Go Where – Lifestyle e Gastronomia

A paixão de Nicolas Cage pelos carrões de luxo

O astro de Hollywood também é conhecido por sua fabulosa coleção de carros. Entre os queridinhos do americano estão Rolls-Royce Phantom e Ferrari Enzo.

carro1Por: Pedro Damian

Nicolas Kim Coppola, sobrinho do magnata do cinema Francis Ford Coppola, é um sujeito ímpar dentro do show-business. Para não carregar o peso do sobrenome na atividade que escolheu atuar, trocou o sobrenome para Cage logo em seu terceiro filme – nome inspirado em personagem de história em quadrinhos, um de seus hobbies. Mas não se livrou do carma de seu novo sobrenome. Cage (gaiola ou prisão, em inglês) é para onde ele está constantemente ameaçado de ir devido ao seu hábito, nada incomum, de gastar mais do que ganha e sonegar impostos. O problema é que ele ganha muito (aproximadamente US$ 20 milhões por filme) e gasta em proporção maior ainda. Automóveis especiais são alguns de seus alvos – mimos que o colocam entre os grandes colecionadores desses objetos de desejo no mundo dos famosos.

Consta que Nicolas Cage já foi proprietário de 50 automóveis – de alguns ele foi obrigado a se desfazer a partir de 2009, para cumprir obrigações com o fisco e com as ex-esposas. Para abrigar seus mimos, alugava um hangar no aeroporto de Santa Monica, Califórnia. Não faltam histórias bizarras sobre sua paixão por carros. Em 2007, por exemplo, comprou, de uma vez, nove  Rolls-Royce Phantom, exatamente iguais – de um total de 22 carros adquiridos naquele ano. Na época, ele já era visto por ruas norte-americanas dirigindo outros modelos exóticos, como um Jaguar D-Type 1955, lendário carro de competição tricampeão das 24 horas de Le Mans, uma Lamborghini Miura SVJ fabricada sob encomenda por um Xá do Irã (pela qual pagou mais de US$ 500 mil) ou uma exclusivíssima Ferrari Enzo, uma das 359 unidades produzidas do modelo, que vale a bagatela de US$ 1 milhão e já não vive mais em sua garagem, abocanhado que foi pelas garras do Leão da receita americana. Outros modelos de sua coleção não têm brilho tão grande, mas agradariam à maioria dos simples mortais, como seus vários Porsches (911, GT), Ferrari Califórnia… Apaixonado por velocidade, Nicolas Cage tem nos modelos esportivos, especialmente europeus (Porsche, Ferrari e Jaguar) sua preferência. E é a bordo de um deles, o Jaguar D-Type, que ele mais aparece nas ruas da Califórnia. Na área cinematográfica, o ator pode até não ser considerado um mito (tem uma carreira irregular, com brilhantes atuações, como em Despedida em Las Vegas, de 1996, que lhe rendeu um Oscar, e participações em produções medíocres, como Motoqueiro Fantasma). Mas a joia automotiva britânica que possui, sim, é uma lenda. O D-Type foi o primeiro automóvel a ser considerado roadster, e seu design é o primeiro que vem à mente quando se fala em carros de corrida clássicos dos anos 50. Não à toa, o bólido britânico venceu por três vezes a tradicional 24 Horas de Le Mans, em 1955, 56 e 57. Entre outros feitos do D-Type, destaque para a façanha de ter completado 2.507 milhas com uma média de 168 km/h e velocidade máxima de 252 km/h na famosa reta Mulsanne, no lendário Circuito de Sarthe, em Le Mans.

Vamos conhecer as jóias da coroa de Mr. Cage:

Ferrari Enzo

No meio dos ferraristas, a Enzo é um dos modelos da marca do cavalo empinado mais admirados. Primeiro, por seu desenho muito agressivo, que destoa das “macchinas” fabricadas até então (a Enzo foi produzida entre 2002 e 2005). Segundo, por sua exclusividade – menos de quatro centenas de unidades saíram da linha de produção em Modena. Por isso, é um carro caro (hoje avaliado em € 1,2 milhão) e exatamente o target de Nicolas Cage, que não pensou duas vezes para colocar a mão no bolso e comprar uma – no meio artístico, comentou-se à época que ele teria duas, mas não há informações que confirmem isso.

A Ferrari Enzo é um superesportivo de dois lugares, equipado com um motor central traseiro longitudinal, tração traseira, que traz embaixo do capô um poderoso motor V12 de 6 litros, o qual produz 660 cv de potência. O desempenho está à altura das ambições automotivas de Cage: velocidade máxima de 350 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 3,65 segundos. Além do ator, outros astros possuem uma Enzo na garagem, como o piloto Michael Schumacher e os músicos Eric Clapton, Nick Mason (baterista do Pink Floyd) e Rod Stewart.

