Marcelo de Carvalho e Chris Pitanguy brilham com programa na internet
Apresentador de TV, empresário, sócio e vice-presidente da Rede TV, Marcelo de Carvalho tem quatro filhos, todos apaixonados por gastronomia. “Foram criados no Gero”, diverte-se Marcelo. Chris Pitanguy é jornalista, especialista em marketing e influenciadora digital. Juntos há dois anos, formam o casal que está conquistando o público da internet com o Mangia Bene e se divertem na cozinha, criando receitas e abocanhando a audiência.
Aqui, especial para Go Where Lifestyle, eles posam para nossa capa e nos concedem essa entrevista a seguir:
Marcelo, é verdade que quando lhe perguntam sobre sua profissão, seja em hotel ou alguma viagem, você sempre escreve Vendedor?
Marcelo: Verdade, sempre fui vendedor na minha vida. Nunca coloco empresário ou empreendedor, porque é essa a profissão que sempre abracei. Sou formado em engenharia química e quando estava no meio da faculdade, o meu pai tinha uma fábrica de vinagre, que foi pro vinagre! Precisei me virar, meu pai me apresentou umas marcas, umas indústrias, e fui ao mercado vender.
Como foi esse start?
Marcelo: O Brasil estava abrindo para as exportações, o país estava em transformação constante, os mercados em ebulição e eu aproveitei aquele momento, no início da década de 80. Todo mundo ia vender nos Estados Unidos e eu comecei na América Central e Caribe. Vendia pratos, copos de vidro, aparelhos de jantar, de tudo. Já vendi papel higiênico, panelas e até calcinha e sutiã, o que era bem mais divertido. Viajava e efetivava todas as vendas in loco.
Como entrou no mercado da comunicação?
Marcelo: Após esse período, comecei a vender projetos de televisão, especificamente de merchandising. A Rede Globo tinha começado uma aventura maravilhosa, trazida pelo meu chefe na época, o Jorge Adib, um gênio que faleceu há algum tempo atrás. E ele convenceu o Dr. Roberto (Marinho), que o merchandising era a mídia do futuro, daí alguém me apresentou pra ele e comecei a vender esses projetos. Na época era uma empresa à parte, cujos sócios eram o Dr. Roberto Marinho e o Jorge Adib. Peguei uma época maravilhosa na Globo, a emissora estava no auge, em 1983. Só pessoas geniais, grandes diretores e eu sempre no comercial. Sempre vendendo. Hoje passados 30, 40 anos continuo vendendo, mas eu sigo nessa missão, principalmente quando ela é impossível.
Qual sua ligação com Walt Disney? Você sempre o admirou muito.
Marcelo: Pra mim um dos maiores gênios da humanidade. Ele tem uma história formidável. Era sócio com o irmão, Roy Disney. O Roy era o financeiro e falou pro Walt: “Acabou o dinheiro. Não temos como pagar impostos, nem funcionários e mão de obra, agora irreversivelmente acabou”. Daí o Walt persistiu para o Roy chamar os banqueiros para uma reunião. Após um pouco de resistência do Roy, afinal o Walt não entendia de financeiro, ele fez a reunião com os banqueiros. Mandou os artistas fazerem um desenho bico de pena de como seria a Disneylândia pronta. E esse desenho está até hoje na Disney, tem um memorial que fica na entrada e essa peça ainda está lá. Ele pegou os banqueiros e, com aquele desenho, fez como se fosse uma visita virtual (no papel) com os banqueiros e conseguiu fazer com que os bancos renovassem os empréstimos. Hoje a Disney é um dos grandes grupos de comunicação do planeta.
Quando vocês adquiriram a Rede TV (Marcelo de Carvalho e Amilcare Dallevo Jr), o que vocês herdaram da extinta TV Manchete?
