah também é uma excelente comunicadora. Desde 2009 faz parte do time de debatedores do Programa do Paulo Lopes, na Rádio Capital 1040 AM, onde faz comentários sobre temas políticos, sociais e comportamentais. Em 2019, começou a enviar diariamente áudios com mensagens motivacionais para milhares de fãs e seguidores por WhatsApp. O feedback foi tão positivo que ganhou um quadro diário na Super Rádio 1150 AM, chamado Guarde no seu coração o que te faz bem, onde transmitiu, durante 8 meses, essa onda de positividade.
Uma nova fase
Justamente no ano em que tinha tudo engatilhado para celebrar seus 20 anos de carreira, Paulah teve de mudar os planos por conta da quarentena. “Eu tinha uma boa agenda de eventos e, do dia para a noite, todos os meus shows estavam cancelados”, conta. Foi aí que teve a ideia de cantar, todos os dias, uma música diferente em lives nas redes sociais. “Durante 30 dias cantei acompanhada de playbacks instrumentais com figurinos, maquiagem e produção na sala da minha casa. A intenção era levar alegria para as pessoas, mas o retorno que passei a receber me trouxe também uma enorme satisfação em poder continuar trabalhando.”
Com isso, novas possibilidades foram surgindo em sua carreira, como os shows online e a ideia de criar um presente digital. “Passei a produzir vídeos personalizados com homenagens musicais, edição de fotos e gravações de mensagens. Percebi a força deste novo formato ao receber mensagens carinhosas carregadas de emoção.”
Ainda durante a quarentena, lançou o programa Bom Dia Alegria no seu perfil do Instagram, onde compartilha mensagens, reflexões e dicas sobre vida e bem estar, além de fazer entrevistas com pessoas incríveis, como Robson Hamuche, fundador do Resiliência Humana (perfil do Instagram com mais de 9 milhões de seguidores). A sinergia entre eles foi tanta que ele a convidou, após a entrevista, a integrar seu time e comandar lives em seu perfil também.
Corrente do bem
Preocupada com o próximo, Paulah Gauss também tem forte presença na área social com o projeto Missão PG, que atende, principalmente, moradores de rua. “Durante a quarentena, um tempo tão difícil, decidi arregaçar ainda mais as mangas e começar uma arrecadação de alimentos, água, roupas e calçados. Este movimento rapidamente se expandiu, graças à contribuição de muitas pessoas queridas, e hoje estamos atendendo centenas de pessoas carentes, todas as semanas.”
Confira a seguir, os melhores trechos da entrevista que a cantora concedeu para a Go Where:
Como descobriu seu
talento para música?
Aos 13 anos comecei a fazer teatro na escola onde estudava inglês, eles faziam alguns festivais e tinham uma superestrutura para montar cada peça, com camareira, figurinista e tudo mais. E como meu inglês era muito bom, acabava pegando os personagens de destaque. Descobri que gostava do palco e comecei a estudar teatro com a Ligia Cortez, aos 15 anos, e fiquei muito feliz quando ela disse para meus pais que eu tinha nascido para os palcos. E aí fui me profissionalizar no Célia Helena.
Seus pais te apoiaram
desde o começo?
Eles são médicos, mas entenderam minha veia artística e me incentivaram desde o começo. Tanto que foi meu pai que decidiu me colocar nas aulas de canto porque achava que precisaria disso para me tornar uma atriz completa.
Aí descobriu seu dom nato para música…
Pois é! E a minha professora de canto, Nancy Miranda, que já deu aula para astros como Raul Cortez e Claudia Raia, foi essencial nesse processo. Ela acreditou muito em mim quando nem eu mesma me enxergava como cantora. Nessa época, eu tinha 18 anos e me via nos palcos, mas como atriz mesmo.
Você se lembra da sua primeira apresentação como cantora?
Antes de ser profissional, me apresentava no Supremo Musical, na Oscar Freire, na Canja do Supremo, e só cantava I will survive e Can´t take my eyes of you. A plateia vinha abaixo, era muito legal essa sensação. E foi o público de lá que me deu a injeção que eu precisava para decidir que iria, realmente, seguir essa carreira. Mas o meu primeiro show mesmo, profissional, foi no Ópera São Paulo, uma casa na Vila Madalena, e a Gretchen foi minha madrinha e dançou com os bailarinos dela. Desde então nunca mais parei, e sem deixar o meu lado atriz de lado, pois sou uma cantora teatral.
Nos seus shows, você canta
diversos estilos. Esse é o segredo para levantar a plateia?
