Jhosy Bitencourtt comanda o renomado Ladrillo Parrilla
Uma mulher de negócios.
De vendedora de camisas a proprietária de um dos principais restaurantes de carnes de São Paulo, a paraense Jhosy Bitencourtt conta como chegou ao topo do Ladrillo Parrilla.
Aos oito anos, Jhosy Bitencourtt já fazia suas intervenções gastro-nômicas no “restaurante de mentira” que tinha no quintal de sua casa, em Moju, a 125 km de Belém, no Pará. Com os ingredientes que encontrava na cozinha da mãe criava pratos como farofa com mortadela, ovo e feijão e sua própria versão de galinha à cabidela. “Pegava um pouco da comida pronta, misturava com alguma coisa e vendia para as crianças da minha rua, em pratos pequenos. Eu tinha uma caixinha cheia de moedas”, relembra a atual proprietária do restaurante Ladrillo Parrilla, em Moema. Mas, de um extremo ao outro, o caminho de Jhosy pela gastronomia não foi nada óbvio: apesar de ter cursado faculdade na área, guiada pela paixão que tinha por cozinhar, a jovem decidiu usar sua habilidade como negociante para abrir uma empresa de roupas, que manteve por alguns anos. No início dos anos 2000, porém, uma tragédia a faria querer deixar sua terra natal. Um grave acidente de moto tirou a vida de sua prima e deixou Jhosy em coma. “Tive que operar três coágulos na cabeça. Depois disso, decidi morar no Sul e abri uma loja lá”, conta a empresária. Essa foi apenas a primeira de muitas viagens que a paraense faria. Sua desenvoltura e seu tino para as vendas a levariam para países de culturas exóticas como a Tailândia, a Índia, a China e a Eslovênia, onde comprava produtos para revender no Brasil. De cabelos a condimentos, de eletrônicos a vestimentas, tudo se tornava negociável pelas mãos de Jhosy. Enquanto viajava, ela aproveitava para alimentar sua paixão pela gastronomia e estu-dava inglês. “Fiz um curso de massas na Itália e estudei também na Le Cordon Bleu, em Paris, onde fiz uma especialização em pães e cursos de molhos e finalização de pratos”, recorda-se.
De vendedora a dona de restaurante
Quando o Ladrillo abriu as portas em 2007, Jhosy passou a fre-quentar o local, onde vendia as camisas que trazia de Miami. Anos depois, embora nunca tivesse lhe passado pela cabeça ser dona de restaurante, ela aceitou o convite dos então proprietários para entrar como sócia na casa. O conhecimento em gastronomia foi um dos motivos de sua entrada. “Mesmo com o negócio, con-tinuei viajando por cerca de um ano. Mas vi que precisava me enraizar e fazer muitas modificações para que o Ladrillo ficasse do jeito que eu queria.” No início, as mudanças foram pontuais, como o serviço – que passou a ser feito à maneira francesa –, a adaptação de receitas e a introdução de opções como saladas e pratos mais saudáveis, alguns, inclusive, preparados na parrilla (a exemplo de peixes e legumes). Mas, aos poucos, Jhosy fez uma verdadeira revolução no Ladrillo, que se tornou um bom exemplar da cozinha con-temporânea, unindo toda a tradição das carnes argentinas a um cardápio mediterrâneo com forte influência das culinárias italiana e francesa. “Além disso, estamos trazendo aperfeiçoamentos para a equipe, com planos de contratação de garçons bilíngues. Temos muitos clientes estrangeiros, e, muitas vezes, eu ti nha que ir até a mesa para entender o que eles queriam”, explica a empresária, que hoje é a única dona do negócio.
Ar renovado: o rooftop
Mais tarde, o ambiente do Ladrillo também ganharia a perso-nalidade de Jhosy Bitencourtt . Em janeiro de 2019, depois de meses fechado para reforma, o restaurante reabriu em clima de Belle Époque, como a empresária sonhava desde sua chegada. A principal transformação foi a construção do espaço Ladrillo The Rooft op, aproveitando o clima agradável da esquina arborizada onde a casa se localiza. Na nova roupagem, o conceito Belle Époque pode ser conferido no grafi smo da parte externa da casa, além de em elementos na decoração que Jhosy “garimpou” pessoalmente em anti quários, leilões, “família vende tudo” e até em ferro-velho. Foi neste últi mo que encontrou preciosidades como as lindas portas de ferro que estão no rooft op, além de um biombo transformado em janelas e uma estátua de bronze. Na área inferior instalou oito luminárias francesas – quatro delas da renomada marca Overlay – trazidas por famílias europeias nos anos 1940. À noite, as árvores se iluminam, dando ainda mais charme à experiência no terraço. O novo ambiente já se tornou popular entre os executi vos da região, que podem apreciar o pôr do sol enquanto tomam uma taça de vinho, importado de países como Espanha, França, Itália, Portugal e, claro, Argenti na. De volta às origens Em fase de amadurecimento como empresária do ramo gastro-nômico, Jhosy se prepara para a criação do grupo J. Bitencourtt , que abrigará todos os novos projetos. “Com a reforma do Ladrillo, surgiu a ideia de um restaurante com a culinária da Amazônia, porém apresentada como uma fusão mundial de cozinhas”, anima-se a empresária.
Ladrillo Parrilla Argentina
Av. Pavão, 454 – Moema – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3562-6499 / 3045-6999
www.ladrilloparrilla.com