Go Where – Lifestyle e Gastronomia

Cervejaria com documento

Assim como as casas de temas e marcas de bebidas exclusivas, os bares de marcas de cerveja começam a fazer escola no Brasil. Marcas internacionais e, claro, as nacionais pegam embalo no crescente mercado cervejeiro e disputam espaço com suas próprias lojas, vendendo seu próprio produto. E do seu próprio jeito.

Por: Lucas Nascimento

Já não é novidade que o Brasil surfa hoje na onda das cervejas artesanais, com números de mercado que surpreendem. Muito mais elaboradas, com enorme variedade de sabores, ingredientes, cores, embalagens, copos especiais, elas formam uma vertente diferente, até pelos preços – muito mais elevados. Logo surgiram marcas atentas à onda e dispostas a participar ativamente desse movimento, acreditando que esse jovem mercado continuará dando bons frutos. E o melhor modelo de negócio encontrado por elas são seus pró-prios bares. No Brasil, apesar de o setor ainda precisar de avanços em todas as áreas, como tecnologia, maquinário, marketing etc., Paulo Bitelman, sócio do Brewdog Bar, inaugurado em 2014, diz que pôde perceber, no pouco tempo de casa, que a cerveja artesanal “está começando a agradar gregos e troianos”.

Brewdog

As estrelas da cervejaria Brewdog são os rótulos de fabricação própria,que seguem a escola cervejeira americana e vão contra o tradicionalismo de escolas como a alemã e a inglesa

Da gringa

A cervejaria Brewdog nasceu na Escócia, em 2007, por conta da insa-tisfação de seus fundadores com as cervejas tradicionais disponíveis por lá. A filial inaugurada em São Paulo é a primeira fora da Europa.O modo de apresentação escolhido foi a abertura de BrewDog bares que levassem sua cerveja e sua identidade pelo mundo. Hoje, já são 39 bares e a projeção é ambiciosa: 100 unidades pelo mundo até 2020. As estrelas do bar são os rótulos da BrewDog que seguem a escola cervejeira americana e vão contra o tradicionalismo de escolas como a alemã e a inglesa. Elas são inventivas e ousadas na mescla de ingredientes, muitas vezes utilizando-os extravagantemente – como eles próprios se descrevem, com uma atitude punk. Realmente faltam palavras para descrever tantas variações, quem já experimentou sabe que não se trata daquela cervejinha de boteco.

Cervejaria Nacional a fabricação das cervejas junto ao bar é um dos maiores atrativos para os clientes. Segundo Marcus ribas, sócio da Cervejaria Nacional, “o público vem, pois sabe que a cerveja é produzida na frente dele’. É nosso forte. É o que nos distingue”

O mercado de cervejas artesanais movimenta não só as vendas das próprias cervejas, mas diversos produtos ligados à cultura cervejeira – os bares e lojas de cerveja estão repletos de souvenirs, copos, pla-cas, abridores, produtos feitos com cerveja (como sorvetes, molhos de pimenta e até sabonetes), garrafas, kits, redes sociais, livros etc. Em 2010, a primeira filial da cervejaria Delirium já aterrissava no Rio de Janeiro. O segundo Delirium Café das Américas chegou a São Paulo em 2014 com ares de estrela: afinal, a marca já teve um de seus rótulos, Delirium Tremens, considerado o melhor do mundo, deixando famoso seu simbólico elefantinho rosa. Assim como a BrewDog, a Delirium tem toda a cadeia de produção refrigerada, da Europa até a estocagem no bar, seu requintado produto não fica exposto ao calor ou à luz para preservar suas propriedades.

A produção nacional tem se destacado pela quantidade de novas cervejarias e pela qualidade de muitas, que inclusive receberam prêmios em concursos internacionais, confirmando que a revolução cervejeira está em curso por aqui. Segundo Carlos Rodrigo Abar, diretor da Product Audit (empresa especializada em dimensionar o mercado de produtos importados), “o número de rótulos disponíveis no Brasil triplicou entre 2010 e 2014. E, mesmo após cinco anos de crescimento expressivo, continua a aumentar apesar do momento econômico”.

Karavelle: ter o próprio bar da marca garante a exposição e a maneira de servir corretamente o produto para o consumidor

Brasiliana

Em 2011, surgiu a cervejaria Karavelle com o objetivo de elaborar cervejas e chopes superpremium, puro malte, que utilizam matérias-primas extremamente seleciona-das. A marca elaborou seis rótulos principais, produzidos em Indaiatuba, interior de São Paulo: Pilsen Premium – estilo mais conhecido, por isso tem muita saída; Weiss – é a cerveja de trigo que tem sempre muitos apreciadores; Keller – é uma pilsen não filtrada, por isso mais cítrica e densa. E, ainda, Red Ale Hell, I.P.A. e a Barba Negra, to-das disponíveis em chope ou em versão longneck 600ml. A distribuição engarrafada da Karavelle já chega em diversos pontos do país e representa cerca de 75 % da produção. Já os barris de chope são mais perecíveis, não são pasteurizados (processo que confere maior durabi-lidade), por isso é certeza de uma bebida superfresca. “No barril, o chope deve ser consumido em até 10 dias, estando refrigerado. É uma bebida muito mais pura e de qualidade, sem nenhum acréscimo para prejudicar seu sabor e estender a validade”, explica Otávio Veiga, sócio da marca. Segundo ele, ter o próprio bar da marca é poder expor e servir o produto da forma correta para consumidor. Em termos de negócios, é muito mais vantajoso.

Delirium: toda a cadeia de produção é refrigerada, da europa até a estocagem no bar, o produto não fica exposto ao calor ou à luz para preservar suas propriedades

Assim como a Cervejaria Nacional, outra brasileirís-sima e uma das pioneiras, aberta em 2011, a Karavelle também tem uma fábrica-bar. Marcus Ribas, sócio da Cervejaria Nacional, concorda com Veiga de que ter a fabricação junto ao bar é um dos maiores atrativos para os clientes. “O público vem, pois sabe que a cerveja é produzida ‘na frente dele’. É nosso forte. É o que nos distingue”, afirma Ribas. Ele também chama atenção para o frescor, à toda prova. De fato, a cerveja não sofre nenhuma influência com exposição a viagens, calor, luz etc. A repercussão é boa e Ribas admite que os sócios consideram uma expansão. “Está no nosso horizonte,  sim. Mas, tudo feito de uma maneira cautelosa. Nossa intenção não é pulverizar franquias, nós valorizamos o processo”, afirma ele. Não só no preço diferen-ciado das artesanais (um tanto salgado, ou amargo como preferem os cerve-jeiros), mas também pelos sabores (a cerveja pode gerar no mínimo o dobro de sensações que o vinho na boca), essas cervejas não são para brincadeira – são para bons apreciadores.E os amantes do fermentado dourado podem aguardar: com certeza, em breve, aparecerão outros bares de marcas pela cidade.

Serviço:

BrewDog
Rua Coropé, 41
Tel.: 11 3032-4007

Cervejaria Nacional
Avenida pedroso de Morais, 604
Tel.: 11 3034-4318

Delirium Café
Rua ferreira de araújo, 589
Tel.: (11) 2495-2225

Karavelle
Alameda Lorena 1784
Jardins
Tel.: 11 3044-7555

Rua amauri, 334
Itaim Bibi
Tel.: 11 3079-4492

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