Costumo dizer que sou uma cantora free style. Vou de Tom Jobim a Tina Turner, passando por Evidências, de Chitãozinho & Xororó. Mas na hora de escolher meu repertório, gosto de escolher músicas que transmitam aquilo que quero dizer no momento, tem que ter essa conexão, a performance acaba sendo muito mais bacana. Isso é algo que aprendi no teatro.
Acredita em energia?
Total! A vida é energia! E também acredito em missão de vida, e a minha é levar alegria para as pessoas, fazê-las se emocionarem.
Nesses 20 anos de carreira, já pensou em desistir?
Eu sempre vibrei na gratidão e na energia positiva. Então, os poucos momentos que pensei em desistir não duraram mais do que cinco minutos. Deus é perfeito e as coisas vêm perfeitamente, e elas não vêm quando a gente fica bloqueando a energia, tentando ir atrás de algo que não faz parte da nossa natureza.
Você chegou a fazer longas temporadas de show no Bar Brahma, um lugar icônico de São Paulo. Como foi essa experiência?
Maravilhosa! Os shows eram abarrotados… Eu cantava as músicas mais inusitadas, mas com um arranjo totalmente diferente, dando minha identidade para a música. Só para você ter uma ideia, cheguei a cantar Ai se eu te pego, do Michel Teló, e Lepo Lepo, do Psirico, com uma pegada de jazz. Um dos garçons de lá chegou a falar que eu era o Cauby Peixoto de saia. E anos depois, em 2017, fiz um tributo ao Cauby lembrando da fala desse garçom. Ele é um dos artistas que mais respeitava a música.
Nunca pensou em fazer musicais?
Não. E sabe por quê? Porque sou um pássaro livre. Marca de cena, para mim, é muito cruel. Eu sou espontânea, gosto de sentir o momento para ter a liberdade de ir criando minha apresentação enquanto ela está acontecendo. É tailor made! O feeling é muito importante em um show.
Você acaba de completar
20 anos de carreira.
O que está preparando para celebrar esse marco?
Para brindar esses 20 anos, estou preparando um álbum de voz e piano com o Sandro Soares, um pianista espetacular que me acompanha há muito tempo. Estamos gravando músicas que já fazem parte dessa nossa parceria e outras inéditas, como Amplidão, do Chico Cézar, e Lanterna dos Afogados, do Paralamas do Sucesso, e Primeiros erros, do Capital Inicial. Esse trabalho vai ser lançado todo no streaming.
Imagino que teve de adaptar as celebrações dos 20 anos por conta da pandemia…
Eu fiz muitos planos, e todos eles vão acontecer, só que um pouco depois do que planejei. Um desses planos é realizar o meu grande sonho de cantar no Auditório do Ibirapuera. Eu amo São Paulo, o Parque do Ibirapuera. Já fico me imaginando cantando Over de Rainbown, com o palco abrindo e aquela paisagem linda de fundo. Esse é o meu maior sonho!
Durante a quarentena, teve “abstinência” de palco?
No começo da quarentena eu fazia lives no Instagram e no Facebook para cantar e levar um pouco de alegria para as pessoas. Mas depois de um mês fazendo isso, vi que estava na hora de me reinventar e criar algo novo. Foi, então, que comecei a criar vídeos musicais personalizados como opção de presentear para datas especiais. Isso foi e tem sido muito bom!
Além de cantora, você
revelou-se uma excelente comunicadora durante a quarentena. De onde surgiu a ideia de fazer entrevistas, ao vivo, nas mídias sociais?
Há doze anos eu participo dos debates do programa do Paulo Lopes, na Rádio Capital, onde falamos de todos os assuntos. No período da quarentena, eu passei a abrir o programa falando “Bom dia alegria”, e ele acabou virando minha marca registrada. Nessa mesma época eu decidi fazer um programa diário no meu Instagram, sempre às oito da manhã, chamado de Bom Dia Alegria com mensagens motivacionais, de vida. Nisso comecei a entrevistar pessoas.
Pretende abrir mais espaço na sua agenda para as entrevistas?
Claro! Além da cantora, tem uma comunicadora dentro de mim. E apesar de já trabalhar em rádio há muito tempo, estou me descobrindo, agora, como entrevistadora. Tenho tido um feedback muito bom do público, dizem que eu consigo tirar o melhor do entrevistado.
Essa sua vertente era
algo que já imaginava ter?
Acho que ser comunicadora já estava no fundo do meu coração, mas a pandemia trouxe isso à tona para mim. A necessidade de passar mensagens boas me fez dar início nesse ciclo de entrevistas. A gente precisa vibrar coisa positiva, enaltecer o bom, a vida. É isso!