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Alvaro Garnero: o embaixador do turismo brasileiro fala sobre sua paixão por viagens

O apresentador e empresário Alvaro Garnero – que já visitou mais de 80 países pelo programa 50 por 1, exibido pela Rede Record – foi nomeado Embaixador do Turismo Brasileiro pela Embratur. Além disso, ele acaba de entrar na sociedade da empresa iFriend, que conecta turistas com moradores locais, tornando a experiência da viagem a mais exclusiva possível. Nesta entrevista, ele fala sobre o delicado momento que o setor do turismo está passando e, claro, a sua grande paixão de desbravar os quatro cantos do mundo

Você foi nomeado Embaixador do Turismo brasileiro recentemente, durante um momento muito crítico para o turismo. Como pretende ajudar na retomada do setor?

Uma das formas que já estou contribuindo é mostrar o Brasil na nova temporada do 50 por 1, exclusivamente brasileira: “Brasil, o Paraíso do Mundo”. Agora, estou no meio das gravações na Chapada dos Veadeiros [a entrevista foi feita no mês de fevereiro].

A pandemia fez o brasileiro olhar mais para o nosso país, já que tantas fronteiras no mundo foram fechadas em alguns períodos?

Acho que sim. E acho importante aproveitarmos o momento para mostrar que temos tudo em nosso próprio quintal. E a tendência, com o aumento do turismo, é que a estrutura turística também se modernize e fique melhor.

Acredita que o coronavírus gerou um novo comportamento na busca pelo tipo de hospedagem, aumentando o interesse por hotéis boutiques e casas de temporada?

Sim, isso já está inclusive documentado mundial- mente. As excursões de grupos grandes diminuíram bastante, em alguns lugares simplesmente deixaram de ser ofertadas – porque não é nem saudável. Infelizmente, os cruzeiros são um tipo de viagem que praticamente se extinguiu no ano passado, muitas das grandes companhias de cruzeiro já quebraram financeiramente. Esse é um ambiente onde já foi provado que não há como controlar o vírus. O que está acontecendo é que as pessoas estão atrás de viagens mais exclusivas, alugam uma casa para família, ficam em uma pousadinha com poucos quartos… O desafio do turismo é entregar essa exclusividade a preços acessíveis.

No início do ano, estreou a nova temporada do 50 por 1, onde você mostra destinos inusitados pelo Brasil. Quando essas viagens foram realizadas? Imagino que toda a equipe teve de repensar na maneira de fazer o programa por conta do momento atual.

As primeiras viagens aconteceram em 2020, quando a pandemia parecia estar mais controlada. Hoje, a gente já sabe como se cuidar, mas em 2020 perdemos todo nosso planejamento. A primeira viagem que faríamos, em meados de fevereiro, seria para China – imagina o timing. Tivemos que rever tudo.

Já são 13 anos de 50 por 1. Tem ideia de quantos destinos já visitou?

Sobre os destinos que passamos não há qualquer possibilidade de fazer as contas, mas quanto aos países, acho que foram, mais ou menos, 80.

“Toda viagem surpreende com alguma coisa. E não é demagogia isso. Por mais que você se programe com roteiro ou até pense que conhece um lugar, alguma coisa vai surpreender”

Qual a viagem que mais te surpreendeu até hoje?

Toda viagem surpreende com alguma coisa. E não é demagogia isso. Por mais que você se programe com roteiro ou até pense que conhece um lugar, alguma coisa vai surpreender. Dito isso, visitar um vulcão ativo na Indonésia acho que foi a visita que mais me surpreendeu em todos os aspectos porque você não tem dimensão do que é um vulcão até ver o vulcão ativo, ouvir o barulho, sentir a terra tremendo, sujar a roupa com as cinzas. Até sua própria dimensão como ser humano muda em frente àquilo. É uma experiência que muda a vida mesmo. De emocionar.

Já realizou todas suas viagens dos sonhos ou ainda tem algum cantinho especial que deseja conhecer?

Quanto mais você viaja, mais quer continuar a viajar. Já estou de olho em alguns cantinhos especiais do Brasil, que eu não conheço para inserir no programa. Serras Gerais, em Tocantins, por exemplo, já chamou minha atenção. Mas tem muita coisa linda em todos os estados brasileiros. E muita coisa que eu ainda não tive oportunidade de conhecer, aqui e lá fora.

