Confira 7 ambientes que se destacam na Casa Cor São Paulo
Por 15 anos, a maior mostra de décor do país, a Casa Cor São Paulo, aconteceu no tradicional Jockey Club. Ano passado, sediou no estacionamento do Allianz Park e, agora, comemorando 35 anos, grandes nomes da arquitetura e do design nacional cumprem com excelência o desafio de traduzir o desejo do morar em três andares, abandonados por décadas, no histórico e icônico Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Novos e promissores nomes da arquitetura e design de interiores, como Nildo José, Murilo Lomas e Edgar Roshel, são vizinhos de ambiente de ícones nacionais e internacionais, entre eles Roberto Migotto, Sig Bergamin, Leo Shehtman, Francisco Cálio, Marina Linhares e Consuelo Jorge. A natureza invadindo os espaços até mais inusitados e o luxo de uma forma cada vez mais despretensiosa e muito presente, ora pelo minimalismo, outrora pela brasilidade. Sob a temática dessa edição denominada Infinito Particular, confira a tradução de 7 ambientes destaques da mostra, com o tema tão atual e reflexivo aos novos tempos.
Luz e Sombra, por Leo Shehtman
Luz e Sombra. Dois termos que muito remetem a uma reflexão voltada ao tema principal da Casa Cor este ano, o Infinito Particular. O ambiente convida o visitante a uma atmosfera dramática e elegante. Em tons pautados pelo branco, preto e cinza, o ambiente é pontuado por um toque lúdico, como destaque, a mesa de xadrez da Mula Preta. Há 34 anos participando da mostra, Léo Shehtman também faz parte do time de convidados da Casa Cor, assinando um espaço de 80 m2, que literalmente “brinca” com o jogo de luz e sombra. “Esse recurso realça ainda mais a beleza natural dos materiais que escolhi e traz leveza aos itens mais claros e escuros”, explica.
Estúdio 11, por Francisco Cálio
Do time de veteranos que retorna à Casa Cor SP, o arquiteto apresenta ambiente de 96 m2, sinônimo de sofisticação pautado na aparência de pedras, transparência de vidros e muita elegância. A integração é outro ponto forte do projeto e muito evidente, mais um ano, por grande parte dos ambientes apresentados na mostra. Inspirado no universo de um casal que adora recepcionar a família e os amigos em clima descontraído, o ambiente tem dentre os pontos altos panos de vidro que delimitam o terraço, fazendo conexão entre o espaço interno e o jardim.
SERtão Portinari, por Nildo José
Um dos principais expoentes da nova arquitetura brasileira, Nildo José apresenta ambiente inspirado na obra “Cangaceiro”, do maior artista plástico brasileiro Candido Portinari. Buscando dar um novo olhar ao sertão, muito relacionado à seca e a terra, o arquiteto motiva a um novo olhar, voltado ao céu, a chuva e a fé para dar vida ao ambiente de 250m2. “Sempre achamos que o sertão é sobre a terra, sobre a seca. Quando, na verdade, é sobre o CÉU, sobre a CHUVA que está por vir e sobre a FÉ. É para o céu que olhamos quando acordamos ali”, completa o profissional. O projeto poetizado por Nildo José traz ambientes integrados e fluidos, tendo como conceito principal a brasilidade. No centro do espaço há uma ilha circular que divide as funções da casa, onde de um lado se encontra um bar e uma lareira, formando um lounge, e, do outro, uma parte da estrutura serve para a sala de banho. O minimalismo presente nesta relação entre o interior e o exterior revela um lado artístico e moderno e outro que não abre mão da funcionalidade e da elegância. O espaço conta com curadoria de mobiliário que permeia entre designers consagrados e novos como, por exemplo, as Poltronas Paraty, assinada por Sério Rodrigues.
Senses Hall Deca, por Roberto Migotto
Com 560 m2, o ambiente amplo tem três setores com níveis diferentes acessados por rampas, em que cada espaço propõe experiências sensoriais para mente e corpo. Uma praça minimalista dá boas-vindas aos visitantes. Na entrada, o lounge impacta pela instalação de cubas que trazem a leveza natural em um jardim suspenso. Um tea room também reforça a proposta de acolhimento e interação. Já o terceiro nível faz um convite poético para o relaxamento com um SPA, sala de banho e de massagem. Como o concreto arquitetônico Sou Shi Ban, da Castelatto, inspirado em uma antiga técnica japonesa que leva o mesmo nome, transmite com perfeição o resultado de uma madeira carbonizada.
Artsy Lounge, por Sig Bergamin
“Esse tema me remete às minhas reflexões quando estou sozinho na biblioteca, lendo um livro ou buscando alguma inspiração. Tudo para mim é inspiração. Meu olhar sempre está em busca de algo novo. É o meu infinito particular essa constante busca”, explica o arquiteto Sig Bergamin. O ambiente com 80m2 tem como ponto alto do ambiente o piso de mármore dolomítico, com tons predominantes de branco e cinza claro, com veios cinza chumbo, chamado Rafaello, da Brasigran. Além do piso, o ambiente ainda conta com diferentes tipos de quartzito, como o Yellow Bamboo, Santorini, Green Bamboo e o granito Kilimanjaro, todos com acabamento levigado, evidenciando a forte presença das pedras naturais no projeto.
Templo de Memórias, por Consuelo Jorge
Em 80m2, o ambiente retrata tudo o que é preciso para os momentos mais íntimos e de reflexão. “De uma forma muito intuitiva, decidi fazer uma homenagem à minha mãe com uma instalação de 42 telegramas que ela recebeu em seu casamento em 1954 e que estavam guardados por 68 anos”, conta a arquiteta. Foi desse livro aberto que Consuelo então começou a capturar outras memórias afetivas, como a colcha feita à mão e uma linha do tempo com os cromos que retratam toda a trajetória de Consuelo Jorge na CASACOR SP, em 15 edições que participou. Projetado para ser um ambiente acolhedor e intimista, o espaço conta com living e uma suíte, e tem a integração como o ponto alto do projeto. Um painel ritmado com chanfros assimétricos que atravessa todo o local faz a ligação entre os ambientes. No living, um sofá Pebble mostarda curvo de 3,60m, de Daniel Coutinho, da Boobam, se destaca no mood mais sóbrio dos tapetes by Kamy Mesas de centro Brava, laterais Asti e Jardim, de Jader Almeida, fecham essa curadoria.
Estúdio 09, por Edgar Roshel e Janaína Casagrande
O “infinito particular” de um jovem paulista cosmopolita foi a inspiração, ponto de partida, dos arquitetos que assinam o espaço em 46 metros quadrados. Unindo as três paixões que são moda, arquitetura e arte, o ambiente traz uma atmosfera dramática e cheia de simbolismos. Destaque para a obra de arte A Chamada, de José Leonilson, que ganha destaque por meio de uma iluminação direta. O Estúdio 09 utilizou painéis da linha persona, editáveis milímetro a milímetro, no acabamento Caravaggio, da Evviva, vestindo as paredes do ambiente dando a sobriedade minimalista.
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POR Daniella Gasparini
FOTO DESTAQUE: Ambiente Nildo José (Divulgação/Denilson Machado)