Estamos vivendo uma transformação profunda, onde a inteligência artificial (IA) deixou de ser apenas uma promessa futurista para se tornar parte integrante do nosso cotidiano, modificando a forma como nos comunicamos, trabalhamos e até percebemos o mundo.
Ferramentas que produzem textos, imagens e vídeos em segundos ampliam nossas possibilidades criativas e otimizam processos, mas também colocam desafios éticos e sociais complexos. Nesse cenário, a comunicação estratégica positiva ganha papel fundamental, pois exige que estas novas tecnologias sejam usadas para fortalecer relações humanas, criar narrativas verdadeiras e estabelecer vínculos autênticos, preservando a confiança construída.
Não basta apenas dominar as ferramentas da IA; é preciso promover um letramento real, que englobe a compreensão crítica sobre os algoritmos, suas limitações e riscos. Entre as principais ameaças estão a propagação de notícias falsas, o viés embutido nos dados e a manipulação da informação, que podem comprometer desde a reputação de marcas até a coesão social. A cada avanço tecnológico, torna-se urgente que tanto profissionais quanto o público em geral desenvolvam consciência ética e responsabilidade ao interagir com essas tecnologias.
Catharina Doria, especialista brasileira em letramento de IA que tem se destacado ao traduzir o “caos da inteligência artificial” para o público, ressalta que “as pessoas precisam entender não só como usar a IA, mas também reconhecer seus riscos e limitações para evitar que ela se torne uma fonte de desinformação e exclusão digital. O letramento é o que concede autonomia para navegação segura e ética no universo digital”. Essa reflexão reforça a necessidade de políticas claras de governança que coloquem a transparência, a equidade e a responsabilidade no centro do desenvolvimento tecnológico.
Diante dessa realidade, organizações e profissionais de comunicação devem liderar pelo exemplo, adotando práticas responsáveis pelo uso da IA. Isso inclui revisar continuamente os conteúdos gerados, informar sobre o uso dessas tecnologias aos públicos e estabelecer canais abertos para diálogo e esclarecimento. Governança em IA não é uma barreira que limita a inovação, mas sim um escudo que protege a credibilidade, a privacidade e os direitos humanos numa era em que informações podem viralizar em segundos.
Ao refletir sobre este ano que se encerra, marcado por debates sobre diálogo intergeracional, cura pela palavra e o poder da comunicação, observo que o futuro exige de nós não apenas expertise técnica, mas também empatia e ética. Essas são qualidades insubstituíveis por qualquer algoritmo. Para o cidadão comum, o convite é que se abra para as novidades, mas com olhos atentos e senso crítico aguçado, compreendendo que o uso consciente da IA é caminho para transformar uma ferramenta poderosa aliada da construção de um mundo mais justo e conectado.
Este equilíbrio entre inovação e governança será chave para o sucesso da comunicação estratégica positiva na próxima década. Nunca foi tão importante dialogar, construir confiança e, simultaneamente, exigir que a tecnologia seja um instrumento de progresso real, respeitando a diversidade e fortalecendo a voz humana em todas as suas formas.
_________
FOTO: Adobe Stock
*Esse texto, em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões a partir da interpretação de fatos e dados coletados, é de responsabilidade integral do mesmo. O artigo não reflete, necessariamente, a opinião da GoWhere.


