Conheça as 5 galerias de arte mais badaladas do Brasil
Nem mesmo a visibilidade e o alcance das redes sociais, que sem dúvida transformaram a realidade dos artistas, foram capazes de anular o papel das galerias de arte. Originadas no século XIX, ainda hoje elas são responsáveis, sobretudo, pelo cuidado com a carreira dos artistas representados. Cabe também a estes espaços culturais o armazenamento e a exposição de riquíssimos acervos e a aproximação entre as obras e o público. Por meio das parcerias com as galerias e de excepcionais curadorias, os autores conquistam espaço no mercado internacional. Atualmente, o Brasil conta com modernas instalações e instituições mais profissionalizadas para expressão das artes visuais, cada uma com seu próprio sistema de trabalho, a fim de levar seus artistas para outros centros culturais mundo afora. Além disso, inúmeros eventos e feiras do segmento lutam para quebrar barreiras e alcançar apreciadores inibidos pela ideia de que as galerias se destinam somente aos colecionadores de arte. Para aqueles que desejam desvendar a exuberância dessas coleções, selecionamos algumas das galerias mais ilustres do País.
CARBONO: democratização da arte
A única galeria da capital paulista focada exclusivamente em edições de arte contemporânea. Este é um dos diferenciais da Carbono. Inaugurada em março de 2013 como resultado do encontro das sócias Ana Serra e Renata Castro e Silva, ambas ex-publicitárias em busca de um novo desafio em suas carreiras. Desde então, o espaço dedica-se às edições e múltiplos artistas renomados, com o objetivo de oferecer obras especiais a valores mais acessíveis. “A ideia sempre foi criar um ambiente convidativo e amigável para receber um público curioso e que, muitas vezes, se sente inibido em frequentar as grandes galerias. A Carbono não quer ser excludente. Buscamos um local com bastante movimento de pessoas caminhando nas ruas e temos uma vitrine encantadora”, conta Renata. O acervo formado ao longo dos anos contempla esculturas, gravuras, fotografias, objetos e todas as diversas mídias, com a premissa de serem reproduzíveis. “Ao longo dos quase 10 anos, diversos importantes curadores foram convidados a participar do projeto, e mais de 150 artistas já colaboraram com nosso objetivo maior de ampliar o mercado e incentivar a criação de novas coleções de arte contemporânea”, reforça. Seguindo o conceito de democratização da boa arte contemporânea, a Carbono oferece suas edições para o mundo todo em seu site. “Nele disponibilizamos todo o acervo, informações sobre as obras e os artistas e valores. O colecionador pode, inclusive, fazer a compra pela web de forma segura e receber sua obra em casa”. Para as sócias, o reconhecimento conquistado inclui desde o apoio das galerias-mães que representam os artistas e confiam sua colaboração à Carbono, até as importantes proposições dos curadores. “Além disso, é uma honra ver a dedicação dos artistas ao saírem de suas zonas de conforto para pensar em uma edição exclusiva para a Carbono. Sem contar os colecionadores que acreditaram no projeto, adquirindo edições da nossa galeria. E, por fim, a confirmação de nosso maior objetivo ao vermos tantos novos colecionadores introduzindo esse mundo superinteressante em suas vidas, frequentando feiras, exposições e excelentes galeriasque temos no Brasil. Isso tem um valor imenso”. Neste ano, a Carbono já lançou edições de Artur Lescher, Marcia Xavier, Arnaldo Antunes, Nazareth Pacheco e Estela Sokol. “Os visitantes podem esperar por grandes projetos já em desenvolvimento. Para dar alguns spoilers, aguardem os lançamentos da Valeska Soares, Ana Elisa Egreja e Iole de Freitas. São artistas incríveis, com obras muito especiais, exclusivas para a Carbono.”
