Go Where – Lifestyle e Gastronomia

Pit stop em Mônaco

O piloto de testes da Pirelli, que mora ali há dois anos, traça um roteiro para quem deseja conhecer o principado de Grace Kelly

Por Manoela Ferreira

Poucos lugares no planeta reúnem tanta riqueza, glamour, carrões, barcos e famosos como o Principado de Mônaco. Localizado no sul da França, a menos de 20 quilômetros de Nice, o lugar é reduto de celebridades, esportistas de alto nível e paraíso fiscal de milionários investidores que fogem do imposto de renda.

Considerado o segundo menor Estado do mundo, maior apenas que o Vaticano, o Principado foi fundado em 1297 pela família Grimaldi, mas ganhou fama internacional na década de 50, quando o príncipe regente Ranieri III se casou com a atriz Grace Kelly.

Hoje, a pequena cidade-Estado recebe cerca de sete milhões de turistas por ano. E nada melhor do que conhecer Mônaco sob o olhar de um morador: o piloto brasileiro Lucas di Grassi, que vive lá desde 2010, ano em que disputou o Grande Prêmio de Fórmula 1 pela equipe Virgin Racing.

Atualmente, ele é piloto de testes da Pirelli, única fornecedora de pneus da categoria, e acompanha todos os eventos e corridas. “Como estou sempre viajando, posso escolher qualquer lugar pra morar. Optei por Mônaco porque tenho amigos pilotos que moram lá, o clima é super bom no sul da França, eu sou apaixonado por ciclismo e há lugares lindos para pedalar. Tem o mar, a praia e o clima mais parecido com o Brasil. Estou muito satisfeito”, diz.

Lucas morou quase dois anos no bairro Fontvieille, no mesmo prédio dos amigos Galvão Bueno e Felipe Massa, e recentemente se mudou para o Jardin Exotique, que tem uma vista extraordinária do alto da montanha para o mar.

Para quem está acostumado a ver a Fórmula 1 pela TV, lotada de gente e de barcos luxuosos atraídos pelo evento, saiba que Mônaco não é assim o ano todo. “Tirando os fins de semana de evento ou o verão, é tudo muito tranquilo. Todo mundo acha que é badalação sempre, mas não é. Aliás, sempre reclamo que aqui é muito monótono a maior parte do tempo”, brinca o piloto.

No paraíso dos carrões, transporte público

Lucas é enfático ao falar sobre uma das maiores paixões dos moradores de Mônaco: “Quem quer ver carro bonito tem de ir para lá. Não há nenhum lugar do mundo com tanta Ferrari, Lamborghini, Bugatti, Porsche. Detalhe: as leis de trânsito são bastante severas, porque lá as pessoas andam muito a pé, de bicicleta e Scooter, então tem de respeitar. Como Mônaco é muito pequena, a gente até brinca que é só engatar a segunda para sair da cidade”. Ele recomenda fazer passeios de carro nas estradas que beiram o mar – como ir de Mônaco a Saint-Tropez, passando por Cannes e por várias outras cidades. Andar num F1 em Mônaco só é possível para os pilotos, mas em Paris existem agências que promovem um passeio pelo circuito da prova, de ônibus. Segundo Lucas, é mais gostoso percorrer a pé tranquilamente, pois são apenas 3km. Apesar de todo o luxo, andar de ônibus é comum entre os habitantes e turistas. “Eu tenho meu carro, mas uma coisa legal de lá é pegar ônibus, pois tudo funciona muito bem. Por 10 Euros por mês você pode andar o quanto quiser, e o ônibus tem ar-condicionado e painel digital mostrando o minuto exato em que vai chegar ao destino, é bem organizado. Como lá é muito pequeno e às vezes não tem onde parar o carro, o coletivo é uma ótima opção. É grande a chance de encontrar um cara famoso andando de ônibus”, conta Lucas.