Você transformou sua paixão por viajar em um grande negócio, primeiro com o programa, e agora com a sociedade na iFriend, uma plataforma de turismo. O lado bom são as viagens. E o lado ruim? Quais as dificuldades de empreender nessa área?

O lado bom é que todo mundo gosta de viajar. Turismo é sempre associado a um sentimento positivo, então você trabalha com algo que é fácil de gostar. É um pro- duto fácil de vender porque é positivo. A dificuldade é fazer as pessoas entenderem que trabalhar com turismo não é fazer turismo. Quando eu gravo, a gente acorda cedinho, sai para gravar, fica o dia inteiro gravando, desliga a câmera só à noite, quando desliga… E fica nessa pegada praticamente todos os dias da viagem. Muito seguidor meu fala que trabalharia de graça para fazer o que eu faço, mas eu já tive caso de produtora que desistiu na primeira viagem. Não deu conta.

Como funciona a iFriend? Qual a grande sacada dessa plataforma que despertou seu desejo em entrar para sociedade?

A grande sacada é dar a oportunidade de qualquer pessoa ser guia de sua cidade ou local onde mora e dar ao turista a oportunidade de ter gente muito específica para mostrar os lugares onde você vai. Imagina conhecer Viena com um músico clássico? Visitar restaurantes em Lima ao lado de um chef? Passear pelo litoral norte de São Paulo com um surfista? Você, como turista, sabe muito bem qual experiência quer viver e o iFriend afunila essa ex- periência, deixando exatamente como você quer.

“(…) as pessoas estão atrás de viagens mais exclusivas, alugam uma casa para família, ficam em uma pousadinha com poucos quartos… O desafio do turismo é entregar essa exclusividade a preços acessíveis”

Você será um sócio atuante ou apenas investidor? Sua expertise em viagens pode ajudar muito para o crescimento da empresa…

Eu investi porque acredito muito no modelo, mas não tenho intenção e acho que nem meus sócios têm essa intenção de que eu seja um sócio silencioso. Eu não estou no dia a dia da plataforma devido aos outros compromissos profissionais, mas eu ouço novas ideias e dou, sim, novas sugestões quando acho que há espaço e necessidade para isso.

Por que optou em investir em turismo, restaurantes e casas noturnas em vez de se dedicar aos negócios da sua família?

Eu ainda participo de reuniões do Brasilinvest, mas meu irmão Fernando, que tem muito mais talento nessa área, está comandando junto com meu pai. E brilhantemente. Eu acho que é muita coragem do Fernando, porque quando você tem um pai tão bem- -sucedido em um negócio, é natural você ter receio de entrar e temer comparações – porque é o seu herói que está lá como exemplo. O afastamento no final das contas foi uma forma de eu tentar fazer as coisas que gosto de forma mais independente. Não existe forma de não estar na sombra do meu pai, porque ele é uma figura que já entrou para história tanto econômica quanto política do Brasil. Mas conseguir ser bem-sucedido em um ramo em que ele não atua – não diretamente, é uma vitória também.

O seu tino empreendedor é muito forte. Isso vem de família, já está no seu DNA? Dos dois lados da família, né?

Meu avô Baby Monteiro de Carvalho investiu bem antes de eu nascer em empresas que se tornaram gigantes, como a Volkswagen e a Ericsson. Quando você vive em um ambiente desses, já enxerga tudo como oportunidade.

Já que tocamos no assunto família, como faz para driblar a saudade? A Lou e a sua filhinha, Luma, costumam te acompanhar nas viagens?

Agora, com as gravações no Brasil, estou tentando levar a Lou e a Luma em todas as viagens. É muito difícil hoje ficar longe dela, tão pequenininha. Quando o Alvarinho nasceu, eu morava em San Diego e ainda não tinha programa de viagens, então eu não ficava tanto tempo fora de casa. Nessa fase de neném, a cada cinco minutos, você perde uma coisa nova. Eu quero perder o mínimo possível desse desenvolvimento da Luma.

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