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Ugo di Pace, grand signore da sociedade paulistana

O estilo e o bom gosto de Ugo di Pacce, o arquiteto italiano que há décadas conquistou São Paulo com seus majestosos projetos para os poderosos e enfeitiçou a sociedade esbanjando dolce vita, por Haroldo Pereira Jr., coordenação Sidney Osiro, fotos Thais Antunes


Meus Caros Amigos: Acima, uma dedicatória do renomado arquiteto Aldo Calvo ao colega. A homenagem fica exposta na prancheta que pertenceu a Aldo e hoje está na sala de Ugo, em seu escritório.

Do mesmo modo que uma ópera aguarda pela entrada em cena de um consagrado tenor, a CasaCor, a badalada mostra paulistana de decoração, e o universo em torno dela ficaram altamente ansiosos na expectativa da primeira participação de um dos profissionais mais exclusivos do País. Enfim, Ugo di Pacce, o arquiteto italiano radicado em São Paulo há mais de 30 anos, acabou aceitando o convite que lhe era feito anualmente – e que sempre declinava. Sua estreia é tão bem-vinda que ele assina o maior dos ambientes: são 150 metros quadrados do que batizou de Pavilhão Urbano para a Nova Era. “O projeto é uma grande área social, com espaços como living room e home teather, divididos por uma alvenaria pequena, quase um biombo. Mas o que considero o grande destaque é minha seleção de obras de arte que não custam uma fortuna e nem comprometem o meu conceito sofisticado”, explica. Sim, esse é realmente o indefectível estilo di Pacce, tanto na concepção de sua arquitetura de interiores como no querido homem elegantíssimo com óculos de armação tartaruga que circula pelo mais sofisticado circuito da sociedade paulistana.

New York, New York – Em plena ilha de Manhattan, um apartamento assinado por Ugo, com referências que vão da Itália à China. Um over muito chique.
O estilo e o bom gosto de Ugo di Pacce, o arquiteto italiano que há décadas conquistou São Paulo com seus majestosos projetos para os poderosos e enfeitiçou a sociedade esbanjando dolce vita.
“É o mesmo que comprei em Paris, há 35 anos, de um designer alemão”, conta sobre o par de óculos que virou sua marca registrada. Já seus projetos se identificam pelos grandes ambientes vazados e “recheados” com um acervo de arte impactante, aliados a um mobiliário certeiro e o modo contemporâneo de viver. A equação agrada os mais poderosos e gente de expressão, como o ex-piloto Emerson Fittipaldi e o empresário de eventos José Victor Oliva, que abriram suas casas para o segundo livro de Ugo, projeto da editora americana Rizzoli, uma das mais sofisticadas do planeta. “Existe uma diferença entre decorar e mobiliar. Um móvel é só uma consequência. Na verdade, nossa vida é um teatro e nós somos os artistas. O que eu faço é a cenografia”, define.Túnel do TempoUgo é antes de tudo um apaixonado pela arte. Até mesmo o conjunto de joias que não tira do corpo e lhe dá ainda mais estilo, ele considera como se fosse parte de um acervo. “O material é nobre como joia, mas se trata de obras de arte”, diz sobre seus dois braceletes desenvolvidos por um designer norueguês e o colar de ouro que tem como pingentes uma ponta de coral para dar sorte e medalhas de santos.

Em seu escritório, se brinca de túnel do tempo indo da antiguidade aos tempos modernos, entre quadros e esculturas, e se vislumbram peças admiráveis. É o caso de sua sala que reúne uma mesa manuelina do século 18 ao lado de um pequeno armário art dèco americano e uma prancheta de arquitetura do começo do século 20, onde o renomado italiano Aldo Calvo desenvolvia seus projetos. “Através da arquitetura você pode reconstruir a história do mundo”, declara. E enquanto o planeta girou e os artistas criaram, Ugo completou 50 anos de carreira. O que lhe dá autoridade para analisar hoje o que mudou no quesito morar muitíssimo bem. “Nada! Os poderosos ainda querem casas com grandes espaços. A diferença mesmo é que agora se viaja mais do que há 50 anos. Isso trouxe mais conhecimento e novos hábitos. Tirando essa novidade, gente culta faz questão de ter obras de arte e biblioteca. Agora, gente não culta não faz casa comigo”, brinca. Mas nada está perdido: se esse perfil de cliente acabar seguindo a cartilha de Ugo, terá satisfação garantida. “A primeira coisa que um novo rico procura é chegar ao que sempre foi a casa dos já ricos. Na verdade, eles querem uma coisa que nunca tiveram. A primeira medida é imitar. Péssimo! Mas depois eles se deixam levar, pois têm tudo a aprender e nada a perder”.

Exibir não é eleganteSempre impecável, envergando costumes ou looks casuais, Ugo dá sua fórmula. “Não uso grifes, pois isso não significa elegância. Pelo contrário! Exibir é o oposto da elegância. Faço meus ternos com os alfaiates de Nápoles, assim como camisas e sapatos. Lá, os ateliês no final de tarde são pontos de encontro onde os clientes se encontram para beber, falar de arte e mostrar suas criações. Para o casual, posso usar polos, mas sempre preta ou azul e um jeans que faço o vinco”, conta, sendo que esse jeans é o americano Seven – famoso pelo caimento impecável. Adepto também do mais novo clássico entre os perfumes da nova geração, o Eau de Issey, de Issey Miahke, Ugo toma testosterona e regularmente segue o clássico método de exercícios Muller – um canadense que, antes franzino, criou um programa que cria para pessoas comuns o tônus de atleta. Ugo é palmeirense, adora Fórmula 1 e gosta dos restaurantes da marca Fasano e do La Tambouille – que projetou com direito até a peças que pertenceu a czares, mas diz, antes de tudo, que é o restaurante com o melhor serviço do mundo.Italiano Apaixonado

Ele, na verdade, já badalou mais. Principalmente na época do lendário club Gallery, a vitrine social mais intensa de São Paulo, entre os anos 70 e 80.

Ugo foi um dos donos, ao lado do saudoso filho Gugu, e por excelência arquiteto da casa noturna onde se dançava entre quadros emprestados do Masp e mensalmente uma esperada vitrine era repaginada, sempre com um tema divertido, instigante ou simplesmente com muito charme. “Foi uma época que não volta mais na sociedade, primeiro porque ninguém precisava sair de casa com segurança, era no máximo com o motorista. Se misturava gente dos 20 aos 70 anos e todo mundo era o que era. As pessoas hoje se comportam não como são, mas como gostariam de ser. Isso é grave e uma falta de personalidade inacreditável”, diz. Para ele, o melhor da nova era diz respeito à qualidade de vida. “O legal desses tempos é a tecnologia, a ciência e a medicina que está prolongando a vida.

Envelhecer é não ter mais interesse pela vida. Mas uma pessoa educada, culta e que quer fazer algo por aquém está à sua volta tem respeito de si mesmo e cria novos interesses. Para mim, as obras de arte é que me dão uma grande satisfação de viver”. Mas no campo da paixão, Ugo tem vigor de um adolescente. O terceiro casamento, com Vera Andraus, uma das mulheres mais glamourosas da sociedade, acabou recentemente. E sobre ela, não mede palavras. “Estou separado, mas com uma grande vontade de voltar. Ela me deu uma força incrível. Uma mulher lindíssima, de grande categoria e uma das mais elegantes que já vi. Seus palpites são certeiros pois tem um bom gosto extraordinário. Ela me faz uma falta enorme”, suspira o apaixonado italiano, por aquela que considera a mais preciosa obra de arte.

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