Os favoritos de Lucas di Grassi

Em dois ou três dias dá para conhecer praticamente tudo de Mônaco. Existem os pontos turísticos básicos, que quem vai à cidade não pode deixar de conhecer, como a praça do Grand Cassino e do Hotel de Paris, o Palácio do Príncipe, o jardim da princesa Grace e o Museu Oceanográfico. Mas, para Lucas, o bom mesmo é fazer passeios de bicicleta e conhecer o roteiro gastronômico da região.

O que você mais gosta de fazer em Mônaco?

Eu diria que uma das coisas mais especiais para fazer lá realmente é pedalar. Gosto muito de ciclismo e também de fazer stand up surfing na praia de Larvotto, que é a única praia de Mônaco. No sul da França o tempo é muito bom, já cheguei a pegar um mês em que todo dia fez sol, 30 graus, todo mundo vai para a praia. Uma dica legal é alugar uma cadeira com guarda-sol num daqueles restaurantes que se estendem até a praia. Por 10 Euros você pode ficar o dia inteiro lá. Tem uma praia um pouco fora de Mônaco, escondida, que se chama Mala e tem uma gruta. É muito bonita e dá para ir a pé, são 5km a partir de Mônaco. E quem quiser fazer um percurso de corrida, dá para ir do Monte- Carlo Country Club de Tênis até Menton, 20km beirando o mar, com uma bela vista.

Que restaurantes você indica?

O mais badalado de Mônaco se chama Sass Café, que existe há muitos anos e é de um amigo meu, Samy, casado com uma brasileira. Mas o lugar com o melhor custo-benefício para se comer se chama La Saliére, no porto de Fontvieille. É um restaurante de frente para o rochedo onde fica o palácio, a comida é boa e barata, dá para comer lá por uns 25 ou 30 Euros por pessoa. Já para quem gosta de comida japonesa, o melhor restaurante é o Maya Bay.

O melhor lugar para fazer compras?

O circuito de F1 passa na frente do Métropole, que é o único shopping requintado de Mônaco. É pequeno comparado ao padrão internacional, mas vale a pena dar uma olhada. É também ali perto do Cassino, perto do Hotel Hermitage, tem de tudo, de Zara a Hermès.

E os barzinhos?

O barzinho mais badalado é o Before, perto da curva Rascasse da Fórmula 1, na frente do Porto e ao lado do bar La Rascasse, que é um barzinho com música ao vivo que o pessoal local frequenta. O movimento começa umas seis horas da tarde, como um happy hour, e se estende até umas 11 da noite.

Onde é melhor se hospedar?

A maioria dos hotéis são muito caros. O hotel que talvez tenha o melhor custo-benefício para quem vai passar alguns dias é o Novo Hotel, perto da estação de trem, de fácil acesso e moderno. Só a vista que não é muito bonita, pois é interna. Para quem for passar uma temporada mais longa em Mônaco, há apartamentos para alugar – imobiliárias e agências de turismo têm algumas opções. Se você for com a família, é muito mais barato do que ficar em hotel.

Já passou por alguma situação engraçada em Mônaco?

Todo ano, no circuito de F1, tem um jogo de futebol para caridade, dos convidados do príncipe contra os pilotos de F1. Eu jogo desde 2008-2009 e, no ano passado, enquanto eu estava no banco de reserva, me preparando para entrar, aconteceu uma falta meio forte. De repente um cara perguntou: “O que aconteceu ali?”. Eu respondi: “Sei lá”, nem dei muita bola. O cara me cutucou de novo: “Alguém se machucou?” Eu pensei: “Que cara chato, me cutucando”. Quando olhei, era o príncipe [Albert]. Ele era o técnico do time deles.

Alguma balada que vale a pena conhecer?

Balada no inverno não tem nenhuma. No verão abrem três ou quatro, e a mais famosa é a Jimmy’z, ao lado do hotel Monte- Carlo Bay. Já foi freqüentada por artistas. Hoje em dia não é a mais legal, faz tempo que eu não vou e não iria de novo. Tem outras agora abrindo que parecem ser mais interessantes, mas ainda não conheço.

 

Leia essa e outras matérias na Go’Where n° 94.

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