Os vários talentos de Luigi Baricelli

Nascido em São Paulo, Luigi Baricelli – que na verdade se chama Luis Fernando Pecorari Baricelli – é um dos astros mais conhecidos do nosso país. Em 28 anos de Rede Globo, ele estrelou obras que foram verdadeiros blockbusters, como o seriado Malhação e as novelas Laços de Família, Sabor da Paixão, A Padroeira, Alma Gêmea, entre tantas outras. Ele também teve êxito como apresentador e comandou durante muitos anos o quadro Caminhão do Faustão, além dos programas Video Show, Escola para Maridos e À Primeira Vista – estes dois últimos, na Fox e na Band, respectivamente.
Há cinco anos, ele mora nos Estados Unidos com a esposa, Andrea, e os filhos, Vittorio e Vicenzo, e vive uma vida de empreendedor, veia que descobriu aos 15 anos ao trabalhar com seu pai. Confira a seguir os melhores trechos da entrevista que Luigi concedeu para Go Where:
Você tinha uma vida deliciosa no Rio de Janeiro. Morava em uma casa incrível, com uma vista linda. Por que resolveu largar tudo e ir morar nos Estados Unidos?
Tanto o Rio de Janeiro quanto São Paulo são cidades fantásticas, são cidades especiais da América Latina. Temos de tudo, boa gastronomia, beleza natural. Mas a oportunidade das crianças poderem estudar fora e conviver com pessoas de outras culturas cria uma formação muito mais completa. Já tem cinco anos que estamos lá.
E pensa em voltar para o Brasil?
Você sabe que o mundo, para mim, não é parado… Não tem mais essa de geografia, com a tecnologia eu estou lá e aqui ao mesmo tempo.
Vamos falar do seu business lá nos Estados Unidos. Você está envolvido no ramo imobiliário, certo? Tem um projeto que é o Doppio [Doppio Home at Hotel, condomínio de temporada com padronização e serviço de hotelaria], um resort de luxo triple A, que fica em Kissmee, ao lado de Orlando. Então, em vez de a pessoa ficar em um hotel de cinco estrelas com a família, ela vai para lá e fica em uma casa, mas com toda a experiência de um hotel. Eu sou um dos sócios desse projeto fantástico.
Agora, vamos voltar um pouco na sua história. Eu pesquisei sobre a sua vida e vi que teve uma época que seu pai vendia panetone, chocolate, tinha aquela batalha diária… Como é que foi essa fase?
Isso foi uma oportunidade incrível, é o famoso “pensar fora da caixa”, a gente vendia produtos nas empresas e o desconto era na folha de pagamento. Ninguém fazia isso na época. A gente levava os produtos nas empresas, chegava de caminhão, e tinha essa garantia de receber o pagamento. Eu tinha 15 anos nessa época. E aí começamos a vender muito, tínhamos equipe, tinha que ver todo o processo de logística, de entrega dos produtos. Foi fantástico.
E aí você migrou para a venda de roupas?
Eu trabalhei muito como modelo, fazia muitos comerciais, desfiles e comecei a ganhar muito dinheiro com isso. Mas aí veio o Plano Collor e congelou tudo, fiquei sem grana. As empresas também não tinham dinheiro para fazer comerciais… Aí, o que decidi fazer? Eu tinha um tio que vendia roupa e decidi fazer um teste, peguei algumas camisetas e vendi tudo. Eu ia vender nas produtoras que me chamavam para fazer filmes… Em três meses, eu já tinha três vendedoras.
Quem foi que descobriu seu talento artístico?
Foi o Geraldo Vietri [cineasta]. Quando eu vendia roupas, eu encontrei um produtor da Chroma Filmes, e ele me falou de um produto, Os Domênicos [série transmitida pela Rede Record, da qual Vietri era diretor], e me perguntou se eu queria trabalhar na televisão. E aí eu aceitei, fui pra Manchete e depois fui para Globo, onde fiquei 28 anos.
Malhação foi seu grande boom como ator?
Não, foi na novela Deus nos Acuda, não podia sair na rua, uma loucura. Depois veio Malhação, e também bombou, teve um vínculo emocional muito grande com os adolescentes da época, que até hoje lembram. Depois veio Laços de Família, que está reprisando agora, e foi outro grande boom. Mas nesse período teve outra coisa também muito importante e que me deu a oportunidade de viajar pelo Brasil: o Caminhão do Faustão.
Fale sobre a Escola para Maridos, uma experiência com a Fox, que você gravou na Colômbia.
Surgiu essa oportunidade e foi um sucesso total, a gente foi para a América Latina. A gente mostrava que o casal podia melhorar, tinha várias dinâmicas onde a gente falava de ciúmes, comportamento. Foram 13 episódios, gravamos em Bogotá e morei lá por três meses.
Teve também o À Primeira Vista, que passou na Warner e na Band. Qual a avaliação que você faz desse projeto?
O programa era como um Tinder… Mas a gente traçava perfis e a equipe fazia o match e colocava os casais para conversar. O formato e a ideia eram interessantes, mas ele precisava de mais tempo e divulgação para poder maturar.
Como você vê a Globo, hoje, demitindo os grandes astros que ajudaram a construir a emissora?
Como empresa, a Globo começou a ver que esse modelo já não funcionava por causa das mudanças de hábitos, a Globo tinha 80% do mercado. Era muito confortável. Mas chegou a Netflix e balançou o mercado. A Globo estava com um Titanic indo em direção a um iceberg e conseguiu desviar. O novo modelo de mercado, até nos Estados Unidos, é de contratação por obra.
Você conviveu com diversos artistas geniais da nossa dramaturgia. Teve algum deles que você ficava olhando e admirando?
O Emiliano Queiroz, além de atuar, ele tinha a genialidade de querer fazer a cena acontecer. Ele não era individualista, ele queria trazer o talento para o outro. Não tinha esse lance de eu faço o meu e você faz o seu. Ele me trazia para o processo.
Para finalizar, quais as expectativas que você vê para 2021 com a chegada da vacina?
São várias as oportunidades! O lockdown existe, mas não pode ter lockdown no nosso pensamento, ele tem de estar em processo de criação. Acho que esse será um dos momentos prósperos em termos de crescimento. Temos de pensar na maior oportunidade que existe para viver nesse momento, temos de alavancar isso daí, trazer quem está embaixo para cima. Não podemos ficar parados no lugar, temos de destravar para ver as oportunidades.
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