Go Where – Lifestyle e Gastronomia

Elvis. O Rei do apetite

Ele cantava muito – e comia muito. Desde a infância, o Rei do Rock adquiriu hábitos alimentares nada saudáveis, mergulhando em muita fritura e sundaes melados. Chegou a pesar 115 quilos. Essa dieta, certamente, abreviou a vida do gênio que partiu aos 42 anos.

Filho único de um casal de trabalhadores, o genial cantor, instrumentista, dançarino e ator Elvis Presley nasceu no ano de 1935 em uma casa de duas peças na cidade de Tupelo, no Mississipi, EUA. Teve uma infância pobre, com pouco dinheiro e comida regulada. Aos dez anos ganhou de aniversário a primeira guitarra, que custou 12,95 dólares. Ele preferia uma bicicleta, mas os pais não podiam comprá-la. Dois anos depois, cantava e tocava guitarra para os colegas da escola fundamental, despedindo-se de Tupelo. Mudava com os pais para Memphis, no Tennessee, em busca de uma vida melhor. Quando cresceu, levava os fãs ao delírio com sua voz cheia e doce, capaz de atingir notas musicais raramente alcançadas por um cantor popular; a habilidade incomum na guitarra; o jeito ousado e sexy de dançar, que lhe rendeu o apelido de Elvis The Pelvis. Usava topete alto, óculos escuros enormes, jaqueta de couro apertada; calça idem boca-de-sino, sapatos excêntricos, às vezes de verniz com salto alto; anéis, gargantilha, cinturão enorme, adereços de metal e lenços que arremessava teatralmente ao público.

Com esses atributos extravagantes, símbolos de rebeldia em um época de transformações, converteu-se no Rei do Rock e influenciou o comportamento de milhões de jovens. Virou símbolo de uma geração. Completaria 80 anos de idade em 2015. Morreu em 1977, oficialmente de ataque cardíaco provocado pelo abuso de drogas. Entretanto, o médico americano George Nichopoulos, que cuidou dele por 12 anos, garantiu ao jornal inglês Daily Mail que não foi bem isso. A morte teria sido em consequência de complicações gastrointestinais. Divulgou-se, porém, que o médico havia receitado para o paciente ilustre, nos sete últimos meses de vida, 5.000 pílulas de venda fiscalizada.

Dieta barata

Durante os seus 23 anos de carreira profissional, Elvis vendeu 500 milhões de discos, interpretando cerca de 750 canções, em diversos gêneros musicais, que não se restringiram ao rock, ao country e aos blues. Várias composições fizeram sucesso mundial, a começar por It’s now or never, de 1960, versão do clássico italiano O sole mio, do século 19, citada neste texto apenas como exemplo. Foi lançada em disco simples, no ano de 1960. A letra começava assim: “It’s now or never,/ come hold me tight/ Kiss me my darling,/ be mine tonight/ Tomorrow will be too late/It’s now or never” (É agora ou nunca/ Venha e me abrace firmemente,/ Me beije minha querida/ Seja minha esta noite/ Amanhã será muito tarde”).

Elvis ficou milionário e poderia ter saboreado as iguarias que quisesse, fosse caviar ou trufas brancas. Mas não fez isso. Jamais aprimorou o paladar, nunca se livrou da comida barata dos tempos apertados. Sempre foi um glutão incorrigível, inclusive na época em que pesava apenas 70 quilos, ou seja, antes de superar os três dígitos da balança.

Alguns livros se referem aos hábitos alimentares do Rei do Rock. Os melhores são The Life and Cuisine of Elvis Presley, escrito por David Adler (Crown Trade Paperbacks, Nova York, 1962); e The Presley Family Cookbook (Wimmer Cookbooks, Memphis, 1980), de autoria de duas pessoas ligadas ao cantor, o tio Vester Presley e a cozinheira Nancy Rooks.

Na infância pobre, o cardápio do futuro Rei do Rock se resumia a broas de fubá, quiabo empanado, batatas e tomates fritos, sanduíche com pasta de amendoim. Quando havia dinheiro, ia à mesa da família Presley um pouco de carne, que o garoto comia bem passada, acompanhada de alguns legu-mes e verduras. Gladys, a mãe, que teve frustrado o sonho de ser atriz, não gostava muito de cozinhar, mas se virava. Vernon, o pai, caçava por prazer e necessidade. Tinha boa pontaria. Às vezes abatia um animal selvagem e era recebido em festa pela família.

Nas refeições, o garoto Elvis bebia chá gelado, quase uma calda de tão doce. Aos domingos, mãe e filho frequentavam os cultos da Igreja Assembleia de Deus. Os hinos da animada liturgia pentecostal, a música gospel, educaram a voz do futuro cantor. Outras influências foram os blues dos negros que moravam na vizinhança e a música country, ouvida nos programas da rádio pela família inteira.