Rua Joaquim Antunes, 59 – Jardim Paulistano – São Paulo
https://www.carbonogaleria.com.br/
ALMEIDA & DALE: arte deve dialogar com a sociedade
Além da programação sempre gratuita, pensada por um grupo de curadores, visitas guiadas, bate-papos e variados tipos de interações, a Almeida & Dale Galeria de Arte se atualiza constantemente pelas principais tendências do mercado secundário. De olho em artistas que dialogam com a atualidade e propõem debates urgentes com a sociedade, a galeria aposta em iniciativas paralelas às exposições físicas. Entre elas, a Mostra de Filmes 2022 exibida pelo canal da galeria no YouTube, e a curadoria em espaços como a Casa Zalszupin –responsabilidade assumida pela Almeida & Dale no ano passado para as exposições realizadas na residência onde o arquiteto e designer polonês Jorge Zalszupin passou a maior parte da vida, em São Paulo. Fundada em 1998, a galeria movimentou o circuito cultural e comercial, ao inserir o trabalho e o legado de artistas fundamentais para a história da arte brasileira em importantes acervos, coleções e arquivos nacionais e internacionais. Nos últimos anos, com Antônio Almeida e Carlos Dale como diretores, a programação revisitou o trabalho de expoentes da arte nacional, elaboradas por convidados envolvidos na pesquisa do corpo da obra dos artistas. “Geralmente, estas mostras são acompanhadas pelo lançamento de publicações reconhecidas pelo ineditismo e notoriedade dos ensaios acadêmicos e pelo resgate de textos históricos”, observa Antônio. Recentemente a galeria realizou individuais de artistas nacionais fundamentais, contando com empréstimos de colecionadores e instituições renomadas. As exposições apresentaram nomes como Roberto Burle Marx, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho, Mestre Didi, Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi, Agnaldo Manuel dos Santos e Rubem Valentim. A estrutura da galeria permite diferentes montagens a cada nova exposição, com linguagens independentes e próprias, a partir da idealização dos curadores convidados. Bernardo Mosqueira, Denise Mattar, Daniel Rangel, Juliana Ribeiro Bevilacqua, Gabriel Pérez-Barreiro, Galciani Neves, Germano Dushá, Guilherme Wisnik, Iatã Cannabrava, Kiki Mazzucchelli e Luciara Ribeiro são alguns deles. “Invariavelmente, a proposta é criar ambientes que valorizem as obras e os artistas envolvidos, oferecendo ao público a experiência e a imersão fundamentais para uma boa compreensão da obra.” O início deste ano foi marcado pela mostra “Foto Cine Clube Bandeirantes: Itinerários globais, estética e transformação”, com fotografias dos principais integrantes deste importante movimento paulista, selecionadas por Iatã Cannabrava e José Antonio Navarrete. Daí em diante, a galeria celebrou o centenário de Rubem Valentim, com curadoria de Daniel Rangel e, atualmente, está em cartaz com a mostra em comemoração ao centenário de Antonio Bandeira e curadoria de Galciani Neves. Até o final de 2022, a programação ainda contará com exposições de Sidney Amaral e Rodrigo Andrade. “As próximas exposições serão impactantes, bem estruturadas e pensadas para uma ótima experiência do visitante, de olho nas tendências culturais e de mercado, além de debates fundamentais que só a arte pode alcançar numa sociedade”, antecipa Antônio. Entre as principais conquistas, em 2018 o trabalho da galeria foi homenageado pelo Museu Inimá de Paula (MG), em reconhecimento ao incentivo dado à Fundação. Em 2022, a Almeida & Dale foi a melhor colocada da América Latina entre as galerias de arte com maior presença online no ranking divulgado pela Artland (The Online Top 100 – Ranking the Art World), uma das principais plataformas dedicadas à arte contemporânea. “Conquistamos o 23° lugar entre as primeiras 100 galerias do mundo, após um levantamento que incluiu mais de quatro mil instituições. A classificação se deu principalmente por critérios como tráfego do site; engajamento do público e consistência do conteúdo nas redes sociais; e backlinks – links estrategicamente inseridos nos textos”, finaliza.
Rua Caconde, 152 – Jardim Paulista – São Paulo
https://www.almeidaedale.com.br/pt/index.php
FORTES D’ALOIA & GABRIEL: força propulsora no cenário cultural
Fundada em 2001 como Galeria Fortes Vilaça, hoje a Fortes D’Aloia & Gabriel atua no circuito da arte contemporânea, promovendo cerca de 15 exposições por ano. Com unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro, os sócios Márcia Fortes, Alessandra D’Aloia e Alexandre Gabriel lideram a representação de 42 artistas, sendo 30 brasileiros. Ao longo destes 20 anos, a galeria tem investido no relacionamento com seus artistas, encorajando vozes emergentes e cultivando carreiras já estabelecidas. Além disso, promove ações cooperativas com museus e curadores pelo mundo. Motivada pela criação de novos modelos de atuação no circuito, a Fortes D’Aloia & Gabriel tem trabalhado em colaborações com outras galerias e instituições em projetos independentes de exposições e iniciativas online. Em 2008, a chegada ao bairro paulistano da Barra Funda reforçou a missão da galeria de movimentar o cenário cultural. “A inauguração do Galpão há 13 anos, marcou a expansão do circuito artístico da cidade com um conceito inovador que só seria possível em um galpão de 1.500 m2 de vão livre: abrigar a um só tempo galeria expositiva, escritório, viewing room e depósito.” Neste ano, os visitantes já tiveram a oportunidade de ver algumas exposições bem interessantes na Carpintaria (RJ), tais como “FIRE just sparkles in the sky” de Janaína Tschãpe, “Poros e acúmulos” da artista Carla Santana e o projeto especial de Ernesto Neto, “Niobe Xandó”. Já o Galpão em São Paulo acolheu recentemente a exposição dos trabalhos de Anderson Borba e Valeska Soares.