Marcelo: Não ficamos com nenhuma lâmpada, zero. A TV Manchete ficou com todos os seus ativos, prédios, estúdios, tinham uma central de produção imensa no Rio de Janeiro, onde fizeram várias produções, câmeras, equipamentos, ilhas de som. Apesar de não termos ficado com nada, levamos duas mil ações trabalhistas, as quais demoramos quase 15 anos para ganhar, pois não éramos sucessores da Manchete. Temos um prédio maravilhoso, 500 repetidoras, tudo digitalizado, compramos tudo. Na época, tínhamos apenas uma câmera. Aliás, eu brinco que o champagne da inauguração foi o mais atravessado da minha vida, pois no dia seguinte passamos a alugar tudo Brasil afora, estúdios, câmeras e o investimento foi de bilhões de reais.
Faria tudo de novo?
Marcelo: Tem uma entrevista do Walt Disney que perguntam pra ele se ele faria tudo de novo. Ele responde que esperava nunca ter de fazer de novo. Não sei se eu não faria, mas espero não fazer.
Você foi defensor das ideias do Governo Bolsonaro. O que mudou depois que o Lula ganhou?
Marcelo: Ótimo desmistificar essa questão. Como empresário eu passei por vários governos. Nossa empresa foi bem tratada no governo Lula e Dilma. Convivemos com todos os governos. Na pessoa física eu sou mais conservador. Acredito em uma economia mais liberal, sem intervencionismo do estado. Mas é uma imbecilidade um empresário torcer para o governo Lula dar errado. Eu não sou negacionista, tomei todas as vacinas, sou super a favor. Eu posso ser um cara mais liberal, mas como empresário eu admiro as ações corretas executadas por um governo, seja ele de direita ou esquerda. E torço para o governo ir bem. Nós vivemos sob um regime presidencialista democrático, tem de torcer para isso tudo crescer. Atualmente, o Brasil alcançou um dos níveis mais baixos de desemprego, que maravilha, quanto mais pessoas tiverem renda, mais vão consumir e as indústrias vão produzir mais.
A Rede TV vai crescer este ano?
Marcelo: Vamos fechar com um crescimento da ordem de 5 a 6%, o que já é extraordinário.
Chris Pitanguy, você atua no Mangia Bene, o programa de dicas gastronômicas que vocês têm na internet e é, além de jornalista, especialista em marketing e influenciadora digital. Chris, nos conte um pouco sobre você?
Chris: Comecei no universo da moda, com uma empresa que fazia PR (assessoria de imprensa) para várias e grandes marcas importantes no Brasil. Depois prestei consultoria do mercado de luxo para uma marca de shopping center muito grande no Brasil, e lancei o Shopping Leblon, no qual eu fazia toda a parte de marketing. Ganhamos vários prêmios, fiquei 18 anos trabalhando nesse case. Quando o Shopping Leblon abriu foi um choque! Imagine colocar um prédio de pedra no meio do Leblon. Foi difícil levar as marcas. Fizemos todo o planejamento e fiquei 18 anos lá e me tornei influenciadora.
Como é seu trabalho nas mídias digitais?
Chris: Comecei lá atrás, não tinha ainda blogueiro, era uma coisa nova. Estava trabalhando no Shopping Leblon e tinha informação de mercado. O setor de luxo estava em ascensão, hotéis novos. Foi uma época que eu tinha muita informação e fiz um blog sobre expansão do mercado de luxo. Fiz sucesso, a Vogue começou a puxar minhas matérias e acabei me tornando uma influenciadora. Eu estava sempre nos bastidores com meu trabalho de Relações Públicas e, de repente, estava na linha de frente como influenciadora, testando as marcas. Me mudei para São Paulo com meu ex-marido e quando me separei decidi continuar morando aqui.
Como conheceu o Marcelo de Carvalho?
Chris: Antes de conhecer o Marcelo, a minha mãe falava que olhava o Marcelo na TV e dizia que poderia ser bom pra mim. Ela falava: “um dia você vai namorar o Marcelo”. Nós sempre estivemos nos mesmos lugares, restaurantes, viagens, mas não éramos amigos.
E como foi esse encontro, Marcelo?