De algodão doce ao ugly steak

Milk & Mellow

SOBREMESA DE MATAR Pedimos para a Lanchonete Milk & Mellow reproduzir a sobremesa preferida do Rei do Rock: sundae com calda quente e cobertura de amendoim e, na finalização, tiras de banana caramelizada.
Foto: Daniel Cancini.

Quando Elvis atingiu a adolescência, os Estados Unidos foram assolados por uma onda de mau gosto culinário. Os vegetais chegavam à mesa cobertos com manteiga, creme de leite ou nata. Seguiam-se fritadas de batata, peixe, peru, presunto, bacon e aí por diante. Os doces de massa folhada se difundiram nacionalmente. As cadeias de fast food, o hambúrguer e o cachorro-quente com muito ketchup e mostarda, conquistaram o povo. Elvis consumia tudo aquilo com prazer.

No início da carreira, depois de comprar um Cadillac cor-de-rosa, ele começou a traçar algodão doce, pipoca com manteiga e pimenta-do-reino, jujuba, xarope de glicose de milho e refrigerantes artificiais. Também se iniciou no charuto. Tinha dinheiro para baforadas melhores. Mas preferia os charutos populares americanos Hav-a-Tampa, fabricados na Flórida, feitos à máquina com pasta de fumo, água e aglomerante. Ao ser convocado pelo Exército, em 1958, para servir na base americana de Bad Nauheim, na Alemanha, como motorista de tanque, já era cantor famoso. Os soldados americanos se alimentavam de linguiça, carne de porco e ovo fritos. Elvis nunca se queixou da mesa da caserna.

Dando baixa em 1960, voltou aos shows, filmes e gravações. Sete anos depois, casou com Priscilla Beaulieu, que lhe deu a filha Lisa Marie. Ganhou fortunas e muitos quilos a mais. Chegou a pesar mais de 115, pois comia descontroladamente. Um de seus pratos favoritos era o ugly steak, literal-mente “bife feio”, cuja receita manda cortar um pedaço de carne, passar na farinha de trigo e fritar junto com frango.

Elvis também foi gostando cada vez mais de sundae com calda quente ou cobertura de amendoim e, na finalização, tiras de banana caramelizada. Um dia comeu meia dúzia desse  doce, desmaiou e foi parar no Hospital de Memphis, cidade onde morava na mansão de Graceland, na qual acabou morrendo aos 42 anos. Convertera-se em guloso incorrigível, daqueles com ataques noturnos à geladeira.   Nas vezes em que esteve internado no Hospital de Memphis, para de-sintoxicação de pílulas, uma enfermeira (obviamente sua fã) o ajudava na convalescência. Servia-lhe grossas fatias de torta de banana, driblando o controle do médico. Anos atrás, quem visitasse Memphis e entrasse no Elvis Presley’s Memphis Restaurant, na Rua Beale, 126, podia experimentar essa e outras receitas favoritas do Rei do Rock. A casa já fechou. Elvis, porém, continua na berlinda, imitado, venerado, ouvido em discos e assistido em filmes (atuou em 33). It’s now or never…

RECEITA ELVIS PARA DESINTOXICAÇÃO

Torta de banana
Rendimento: 8 a 10 porções

Pedimos para a chef Laura Borzani refazer a ultracalórica torta de bananas que uma enfermeira camufl ava para o hospital de Memphis onde Elvis estava internado para desintoxicação.

Torta de banana
Rendimento: 8 a 10 porções

Ingredientes:

Massa

Recheio

Modo de preparo:

Massa

  1. Misture a manteiga com o ovo, o açúcar e o sal.
  2. Junte a farinha de trigo peneirada com o fermento e amassar com as mãos, até a massa ficar homogênea, úmida e tenra.
  3. Coloque a massa numa forma redonda, de abrir e estendê-la com as mãos, no fundo e na borda da forma, de maneira que fique bem fina. Reserve.

Recheio

  1. Numa panela, misture o leite com a maisena, as gemas e o açúcar. Leve ao fogo brando, mexendo, até ferver e ganhar consistência. No final do cozimento, misture a essência de baunilha.

Montagem

  1. Corte as bananas em tiras, no sentido do comprimento.
  2. Deposite sobre a massa algumas tiras de banana, cobrindo toda a torta.
  3. Polvilhe com canela.
  4. Coloque o creme de baunilha em cima e finalize com mais tiras de banana, distribuidas harmoniosamente sobre o creme.
  5. Polvilhe com canela e açúcar cristal.
  6. Leve ao forno pré-aquecido a 200°C, por cerca de 30 a 40 minutos.
  7. Desenforme a torta fria.

Agradecimentos:

Milk & Mellow burgers
Av. Cidade Jardim, 1085
Tel.: (11) 3168-4516

Laura Borzani
Rua Pascal, 667 – Campo Belo
Tel.: (11) 3798-9821
www.bombasdechocolate.com.br

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