Profissional procurado!
Você se considera um profissional qualificado, trilhando uma carreira sólida e está com alta empregabilidade, pois é requisitado pelo mercado? Então, parabéns!
Mas será que você está mesmo com essa bola toda?
Em tempos de crise econômica, as empresas estão readequando-se a um quadro de austeridade, investimentos conservadores e enxugamento da máquina. Leia-se aí: muita gente foi ou deve ser dispensada e os que ficam precisam trabalhar dobrado para atingir resultados cada vez mais difíceis de conseguir. Especialistas no mercado de coaching para executivos de média e alta gerência estão um tanto aflitos com a crise. Muitos de seus clientes perderam o emprego ou estão desesperados solicitando conselhos para mantê-los. E não escapam nem mesmo executivos e profissionais experientes e qualificados. Então, nada melhor do que saber o que as empresas estão querendo de seus principais líderes e como fazer para se adequar às novas exigências do mercado.
Profissões em alta
Existem profissões em determinadas áreas que, alheias à crise, estão em alta no mercado. São profissionais que reúnem habilidades mais difíceis de serem encontradas. Uma pesquisa da Michael Page, uma das maiores consultorias de recrutamento especializado em média e alta gerência do mundo, apontou que o Brasil ainda sofre com a falta de mão de obra qualificada em diversas carreiras e posições. E citou que o domínio do inglês está fazendo a diferença para profissionais que atuam, por exemplo, como controllers e advogados que, além de certificados, precisam ser fluentes na língua para assinar balanços e relatórios que são mandados para as matrizes das multinacionais no exterior.
E a pesquisa revelou outras carências. “De uma maneira geral, conhecimento técnico só não garante a empregabilidade e sim uma visão 360 graus da empresa, do segmento em que ela
atua e da economia como um todo. Não dá para ficar mais dentro da caixa”, afirma Fábio Cunha, gerente executivo da Michael Page. Gislaine Giovanelli, gerente sênior da KPMG, uma
consultoria internacional também especializada em melhorar o desempenho de executivos, tem uma opinião parecida. “Hoje, não há profissões requisitadas, mas perfis requisitados. Eu diria que
a resiliência, isto é, a capacidade de se adaptar e superar obstáculos, é, sem dúvida, a mais desejada para um profissional de ponta atualmente”, diz.
Fábio concorda e destaca outro ponto importante: é preciso fazer a diferença. “Um profissional precisa trazer novas políticas, deixar um legado, mudar a empresa para um outro patamar”, advoga.
Falando assim parece fácil, mas não é. Hoje, não importa se o profissional está há 20 anos na empresa, mas o que ele trouxe de avanços nesses 20 anos e que o credencia a continuar. Nenhuma
empresa mantém um funcionário acomodado por “anos de casa”. É claro que a crise favorece o profissional mais experiente, mas ele deve ser capaz de acumular funções ou liderar uma equipe
menos experiente.
A consultora da KPMG lembra que levou a muitas demissões e há muita gente boa disponível no mercado. “Isso é ruim para todos. O tempo de recolocação aumentou muito, passando de no
mínimo seis meses a um ano, mesmo para os profissionais altamente qualificados”, adverte Gislaine. Em relação aos salários, segundo os consultores, o cenário atual varia muito em cada empresa. Mas, no geral, não está havendo queda nos patamares. Porém, ao enxugarem os quadros, as empresas estão optando por pagar salários atrativos para quem tem uma performance superior a seu cargo. Por exemplo: a empresa prefere pagar R$ 20 mil para um bom profissional que ganhava R$ 15 mil e cortar o de R$ 25 mil que faria a mesma função.
“Num momento de crise, as estruturas são enxutas. O profissional precisa ter jogo de cintura para se adaptar às mudanças e lidar com os demais membros da equipe que já está enxuta e trabalhando no limite. O profissional que não está preparado para lidar com esse cenário, adaptar-se e assumir novas responsabilidades é simplesmente trocado”, afirma Gislaine.
Ela cita o exemplo de uma empresa sueca que tem escritório aqui no Brasil. Por conta do fuso horário, na sexta à tarde não havia muito o que fazer ali porque a matriz já tinha encerrado as atividades. Só que, na segunda, quando o pessoal chegava Profissões para trabalhar, já havia milhares de e-mails e demandas de trabalho porque o pessoal no exterior começava o expediente antes. A solução foi readequar os horários. Os funcionários no Brasil passaram a entrar bem cedo na segunda e sair no começo da tarde na sexta.“Os executivos e suas equipes precisam
estar dispostos para tudo. Essa flexibilidade é exigida do profissional moderno”, garante ela.
O outro lado da moeda
A crise para quem deseja atualizar-se, da moeda existem inúmeras opções no mercado de cursos e treinamentos, além de empresas e profissionais de coaching que podem compreender as necessidades e indicar caminhos. Funciona. A boa notícia é que a crise também fez cair a ficha de muitas empresas e seus RHs. Ou seja, as companhias entenderam que elas precisam fazer a sua parte para capacitar melhor a sua força de trabalho. “Toda empresa busca melhores resultados. Softwares feitos sob medida, gestão enxuta, planilhas de indicadores de resultados, etc., são todas ferramentas muito bem-vindas e já bem desenvolvidas e aplicadas.
O que temos visto hoje é a crescente percepção de que o que pode gerar resultados surpreendentes vêm do ativo humano de cada empresa”, afirma Denise Cavicchioli, manager da Serafin Internacional Palestras, que trabalha só para empresas interessadas em desenvolver os membros de sua equipe.
Segundo Denise, o profissional deve conscientizar-se a respeito de sua atuação na empresa, quem ele realmente é e quem deseja ser. Depois, deve entender como proceder para atingir os
resultados que ele, indivíduo, deseja tanto para si quanto para a empresa. Em seguida, ele vai em busca do “saber fazer”. “Nossos treinamentos englobam ferramentas de Programação
Neurolinguística, técnicas de coaching e metodologia própria para que as pessoas busquem as mudanças na área do intangível, ou seja, como ser um indivíduo melhor e, assim, atingir os
resultados desejados, vender mais, etc.”, explica Denise.
Em resumo, em momentos de crise como o que estamos vivendo, recomenda-se muita resiliência e sede por atualização e conhecimentos. O investimento em você mesmo é o caminho.
Como costuma dizer Denise: “Pode-se chamar as relações comerciais de B2B, B2C… Porém, a única certeza é que, ao final, todo resultado vem do H2H”.
Sede de conhecimento
Estamos num mundo cada vez mais globalizado. Além da redução das distâncias, as competências precisam ter um nível, digamos, mundial. Para isso, o profissional precisa se reinventar,
atualizar-se constantemente e desenvolver novas competências. “Ele precisa se valorizar”, enfatiza Gislaine. Fábio concorda. Segundo ele, hoje, além do profissional ter boa formação, línguas e
MBA são mandatórios. E as empresas dão valor a experiência, independentemente da idade do profissional, e a sede por novos conhecimentos. “É preciso se manter atualizado, ler bastante, buscar aprender novas tecnologias e agregar conhecimentos sobre toda a cadeia de valor que envolve o seu mercado aqui e no exterior”, recomenda o consultor da Michael Page.
Para os que mudaram de emprego e, principalmente de área, é essencial fazer essa lição de casa. “Atualizar-se é fundamental. Não há informação perdida. Se sabe inglês, procure outras línguas. Se não tiver tempo, faça cursos online, ou seja, dedique-se a conquistar mais informações. Isso é diferencial”, garante Fábio.