Chris: Num belo dia fiquei sabendo que ela estava solteira e uma amiga em comum organizou um jantar. Três ou quatro casais. Eu, modéstia à parte, sempre fui “uma boa dona de casa” e caprichei em tudo. Para minha surpresa, quando sentamos à mesa ela levanta e diz que precisava ir embora, pois tinha compromisso. E foi embora. Mas três meses depois estávamos juntos e felizes.
Marcelo, você foi sempre foi elegante, perfil italiano, bons cortes de terno. Onde você se inspira para ter essa elegância?
Marcelo: Nós fizemos uma matéria para a Go Where recentemente, no meu alfaiate, o Bruno Colella, ele é extraordinário, um talento fantástico. Eu tenho a mania de comprar as mesmas coisas nos mesmos lugares. Gosto da camisa social daqui, a camiseta de lá, e compro da mesma cor e do mesmo modelo sempre. Por exemplo, tem dois perfumes que uso há muitos anos, o Jo Malone e o LE LABO Santal, que é um perfume mais artesanal. Agora, estou apaixonado por um perfumista brasileiro que se chama Helder Machado. Ele é extraordinário. Cada um tem o seu estilo. O meu é italiano. Outro dia eu estava num casamento e um amigo estava com um terno azul-marinho e sapato preto. Eu quase “matei” ele, pois terno azul-marinho tem de vestir com sapato marrom. Então vou sempre para o estilo italiano.
Qual sapato é melhor, inglês ou italiano?
Marcelo: Nada é melhor que o italiano, nunca. O inglês fez uma coisa bacana que é o Jaguar, quando a marca era puramente inglesa. Eu tive um Jaguar em 1974, era o carro mais lindo mundo.
Você consegue diferenciar um tecido de 150 para 180 fios?
Marcelo: Sem dúvida, tem uma brincadeira que diz que o italiano cumprimenta o outro apertando o tecido para sentir a qualidade da roupa.
Quais homens considera elegantes?
Marcelo: O Rogerio Fasano é um dos homens mais chiques que conheci, está sempre impecável.
Em Nova York, quais são os restaurantes preferidos?
Marcelo: Eu e a Chris odiamos restaurantes muito sofisticados. Costumamos brincar que onde tem estrela Michelin não tem nós. Não vamos, porque não é uma cozinha autêntica. Uma das melhores coisas do nosso canal Mangia Bene são as dicas. Vou te dar um exemplo, se você não conhece São Paulo e coloca lá no Google Best restaurants in São Paulo, você não vai cair no restaurante bacana, que está indo gente bonita e a cozinha é ótima. Você quer conhecer um bom lugar vai na dica de quem conhece. Fomos à Verona, onde eu nunca tinha ido. Fomos assistir um show estupendo de Eros Ramazzotti, na arena romana aberta de Verona, com 2000 anos. Mas isso foi a dica certeira de um amigo que tinha ido. Em Nova York, nós postamos no Mangia Bene onde se come o melhor cachorro quente de esquina. Na maioria das vezes é indicação. Nós temos networking de peso. Eu tenho quatro filhos, ela tem dois. Todos os meus filhos gostam de sair, de comer.
Então seus filhos também gostam do circuito da gastronomia?
Marcelo: Tenho um querido amigo que diz que os amigos dos filhos deles foram criados no Clube Pinheiros, já os nossos foram criados no Gero. Então desde pequenos eles gostam muito. Principalmente as meninas, elas pesquisam, se informam, buscam. Claro que há os clássicos como Cipriani, Balthazar, Daniel, são grandes restaurantes que permanecem com excelente qualidade. Mas para encontrar aqueles com gente bonita, onde vai comer aquele prato fantástico, daí você entra no Mangia Bene e vai ficar sabendo de todas as dicas.
Chris, ele sempre fala nas entrevistas que você não frita um ovo, é verdade?
Chris: Olha, quando comecei a namorar o Marcelo eu não comia e não bebia. Aí depois comecei a comer e beber. E quando ele vai para cozinha ele é um pouco ciumento, mas agora estou tentando avançar.
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POR Norberto Busto
FOTOS Daniel Cancini