Anna Carolina Bassi e a criação de uma grife de sucesso no universo da moda

Ela mudou o jogo da vida aos 40 anos: virou empreendedora e influenciadora de sucesso – atualmente, soma mais de 450 mil seguidores no seu perfil no Instagram. Estamos falando de Anna Carolina Bassi, a mulher por trás de uma das marcas mais rentáveis do grupo AZZAs 2154, a Carol Bassi. Nesta entrevista exclusiva para a GoWhere, ela fala sobre a relevância de sua história para suas consumidoras, moda e os planos para o futuro.

Você deu um restart de carreira aos 40 anos. Mudou o foco, refez os planos… Por que aconteceu essa mudança de chave?

Estava em um momento delicado, recém-separada, criando meus dois filhos, trabalhando na empresa dos meus pais [a grife Guaraná Brasil], mas sentindo um vazio. Eu sentia que era o momento certo para mudar… Caio [Campos], hoje meu marido, foi o maior incentivador para eu abrir a minha própria marca. Ele me ajudou desde o início. Abri a Carol Bassi no fundo da Guaraná Brasil, com poucas peças. Aos poucos, tudo foi acontecendo de forma muito natural — o boca a boca, o reconhecimento, até o dia em que meu pai me entregou simbolicamente a ‘chave’, reconhecendo que ali começava meu próprio legado. Isso tudo aconteceu aos 40 anos. E, pra mim, a grande lição é essa: nunca é tarde para mudar a rota. Quando você sente, de verdade, que algo precisa ser transformado, vale a pena escutar seu feeling, o seu coração. Essa mudança profissional me trouxe uma segurança que transbordou para todos os lados da minha vida. Hoje, vejo meus filhos com orgulho da minha trajetória — mesmo que trilhem caminhos diferentes.

Mudar os planos e as rotas da vida, não são decisões fáceis, ainda mais depois de ser mãe e estar, praticamente, com a vida “encaminhada”. Quais lições tiradas desse período e que permeiam suas decisões até hoje?

A gente aprende a ter mais coragem, pois mudar a rota não é fácil e exige pensar, estruturar, amadurecer. Tomei decisões ousadas, muitas vezes errei, acertei, me antecipei, alterei rota, tudo isso faz parte da vida. Nesse processo também entendi sobre o poder da autoconfiança, a gente amadurece e entende o quanto ter confiança é importante para qualquer processo. É como aquela máxima: “se estiver com medo, vai com medo mesmo.” Todo dia eu escolho aprender, estudar, construir, sempre mantendo a minha fé.

FOTO: Divulgação/Iude

Sua trajetória é muito significativa para as mulheres que chegam aos 40 anos… Como é ser um exemplo para essas mulheres?

Acho maravilhoso! Tudo aconteceu de forma muito orgânica e natural – eu jamais imaginava que minha jornada pudesse inspirar tantas mulheres e, ao mesmo tempo, me transformar tanto também. Tem sido uma caminhada de trocas profundas, experiências marcantes e muito aprendizado. Acredito de verdade que quando fazemos algo com propósito, entrega e amor, o resultado vai muito além do sucesso profissional: ele reverbera na vida das pessoas.

Você tem uma marca de sucesso e também é uma influenciadora importante para a moda. Como uma coisa impacta na outra, em termos de negócio e de vida?

São complementares. No meu caso, ser influenciadora foi consequência do meu trabalho. No começo não tinha investimento para estruturar um departamento de marketing e redes sociais. Comecei a promover a marca pelo Snapchat, depois migrei para o Instagram e, assim, nasceu a comunidade da Carol Bassi e da Anna Carolina Bassi. Hoje, 11 anos depois, sabemos da importância e do impacto das redes… Se tornou um espaço de troca, de incentivo, de inspiração. Percebo hoje que inúmeras mulheres se espelham na minha trajetória e estilo de vida. Como influenciadora quero que as mulheres olhem para elas mesmas com mais confiança e cuidado.

Suas clientes e seguidoras admiram seu estilo de vestir e suas escolhas. O quanto isso influencia na hora de criar uma nova coleção para a marca?

Com certeza o olhar das minhas clientes e seguidoras influencia muito. Sempre digo que o provador é o melhor termômetro para nós. Ali existe muita troca valiosa com as clientes, presto muita atenção no que elas gostam e comentam também. Minhas referências podem ser um ponto de partida, mas tenho uma equipe de estilo muito competente, que me ajuda nesse olhar 360.

Como é o processo de criação de uma coleção, como surgem os primeiros esboços?

Tudo começa com uma sensação, um novo feeling… Às vezes pode ser uma cor, uma textura, um tecido específico, uma lembrança, uma imagem. O que fala mais alto para mim é a emoção que quero transmitir com aquela coleção. Sou movida a isso. Gosto de pensar em como as pessoas vão se sentir ao vestir cada peça. Claro que referências de moda e tendências fazem parte do processo, mas é o sentimento, o propósito por trás da coleção, que realmente guia os primeiros traços e esboços. É como contar uma história. E o desenho é o começo dela.

FOTO: Divulgação/Iude

A sua grife já está há três anos sob o guarda-chuva do grupo Azzas 2154, da fusão do Grupo Soma e Grupo Arezzo. O que mudou e o que ficou da CB, nesse tempo?

Com certeza, a estrutura do grupo. A Carol Bassi antes da venda era uma marca de uma loja só, fazíamos tudo sozinhos. O grupo entra como potencializador, propulsor para tudo que criamos. Hoje temos 7 lojas espalhadas pelo Brasil, um e-commerce, um centro de distribuição próprio e teremos novas lojas ainda esse ano.

Quais seus próximos passos? Teremos alguma surpresa vindo por aí?

Sempre costumo dizer que sou 100% inquieta! Estou em constante movimento, sempre buscando algo novo que estimule meu lado criativo. Tenho alguns projetos em andamento, alguns ainda em fase inicial e que, por enquanto, não posso revelar. Mas posso dividir um que me emociona profundamente: estamos finalizando uma coleção que é uma verdadeira homenagem ao inesquecível Conrado Segreto. Mais do que celebrar seu estilo único, essa coleção tem o propósito de resgatar sua contribuição inestimável para a moda brasileira. Conrado foi um visionário, um dos estilistas mais criativos e provocadores da sua geração, que marcou uma era com sua liberdade estética e sua ousadia. Sempre tive o desejo de manter viva essa memória e apresentar seu legado às novas gerações. A coleção será lançada em breve nas lojas e contará com a assinatura da talentosa Julia Segreto, sua sobrinha, que mergulhou conosco neste processo tão especial. Além disso, estou focada em um projeto muito pessoal, algo engrandecedor, que devo lançar no primeiro semestre de 2026.

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POR Mariana Gallo

FOTOS: Divulgação/Bob Wolfenson(destaque)