O lado B de Vanessa Giácomo

Atriz consagrada e dona de um talento indiscutível, Vanessa Giácomo dá um show quando o assunto é empreendedorismo. Ela lançou este ano uma grife de pijamas e é a nova embaixadora de uma marca de eletrodomésticos de luxo. Nesta entrevista exclusiva, a atriz fala sobre esse seu lado de business woman e, claro, sobre os impactos da pandemia em sua vida profissional e familiar. Confira:
Você está de volta às telinhas na reprise da novela Pega Pega, na TV aberta, e também na primeira temporada de Filhas de Eva, que foi lançada este ano pela Globoplay. Como é assistir ao seu trabalho? Costuma acompanhar as novelas que faz?
A gente vem passando por uma mudança importante na forma como consumimos cultura. O streaming permite que a gente veja séries, filmes e novelas a qualquer instante. Quando gravava novela, antes deste cenário ainda irregular de pandemia, era muito complicado assistir. A rotina de trabalho é intensa! Mas agora a gente consegue rever. É um novo hábito e que ainda não faço com muita frequência, confesso. Visitar esses trabalhos, dos mais antigos aos mais recentes, nunca me causou incômodo. Eu sou muito dedicada ao que faço. Claro, a gente sempre pode e deve melhorar. Mas tenho esse carinho comigo. Sei que aquele desempenho foi o máximo que doei de mim.
Está com saudade das gravações, dos ensaios?
Sim! Eu tenho um lado empreendedor que estou exercitando bastante nos últimos tempos e adoro escrever. Mas atuar é o que me preenche, o que faz de mim uma mulher mais realizada profissionalmente. Estou com saudades de todo o processo, da preparação, do estudo, do set…

Fotos Sérgio Baia
Você lançou este ano a grife Amai, especializada em pijamas. Sempre teve a vontade de empreender ou foi a pandemia que despertou esse seu lado?
Sempre tive! Sou inquieta e curiosa e acho que essa é uma característica da minha personalidade artística. Esse lado empreendedor não é algo novo para mim, não. Mas confesso que a pandemia e a mudança de comportamento que trouxe a nossa vida, em especial a profissional, para dentro de casa me fez olhar para esse cenário e enxergar que havia ali a necessidade de investir em pijamas com qualidade e conforto, pois passamos a usá-los por mais horas no nosso dia a dia. Então eu fechei uma parceria com a minha sócia e colocamos o negócio de pé.
““Eu tenho um lado empreendedor que estou exercitando bastante nos últimos tempos(…) Mas atuar é o que me preenche,, o que faz de mim uma mulher mais realizada profissionalmente””
Por falar em pandemia, como está encarando essa fase de restrições? O que precisou adaptar na sua rotina e da sua família?
É claro que a pandemia mexeu com a saúde mental das pessoas. Muito medo desta doença ainda tão desconhecida e que levou embora pessoas próximas ou próximas de alguém que conhecemos. Mas eu não posso reclamar: pude ficar em casa, em segurança. Meus filhos seguiram estudando e nos adaptamos à nova realidade. É injusto eu reclamar diante dos privilégios que tenho. O estudo a distância foi um desafio. Embora tivéssemos todos os recursos, eles ainda são novos, e manter a concentração diante de uma tela de computador por tantas horas é complicado. As escolas também tiveram que aprender a funcionar nesta nova realidade em tempo recorde, para o prejuízo não ficar ainda maior.
“Eu cresci com uma relação saudável com a alimentação e com o processo de cozinhar. E trago isso para o meu dia a dia. Amo inventar, aproveitar sobras como cascas e grãos”
Você é a nova embaixadora da Evol, marca de eletrodomésticos de luxo. Costuma se aventurar bastante na cozinha?
Sim! Eu adoro. A cozinha e a culinária podem ser uma boa oportunidade para reunir a família, já que ainda não podemos reunir amigos. Eu cresci com uma relação saudável com a alimentação e com o processo de cozinhar. E trago isso para o meu dia a dia. Amo inventar, aproveitar sobras como cascas e grãos. Sempre fico de olho se tem uma fruta amadurecendo para fazer um doce, um bolo.
Você tem um espaço gourmet na varanda da sua casa e outra no seu sítio, certo? Quando idealizou esses ambientes, teve algum pedido específico, que não poderia faltar?
Eu queria um espaço aconchegante. Queria que a pessoa que está cozinhando ficasse integrada ao ambiente. E que houvesse espaço para interagir, ou seja, na minha cozinha os pitacos são bem-vindos. Não me importo que meus filhos e marido experimentem da comida enquanto estou cozinhando.
“(…) quando a gente pode escolher uma ocasião para cozinhar, escolher uma receita especial(…), é uma delícia.”
A gastronomia é uma válvula de escape para você? Ajuda a relaxar e esquecer um pouco a loucura que estamos vivendo?
Ah, tem, sim, o seu valor terapêutico. Sei que a rotina por vezes é pesada. Muita gente tem que cozinhar diariamente para alimentar suas famílias, especialmente quando há crianças na casa e que não conseguem se alimentar sozinhas. Mas, quando a gente pode escolher uma ocasião para cozinhar, escolher uma receita especial e fazer algo para quem a gente gosta, é uma delícia.
E, para finalizar, qual a primeira coisa que pretende fazer quando o mundo voltar ao normal? Aliás, acha que voltaremos ao normal ou vamos ter de aprender a viver a vida, mesmo depois de todos vacinados, de um novo jeito?
Acho que me reunir com amigos. Manter a esperança de dias melhores nos mantém vivos. Embora seja uma pessoa otimista, acho que vamos ter de entender que alguns cuidados não serão descartados tão cedo, como o uso de máscara, higienização das mãos, uso de álcool… Temos que entender que esse cuidado envolve a gente e todos os outros. Quando a gente negligencia esse tipo de cuidado, todo mundo paga a conta, que é cara e custa a vida de muitas pessoas.
Por Cibele Carbone Fotos Sérgio Baia