R. James Holland, 71 – Barra Funda – São Paulo
https://fdag.com.br/
ANITA SCHWARTZ: equipamentos culturais para a difusão da arte
No mercado há mais de 30 anos, Anita Schwartz participa ativamente da construção e consolidação da carreira de artistas, apoiando o desenvolvimento profissional e a projeção de suas poéticas internacionalmente. Em 2008, ela inaugurou a galeria de arte que leva o seu nome no bairro da Gávea, na cidade do Rio de Janeiro. A construção foi a primeira do Brasil com edifício planejado, oferecendo aos visitantes uma área de aproximadamente 700m2, distribuídos em três andares. “Sempre sonhei com uma galeria de dimensões generosas, que oferecesse aos visitantes e aos artistas a experiência de um cubo branco amplo, com pé direito alto. Conversando com o arquiteto chegamos ao projeto de um salão principal com 140m2 e pé direito de 6,8m de altura, idealizado para receber grandes mostras, instalações e projetos específicos. No segundo andar, uma sala de exposições está conectada ao terraço, no qual um container foi instalado para receber videoinstalações, comportando até 20 espectadores”, conta Anita. Em média, o programa de exposições realiza de quatro a cinco mostras por ano, entre coletivas e individuais. No início de 2022, a galeria lançou sua primeira convocatória aberta, permitindo inscrições para uma exposição coletiva. “Para minha surpresa, recebemos mais de 500 inscrições, das quais arduamente selecionamos 39 artistas, residentes em diferentes cidades do Brasil. Apresentamos ao público uma exposição plural, com diversidade poética.” Em abril, foram inauguradas duas individuais, dos artistas Andreas Albrectsen e Cristina Salgado. Atualmente, a produção está se preparando para a abertura da próxima exposição – “Sentido Comum” –, cujas obras de artistas partem de imagens fotográficas retiradas de acervos pessoais, arquivos, revistas, jornais, livros e da internet, para a produção de suas pinturas. Camila Soato, Douglas de Souza, Herbert de Paz, Igor Rodrigues, Marcelo Amorim, Maria Antônia, Marjô Mizumoto, Mônica Ventura, O Bastardo, Pedro Varela, PV Dias e Rafael Carneiro participam desse projeto. Para Anita, todos os equipamentos culturais são importantes para a produção e difusão da arte. “Um de nossos diferenciais está no próprio espaço físico, o qual possibilita projetos conceituais e de grandes dimensões. Um exemplo foi a instalação de Nuno Ramos de um Globo da Morte, com uma impressionante apresentação ao vivo, na abertura da sua exposição O Globo da Morte de Tudo. O trabalho de uma galeria é construído diariamente. O reconhecimento vem desse esforço, da credibilidade, do ineditismo, da solidez e da representatividade”, salienta Anita. No momento, a galeria está retomando o ritmo pré-pandemia. “Os visitantes podem esperar por uma experiência estética única, no contato com exposições de excelente qualidade, obras inéditas e diálogos entre artistas emergentes e renomados”.
