Go Where – Lifestyle e Gastronomia

A nova fase e atrações do histórico Mercado Municipal de São Paulo

FOTO: Divulgação

Não é exagero afirmar que o nonagenário Mercado Municipal de São Paulo, ícone da capital, é hoje a maior atração turística da cidade, e um queridinho eterno dos paulistanos, apesar de sérios problemas, dentro e fora. Mas há dois anos, isso começou a mudar, e estamos prestes a ter um novo Mercadão, o nome carinhoso pelo qual nós sempre o tratamos. Depois de 89 anos sob gestão da Prefeitura, daí o “Municipal” do antigo batismo, ele mudou de mãos. O consórcio formado por várias empresas, que em 2021 o arrematou por R$ 112 milhões, incluindo outro varejo histórico na região, o mercado hortifrúti Kinjo Yamato, está dando uma nova cara a essa fonte de prazeres gastronômicos. É o que revela aqui o CEO do consórcio, o advogado Aldo Bonametti.

Além dos R$ 112 milhões, um ágio de 266% em relação ao valor mínimo exigido, que era de cerca de R$ 30,5 milhões, o consórcio deve investir pelo menos R$ 83 milhões em restauração e reformas do Mercadão. E elas já são visíveis na nova fachada e nas obras de restauração do teto e dos históricos vitrais, gerando uma nova luminosidade, além da ampliação e da construção de sanitários (um dos pontos fracos do velho Mercadão), escadas rolantes e elevadores, adequação à acessibilidade, reconstituição e restauro das peças originais do mercado. São nada menos que 18.601 m2 de área construída, incluindo seus disputadíssimos boxes de delícias e ícones da gastronomia paulistana, como o célebre megassanduiche de mortadela e o impressionante pastel de bacalhau. E mais: área de eventos, espaço gourmet, área administrativa, restaurantes.

Aldo Bonametti, CEO do consórcio que administra o Mercadão | FOTO: Daniel Cancini

Em um sábado, 40 mil pessoas

Para Aldo, como para a maioria dos paulistanos, o Mercadão é familiar, há muitos anos. Membro de uma Sociedade de Advogados com escritório na vizinhança, ele já o frequentava com assiduidade e, evidentemente, anotando mentalmente os defeitos de um comércio nonagenário, situado em uma área decadente da cidade. Ele e sua equipe terão mais 23 anos, já que o contrato é de 25, para devolver aos visitantes, que hoje chegam a 40 mil em um sábado, um símbolo renovado de São Paulo. É claro que os atuais usuários do espaço, que ocupam boxes de 5 a 60 metros, receiam a perda de seus pontos, hoje locados por tarifas abaixo do mercado, e sobretudo do Mercadão. Aldo explica que, antes da privatização, eles tinham permissão de uso. Hoje, um contrato de locação pelos mesmos valores que pagavam. E isso prossegue até novembro, quando terminam as obras de restauro. A partir daí haverá um reajuste natural mas sem sustos. Claro que os atuais inquilinos têm receio de perder o local mais visitado de São Paulo. “Mas temos boa relação com eles”, ressalta Aldo.

Ícones continuam, junto com novos espaços e eventos

Enquanto isso, os concessionários dos boxes, cerca de 250 no Mercadão e 100 no Kinjo, vão sendo adaptados às primeiras mudanças, em palestras, reuniões e seminários com especialistas, incluindo técnicos do Procon. A abordagem um tanto enfática dos visitantes pelos funcionários dos boxes é um dos campos a serem disciplinados. “Não somos contra a abordagem, que ocorre há mais de 40 anos, mas dentro dos limites”. Detalhe: facas de metal para o fatiamento de frutas a serem provadas pelos clientes em potencial foram substituídas por talheres de plástico, mais seguros. Numa época de mudanças e adaptações, ninguém imagina o novo Mercadão sem os ícones que fizeram a fama do local. Citações são necessárias? Levi (queijos), Banca do Ramon (restaurante e empório de delícias, incluindo vinhos), Hocca Bar (com seus megapastéis de bacalhau e camarão), Bar do Mané (o disputadíssimo “mortadelão”, que começou a ser servido aos famintos operários das obras locais e se consagrou). Mas as novidades que vêm com a concessão não se resumem a comes e bebes, como informa Aldo: “Visitei vários mercados no mundo e constatei que o Mercadão não tinha eventos”. Como consertar isso?

FOTO: Divulgação

Preços de Mercadão

Muitas pessoas se queixam dos preços praticados no Mercadão, acima da média de outros pontos de venda. Aldo rebate: “Temos produtos caros, mas de excelência. Não temos como tabelar”. Ok, o Mercadão terá uma nova cara, bem melhor. E o entorno, a região que o cerca? “De um ano para cá, já está bem melhor. A prefeitura tem focado o centro. Estamos trazendo guardas-civis e PMs para aumentar a segurança e estudando a ampliação do estacionamento, hoje com 195 vagas.

E quando Aldo se transforma num cliente comum do Mercadão? O que comeria? “Peixe, sempre muito fresco. O pastel de bacalhau também me fascina”. E daqui a 23 anos, quando se encerra o “mandato” de sua empresa, o que ele espera ver aqui? “Quero ver todo este entorno transformado, como o centro de Madri”.

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POR Celso Arnaldo Araujo
FOTOS Daniel Cancini (Aldo Bonametti) e Divulgação

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