Rolls-Royce Phantom

O Rolls-Royce Phantom é famoso, além do luxo exorbitante, por ser o carro mais durável do mundo. Um excelente investimento para fãs de automóveis requintados e para quem gosta de ostentar sua riqueza. Mas isso é o suficiente para justificar a compra, de uma tacada só, de nove modelos Phantom (e exatamente iguais, sendo que há 44 mil opções de cores)? Ninguém sabe o porquê do negócio – talvez nem mesmo o ator. Há especulações de que ele teria adquirido os modelos para ter um Rolls-Royce por perto na maioria de suas 15 mansões e na sua ilha nas Bahamas. No Brasil, um modelo 0 km custa hoje R$ 4 milhões (portanto, mais de US$ 1milhão). Assim como o valor, tudo o que se refere ao veículo é superlativo. A começar pelo motor, um robusto V12 de 6,75 L, 750 cc que descarrega 453 cv. Suficientes para fazer o supersedã atingir os 240 km/h de velocidade máxima e acelerar de 0 a 100 km/h em 5,7 segundos. Sua transmissão é do tipo CVT e a suspensão muito macia o faz rodar em qualquer tipo de piso urbano silenciosamente. No interior, o luxo se revela ainda mais, com revestimento em couro e madeira nobres. Entre os opcionais, há vários mimos, como um frigobar no porta-malas. E de série – caso do já clássico guarda-chuva embutido nas portas.

Lamborghini Miura SVJ

Todos os modelos top que Nicolas Cage adquiriu têm alguma história por trás. Se não a própria compra, aspectos bizarros ligados ao automóvel. A exclusivíssima Lamborghini Miura SVJ, vendido a Cage por 500 mil dólares (pertencia a um Xá do Irã) é outro caso. Na verdade, pode-se considerar o valor pago pelo ator uma pechincha, uma vez que um Miura tradicional, sem os aperfeiçoamentos que o transformaram em um Miura SVJ, tem valor de mercado atual de US$ 1 milhão, se estiver em ótimas condições. O Lamborghini Miura foi lançado em 1966, a contragosto do proprietário da marca, Ferruccio Lamborghini que, à época, preferiria ter lançado um luxuoso GT, mais elegante e requintado, que um superesportivo. Sabendo das preferências do patrão, engenheiros da fábrica trabalharam nas horas vagas para desenvolver o Miura e, às vésperas do Salão de Genebra de 1966, conseguiram convencê-lo a exibi-lo no evento. O estrondoso sucesso do modelo fez com que o dono da Lamborghini permitisse sua fabricação, o que ocorreu até 1973. Com baixo peso, um propulsor V12 de 3,9 litros e 35cv montado na transversal, câmbio manual de cinco velocidades e suspensão independente com braços sobrepostos do tipo duplo wishbone, o superesportivo era capaz de chegar aos 100 km/h em sete segundos sem desprezar o conforto interno.

Bob Wallace, um dos engenheiros envolvidos no projeto, achava que o Miura poderia ser ainda mais esportivo, e promoveu aperfeiçoamentos para deixá-lo em condições de competição. Nascia assim o Lamborghini Miura J. Entre as alterações, foi mudada a composição da carroceria – que usava alumínio e aço e passou a ser toda de alumínio; os vidros laterais foram trocados por peças de plástico, o interior foi moldado ao estilo de carros de competição, sem itens de conforto, e os paralamas foram alargados. Dessa forma, o modelo perdeu 360 kg. Já o motor foi alterado para descarregar 440 cv de potência, 90 a mais que o modelo original. Depois de tanto trabalho, o engenheiro decepcionou-se com o cancelamento do projeto por parte do seu superior, que não queria colocar esse carro em competições.

Entusiastas da marca, porém, não se incomodaram com o fato e, conhecendo as alterações promovidas por Wallace, encomendaram à Lamborghini a fabricação de cinco modelos com todas as características do Miúra J. Os pedidos não foram negados – e saíram da fábrica italiana cinco bólidos que se tornaram lenda no meio automotivo, ganhando as letras SV no nome. Um dos entusiastas era iraniano que mais tarde vendeu a Nicolas Cage uma das peças mais emblemáticas de sua coleção.

DAS RUAS PARA AS TELAS

Qual o ator perfeito para desempenhar o papel de um exímio ladrão de carros, que teria a tarefa de roubar 50 carros de alta performance em apenas uma noite? Jerry Bruckheimer, produtor executivo de 60 Segundos, filme baseado apenas nessa trama, não precisou pensar muito para escolher um nome: Nicolas Cage. Apaixonado por automóveis, algo que nunca fez questão de esconder, Cage se encaixou como uma luva na pele de Randall “Memphis” Raines, lendário ladrão de carros aposentado que se vê obrigado a voltar à ativa para salvar a pele de seu irmão caçula Kip.

Um dos supercarros que Raines tem que roubar é também sua grande paixão, um Shelby Mustang GT500 1967, o qual apelidou de Eleanor (no filme, para despistar a polícia, o ladrão deu a cada carro um nome de mulher). Guiando a máquina ao lado de Sarah Wayland (Angelina Jolie), Cage protagonizou cenas alucinantes e fez renascer o mito em torno do superesportivo da Ford.

Sair da versão mobile