Rua José Roberto Macedo Soares, 30 – Gávea – Rio de Janeiro
https://www.anitaschwartz.com.br/
DAN Galeria: templo da arte brasileira
Hoje considerada uma das mais nobres galerias do País, a DAN reúne o melhor da arte nacional em três endereços no estado de São Paulo, sendo um deles em Votorantim, no interior. Fundada na capital paulista em 1972, por Gláucia e Peter Cohn, inicialmente a coleção concentrava-se na arte moderna brasileira e nas obras de artistas do movimento modernista de 1920, tais como Di Cavalcanti, Antonio Gomide e Tarsila do Amaral. Ainda nos primeiros anos de funcionamento, foram incorporados nomes como Alfredo Volpi, Cícero Dias, Antonio Bandeira e Yolanda Mohalyi. No entanto, ao longo das últimas décadas, o grupo expandiu-se também para a produção internacional e para a arte contemporânea. Este último departamento foi criado em 1985 por Flávio Cohn, filho do casal fundador. Posteriormente, seu irmão Ulisses Cohn também passou a integrar a equipe como sócio-diretor da galeria. Nos últimos anos, a Dan exibiu obras de Lygia Clark, Lothar Charoux, Luiz Sacilotto, Gonçalo Ivo, Ascânio MMM, Macaparana, Sérgio Fingermann e artistas internacionais como Sol LeWitt, Antoni Tapies, Jesus Soto, Cesar Paternosto, Eduardo Stupía, Adolfo Estrada, Knopp Ferro, Ian Davenport, Max Bill, Joseph Albers, Tony Cragg, Kenneth Martin e Mary Martin. Ainda que o principal propósito da equipe seja destacar artistas e movimentos fundamentais da arte brasileira, a galeria mantém uma relação próxima com artistas internacionais. “Os movimentos artísticos historicamente dialogam entre si. Expor estes entrelaçamentos, realçando a invenção de nossos artistas e os possíveis diálogos com a produção internacional, é o mote de nosso trabalho nas feiras nacionais e internacionais, nas exposições na galeria, no apoio a exposições institucionais e na produção de conteúdo, seja nos mais de 100 catálogos já publicados, seja usando tecnologias digitais”, explica Flavio Cohn, diretor de arte contemporânea da DAN Galeria. Entre os destaques da programação, a mostra individual Petrafagia de Denise Milan com curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro e participação especial do fotógrafo Sérgio Coimbra, estará em cartaz na DAN Contemporânea (Rua Amauri, 73 – São Paulo). Não por acaso, Denise Milan foi selecionada para a 13ª Bienal de Artes do Mercosul que acontecerá em Porto Alegre (RS), no mês de setembro.
Rua Estados Unidos, 1638 – Jardim América – São Paulo
https://www.dangaleria.com.br/
Luciana Caravello: digitalização faz a arte reverberar
Simpatia, acolhimento e profissionalismo são características marcantes para quem visita o espaço Luciana Caravello. Seguindo as tendências do mercado, no sentido de adaptar-se às novas tecnologias, Luciana aposta em um formato inovador para a galeria de arte contemporânea que leva o seu nome. Com longa e reconhecida trajetória no meio das artes visuais, a proprietária apresenta um modelo de negócio focado no virtual, a fim de agilizar as novidades, as vendas e a aproximação com o público espalhado pelo mundo. “Estamos comprometidos com a divulgação da arte e com a formação de novos públicos”, salienta Luciana. Sem distinção de idade, gênero, raça ou tempo de trajetória, a marchande zela pela qualidade dos artistas e das obras de arte em seu acervo. Entre as mudanças, também está a transferência do espaço físico da galeria do Rio de Janeiro – onde funcionou durante nove anos – para São Paulo, em meados de 2020. Instalada em um espaço menor e reduzido time de artistas na nova praça, a galeria amplia suas operações online e a representação de artistas do mercado secundário. Com o site repaginado, de fácil navegação, as obras disponíveis são atualizadas em tempo real, assim como as novidades e notícias do segmento. As exposições também ganham novo formato, sendo realizadas em espaços externos, pensados de acordo com as necessidades de cada mostra. Em 2022, Luciana Caravello prepara duas surpresas para o público: um estande solo com obras inéditas de Ricardo Villa para ArtRio e uma mostra individual, em São Paulo, com a nova e instigante série de Alexandre Mazza. “Os visitantes podem esperar muitas novidades. Estou bem animada para este ano, esperando o País acalmar”, finaliza.
https://lucianacaravello.com.br/
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POR Kika Martins
FOTO DESTAQUE: Divulgação Carbono
FOTOS: Divulgação Carbono (Everton Ballardin), Divulgação Fortes D’Aloia & Gabriel (Eduardo Ortega), Divulgação Anita Schwartz (Rodrigo Lopes), Divulgação DAN Galeria (Sérgio Guerini) e Divulgação Luciana Caravello (Neoarte)