Descubra quais os ácidos amigos da beleza e como eles agem na sua pele
Se há algo que os dermatologistas não abrem mão de prescrever é o ácido – principalmente quando o assunto é rejuvenescimento facial em casa. O motivo? Simples! Os ácidos amigos da beleza são ‘multitarefas’ e ajudam a suavizar linhas de expressão e rugas, amenizar os poros, melhorar a textura da pele e clarear manchas escuras. “Mas nem todos os ácidos são iguais. Os alfa-hidroxiácidos (AHAs), por exemplo, são clareadores, reparadores e suavizantes. Os beta-hidroxiácidos (BHAs) são melhores para peles oleosas e com tendência acneica e têm propriedades antibacterianas. Também existem os menos conhecidos, caso dos poli-hidroxiácidos (PHAs), com características semelhantes aos alfa-hidroxiácidos, porém, como apresentam moléculas maiores trabalham apenas na camada mais superficial da pele”, explica o dermatologista Daniel Cassiano, da Clínica GRU e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Já os retinoides podem ser usados para rejuvenescimento, manchas e acne. “Existem alguns ácidos que podem ser usados duas vezes ao dia e outros que são apenas para uso semanal. Você precisará ajustar a frequência com que usa qualquer tipo de ácido, dependendo de como sua pele reage. Assim que a sua pele tolerar bem o produto, introduza gradualmente outro com orientação médica. E sempre use um FPS de pelo menos 30 para proteger sua pele, já que alguns ácidos são fotossensíveis e deixam a pele mais suscetível aos danos do sol durante o tratamento”, explica o médico.
Confira as principais características dos ácidos mais usados pelos dermatologistas:
Retinoides
Primeiro, vamos às nomenclaturas: retinol e ácido retinoico são todos derivados da vitamina A, como explica dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia: “O retinol é um derivado do ácido retinoico. Enquanto o ácido retinoico é um metabólito ativo na pele, o retinol, deve ser transformado, pela nossa pele, em ácido retinoico para, então, agir. O efeito do ácido retinoico é mais ‘forte’, mais ‘efetivo’ do que do retinol. Porém, os efeitos colaterais (vermelhidão, afinamento da pele e fragilidade capilar) são menores com o uso do retinol (quando comparado com ácido retinoico). O ácido retinóico sempre deve ser prescrito por um médico dermatologista, enquanto o retinol pode ser comprado em farmácias sem receita médica”, diz a Dra. Paola Pomerantzeff. Segundo a dermatologista Patrícia Mafra, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, surgiram no mercado algumas tecnologias também derivadas da Vitamina A com menor potencial de irritação, como o granactive retinol, que sensibiliza muito pouco a pele. “Temos ainda os produtos de origem vegetal com ação retinol like, que estimulam a renovação celular, mas sensibilizam menos a pele, como o Phyto retinol ou bakuchiol”, diz a Dra. Patrícia. Outra possibilidade é o uso do Lanablue. “Lanablue é um poderoso extrato de alga azul-verde com efeito retinoic-like — agindo na regulação da diferenciação dos queratinócitos para uma melhor renovação. Esse processo de diferenciação reside na sobrevivência e maturação de todas as camadas de células em semanas, e isso promove um turn-over (renovação) e faz com que as células cheguem mais oxigenadas à superfície”, explica a farmacêutica Maria Eugênia Ayres, gestora técnica da Biotec Dermocosméticos.
