Go Where – Lifestyle e Gastronomia

Emmanuel Bassoleil: top chef à brasileira

Nascido em Dijon, na França, Emmanuel Bassoleil – chef do restaurante Skye, do hotel Unique – já acumula 44 anos de experiência na gastronomia e é um dos profissionais mais renomados do mundo. Mas o seu sucesso vai além da cozinha: simpático e desenvolto, ele brilha também nos programas de televisão Um Dia de Chef, dos canais Food Network e Discovery Home & Health, e Top Chef Brasil, da Record. A seguir, ele fala um pouco sobre sua carreira, vida pessoal e planos para 2022!

Fotos: Arthur Vahia/divulgação

Você já está no Brasil há 34 anos, mas antes disso viajou bastante pelo mundo trabalhando com gastronomia.
É verdade que passou um ano no serviço militar da Alemanha como cozinheiro particular de um general?
Eu fiz o serviço militar na França, que era obrigatório naquela época. E eu escolhi a gastronomia porque eu amo comer e viajar, e com essa profissão eu poderia conhecer vários lugares. Outro sonho que eu tinha era de ser o cozinheiro do presidente da República, e na França alguns militares eram selecionados para trabalhar na cozinha do Palais de l’Élysée [residência oficial do presidente da França], em Paris. E eu fui contratado para fazer meu serviço militar lá. Só que chegaram as eleições na França, em 81, e entrou o François Mitterrand e ele disse que não queria cozinheiro no Elysée, que queria economizar. O meu sonho acabou nessa hora. Mas como eu tinha que fazer meu serviço militar, eles me enviaram para a Alemanha, onde fiquei um ano. E o general do quartel me convidou para ser seu cozinheiro particular.

E essa história de que deu duas voltas ao mundo como chef de um navio? Como é que foi isso?
Esse era um outro sonho meu, trabalhar num navio para poder viajar. Eu fiz duas vezes a volta ao mundo, foram três anos da minha vida, antes de eu chegar ao Brasil. Nesse navio eu conheci uma brasileira, que é a mãe dos meus filhos, e acabei vindo conhecer esse país maravilhoso pelo qual me apaixonei.

O seu primeiro trabalho no Brasil foi com o Claude Troisgros, no extinto Roanne, onde foi eleito duas vezes o chef do ano. Como foi esse começo? Quanto tempo ficou no Roanne?
O Claude abriu o Roanne em 86, eu assumi em 87 e fiquei até 2002. Era um restaurante fantástico, foi um grande momento da minha vida. E ele marcou muito a gastronomia francesa em São Paulo.

Várias personalidades da gastronomia passaram pelo Roanne, como a chef Helena Rizzo, a Isabella Suplicy e a Mara Mello.
Sim, e foi muito legal. Naquela época a cozinha era um lugar machista, e falei: ‘vamos quebrar esse tabu’ e comecei a ter mulheres trabalhando na cozinha. Elas deram seus primeiros passos ali.

Você é chef do Skye desde 2002, quando foi inaugurado, e consultor gastronômico do Hotel Unique. Como é esse trabalho?
É um desafio, e me apaixonei, tanto que continuo até hoje com esse trabalho lindo e desafiante. Eu não cuido só do Skye, são muitas coisas que envolvem um hotel. Eu cuido do cardápio do Skye, do chocolate ao amendoim e caviar do frigobar do hotel, do arroz e feijão do refeitório, do cardápio dos casamentos…

foto: TUCA REINÉS/divulgação

Com essa correria toda, você, que é muito ligado à família, não sente falta de ter mais tempo para curtir com a sua esposa, seus filhos?
Você cutucou um ponto que tenho uma grande dificuldade: tentar equilibrar minha vida familiar com a profissional. Eu sempre coloquei o trabalho em primeiro lugar, e acabou atrapalhando um pouquinho. Com a idade acho que estou melhorando, mas não é fácil porque é um trabalho que pede muito de mim. Trabalho enquanto os outros estão se divertindo, no Natal, no Ano-Novo… Você tem de amar realmente o que faz para aguentar essas dificuldades.

Como surgiu o convite para o Top Chef Brasil?
Foi há três anos, e estou muito feliz, estamos na terceira temporada e somos líder de audiência. Mas antes do Top Chef, eu já tinha experiência na televisão no Food Network e na Discovey, com o Um Dia de Chef, que vamos retomar as gravações agora de duas novas temporadas. E eu fico muito feliz em estar na televisão porque eles poderiam ter convidado tantas outras pessoas, mas chamaram um cara de cabelo branco e que fala enrolado…

Foto: Divulgação

Você teve um episódio, aos 40 anos, que fez mudar seu estilo de vida ao achar que estava tendo um ataque cardíaco… O que foi que aconteceu?
Nossa, suas fontes são poderosas… Então, nesse momento eu estava com um restaurante francês, um restaurante espanhol, bar cubano, trabalhando com uma rede de supermercados, tinha recebido a proposta do hotel Unique… Um momento que eu teria tudo para ser feliz, mas eu chegava na minha casa, deitava e sentia que estava faltando alguma coisa. Eu fui internado no Einstein e o médico disse que era estresse. Esse foi o tapinha na cara que acabou mudando minha vida. Eu faço muito exercício, fisioterapia, terapia, me alimento bem e não abro mão de ter duas horas por dia para cuidar de mim.

 

Sair da versão mobile