Alessandra Negrini em dose dupla
Dona de um talento ímpar, a atriz Alessandra Negrini está em excelente fase profissional e celebra o sucesso da série Cidade Invisível, da Netflix, e da inovadora peça A Árvore, que integra a programação online do Teatro FAAP. Nesta entrevista, essa paulistana criada em Santos fala sobre essas experiências e também como tem sido sua vida durante a pandemia
Como foi produzir e atuar em A Árvore, um modelo híbrido de teatro e cinema? Imagino que todo o processo teve de ser adaptado…
Na verdade, o processo já se iniciou nessa configuração. A peça já nasceu filme. Pensamos tudo já sabendo que não seria teatro tradicional. Pensamos em fazer uma junção das linguagens. Acho que ficou interessante por isso. Uma experiência. E também fala da situação do isolamento. É um produto que é o que é. Não é uma adaptação, algo que foi pensado para ser outra coisa. Não. Tudo o que ele pode ser está ali. Tenho muito orgulho do que conseguimos fazer.
O que podemos ver do teatro e do cinema nesse seu primeiro monólogo?
Temos a presença marcante da palavra, o que é um determinante do teatro, temos uma luz que brinca e cria um universo surreal, também um recurso teatral. Mas nos preocupamos em conferir valor à imagem. A parte visual é o que faz não ser teatro filmado.
Por que nunca tinha se aventurado antes em um monólogo?
Não tive vontade. Gosto da presença dos colegas, do jogo em cena, das brincadeiras na coxia.
E por que optaram em fazer esse híbrido de cinema e teatro e não por fazer apresentações ao vivo, via internet?
Porque perderíamos em qualidade visual. Não poderíamos ter feito como fizemos. Foi uma escolha estética. Além do que, a ideia de fazer um monólogo sem plateia não me encanta.
Acha que essas novas formas de arte, como o teatro online e híbrido,vieram para ficar?
Sem dúvida, alguma coisa mudou. Crescemos, alcançamos outros espaços.
Além de A Árvore, você também está brilhando na série Cidade Invisível, da Netflix, onde interpreta a Cuca, um dos personagens mais famosos do nosso folclore. Como vê toda essa repercussão que seu trabalho está tendo? A Netflix te trouxe um público novo?
Tem sido maravilhoso o retorno das pessoas. Além de levarmos a nossa história tão brasileira para mais de 190 países, o que é motivo de orgulho para todo mun- do, não só para os envolvidos na série. Todo mundo quer ver o seu país brilhar, precisamos muito disso. A cultura é o nosso brilho! A forma como podemos revelar a nossa alma.
Mudando um pouco de assunto, como está sendo seu dia a dia nessa longa quarentena? Está encarando tranquilamente a nova vida dentro de casa?
Tudo é muito difícil, mas o aprendizado tem sido grande e valioso. Tem momentos bons também, mas já estamos todos cansados. Precisamos da vacina! Queremos a vacina! Chega, já deu!
Você fez um post no seu perfil do Instagram falando que a melhor coisa que te aconteceu na quarentena foi voltar a meditar. Por quê?
A meditação nos conecta com o nosso ser mais pro- fundo. Com uma sabedoria. É como tomar banho, a meditação limpa a mente. Vai nos levando para o essencial, para a consciência do momento presente. Meditar é descansar na sabedoria que está além de você, é sentir-se acolhido.
O que mais você aprendeu com essa pandemia?
Tanta coisa. Viver o momento, aceitar as frustrações e seguir em frente, cozinhar melhor… (risos)
E, para finalizar, acha que, realmente, as pessoas irão sair na pandemia melhores, mais humanas?
Não sei. Sinceramente? Acho que não. Queria te dizer o contrário, mas seria romantismo da minha parte.