Alfa-Hidroxiácidos
Os ácidos glicólico, láctico, málico, cítrico e mandélico fazem parte dessa categoria. Os AHAs são, geralmente, de origem natural, feitos de açúcar, leite e frutas e variam em tamanho molecular. “Quanto menor a molécula, maior sua penetração na pele. O ácido glicólico é o menor de todos os AHAs, por isso penetra mais profundamente na pele e oferece os melhores resultados quando se trata de antienvelhecimento, ação esfoliante e ação coadjuvante para conter a pigmentação”, explica o médico Dr. Daniel Cassiano. “Ele também pode ser indicado para melhora do viço de pele e redução de poros”, diz a Dra. Patrícia Mafra. Mas também pode causar irritação, por isso as pessoas com os tipos de pele sensível devem usá-lo com moderação. Esse ácido, quando inserido em sabonetes para o skincare diário também ajuda a diminuir a adesão entre os corneócitos, células superficiais da pele, aumentando assim a absorção de outros ativos, segundo a cosmiatra Ludmila Bonelli, especialista em dermatocosmética e diretora científica da Be Belle, que conta com o Sabonete Poros com Ácido Glicólico a 10% para promover um tratamento de renovação celular intensiva higienizando com ação esfoliante. “Os ácidos láctico e málico são moléculas maiores, por isso são mais suaves e também ajudam a hidratar a pele seca. Enquanto o ácido cítrico tem um efeito antioxidante na pele e ajuda a construir o colágeno também. O ácido mandélico é o menos irritante. Ao contrário de outros AHAs, é atraído pelo óleo, por isso esfolia e dissolve o acúmulo de óleos, bactérias e células da pele nos poros”, diz o Dr. Daniel. “Também é antibacteriano e antimicrobiano, por isso também é bom para quem sofre de rosácea”, acrescenta o médico. “É um ácido seguro e pode ser usado todos os dias, de preferência à noite, mas sempre lembrando de usar um protetor solar com FPS e PPD durante o dia. O ativo previne o envelhecimento e diminui poros abertos, podendo ser usado em qualquer idade”, completa Ludmila.
Beta-hidroxiácido
Existe apenas um BHA e este é o ácido salicílico, que vem da casca do salgueiro. “Como o ácido mandélico, ele amolece e desaloja as impurezas que ficam em nossos poros e pioram erupções de acne”, diz. Mas também é um agente anti-inflamatório comprovado. “Ajuda a reduzir o ciclo de inflamação que causa a vermelhidão e a pigmentação da acne”, diz o médico.
Poli-hidroxiácidos
Conhecidos como gluconolactona, ácido lactobiônico e ácido maltobiônico, esses são os AHAs de segunda geração. “Eles fazem tudo o que um AHA faz, embora de forma mais lenta e suave, porque atuam apenas na superfície da pele”, segundo Dr. Daniel Cassiano. “Eles são ótimos para todos os tipos de pele, especialmente os tipos sensíveis porque são incrivelmente hidratantes e anti-inflamatórios e são indicados também para o fortalecimento da função de barreira da pele”, conta o médico.
O ácido entra em cena
Sabendo de todos esses detalhes, é possível misturar o uso de diferentes ácidos para a pele? Se você quer uma pele sem rugas, é tudo uma questão de poder emparelhar seus ácidos. Mas prossiga com cautela – e orientação. “Quando um AHA é formulado com um PHA, usá-lo diariamente pode ser incrível para a pele acneica. Muitos produtos agora combinam AHAs e BHAs, o que maximiza os benefícios de cada um para problemas como acne, danos causados pelo sol e poros entupidos, e esfolia mais profundamente”, diz o dermatologista Daniel Cassiano.
No Brasil, o procedimento HydraFacial, por exemplo, conta com no mínimo três etapas, sendo a primeira uma limpeza com esfoliação química em que é usada a solução peel GlySal Prep, que combina os ácidos Glicólico e Salicílico para realizar uma esfoliação química, acelerando a renovação celular, reduzindo a espessura do tecido cutâneo, melhorando a uniformidade da pele e amolecendo ainda mais cravos e comedões. “O HydraFacial promove melhora instantânea da qualidade da pele, auxiliando na uniformização do tom e da textura e no aumento da firmeza, viço, maciez e brilho da pele graças a patenteada tecnologia Vortex-Fusion®️ presente nas ponteiras, que possui um design espiral exclusivo capaz de gerar um efeito de vórtice que, combinado a tecnologia de sucção a vácuo do equipamento, consegue expelir e remover facilmente as impurezas da pele enquanto fornece soluções hidratantes”, explica a dermatologista Mônica Aribi, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.
Ah, e nunca é demais lembrar: após o uso de ácidos, deve-se lembrar de reforçar a hidratação e fotoproteção
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