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W Musical – Uma entrevista com Washington Olivetto

Foto: Divulgação

Consagrado no mercado publicitário, Washington Olivetto – um grande fã de musicais – assina a consultoria criativa do espetáculo “O Primeiro Musical a Gente Nunca Esquece”.

Considerado por muitos o publicitário brasileiro mais criativo de todos os tempos, Washington Olivetto – ganhador de mais de 50 Leões no Festival de Publicidade de Cannes – agora ataca nos palcos prestando consultoria criativa ao espetáculo que leva no título uma homenagem a uma de suas criações mais premiadas e lembradas da história: a propaganda da Valisère (O primeiro Valisère a gente nunca esquece), lançada em 1987. Com texto e direção de Rodrigo Nogueira, O Primeiro Musical a Gente Nunca Esquece conta a história de Dora e Franco. Ele, um executivo, dono de uma grande agência de publicidade, viciado em propaganda. Ela, uma exemplar dona de casa, viciada em musicais. No dia de comemorar o aniversário de 20 anos de casados, Dora prepara uma noite romântica, mas Franco se esquece da data. Em um surto explosivo, ela destrói a televisão do marido, entra numa grave crise depressiva e passa a não escutar mais o que dizem um para o outro, ou melhor, só escuta quando cantam. Um dos destaques dessa produção é a mistura de momentos de grandes clássicos dos musicais, como Mágico de Oz, Noviça Rebelde e Sweet Charity; jingles históricos, selecionados em parceria com Olivetto, e três canções inéditas.

GW: Como surgiu a oportunidade de assinar a consultoria criativa do espetáculo?

WO: Fui convidado por meu amigo e grande empresário do ramo de entretenimento Luiz Calainho, sócio-diretor da Aventura Entretenimento (empresa produtora do musical), justamente por ser o criador do comercial O primeiro Valisère a gente nunca esquece, que inspirou o nome do musical.

GW: O fato de o protagonista ser dono de uma grande agência de publicidade despertou mais o seu interesse?

WO: Não. O que mais despertou meu interesse foi a história como um todo e o roteiro com bom potencial para encantar os espectadores.

GW: Como foi a seleção dos jingles para o musical?

WO: Recomendei que vários profissionais fossem consultados, particularmente meu amigo Lula Vieira, publicitário, jornalista e grande estudioso da história dos jingles no Brasil.olivetto

GW: E quais não poderiam faltar?

WO: Sem dúvida nenhuma, os clássicos, particularmente dos anos 60 e 70 do século passado, um período muito fértil dos jingles na propaganda brasileira.

GW: Algum “problema” colocar clientes da sua agência?

WO: Propositalmente, por estar envolvido no projeto e preservando a credibilidade e a isenção, recomendei que tivéssemos jingles de todas as agências, desde que fossem bons, em vez de somente privilegiar os meus trabalhos e os dos meus clientes.

GW: Você se declara um grande fã de musicais. Acha que o gênero vem se destacando cada vez mais?

WO: Sem dúvida nenhuma! Passamos a ter uma geração de criadores, produtores e protagonistas de musicais no Brasil, coisa que não acontecia. Isso é uma ótima notícia, até porque a presença de bons musicais no cenário brasileiro se transformou num fato irreversível, criando um novo hábito para o brasileiro, que estava habituado a assistir a bons musicais somente fora do país.

“Bons jingles são importantíssimos na construção de uma marca. Isso vale no mundo inteiro, desde os primórdios da propaganda até os dias de hoje”

GW: E se lembra do primeiro musical que viu? E há algum preferido?

WO: O meu primeiro e também inesquecível musical, assisti em Nova York, muitos anos atrás. Foi o West Side Story. E o meu musical favorito é The Chorus Line, que também assisti em Nova York.

GW: Para você, um dos maiores nomes da propaganda nacional, qual a importância do jingle para a marca?

WO: Bons jingles são importantíssimos na construção de uma marca. Isso vale no mundo inteiro, desde os primórdios da propaganda até os dias de hoje.

GW: E onde busca inspirações para suas criações?

WO: Na vida, em geral. A boa publicidade é tirada da vida, transformada em publicidade e devolvida para a vida. Sem nenhuma restrição ou preconceito.

GW: Qual o segredo daquelas propagandas tipo chiclete, que entram na cabeça e não saem mais?

WO: A grande ideia. A presença de uma ideia criativa, brilhante e pertinente em relação ao produto anunciado foi e sempre será o grande diferencial da boa publicidade.

GW: Ainda há as pessoas que mudam de canal na hora do intervalo comercial. Qual o segredo para prendê-las?

WO: O segredo para prendê-los é fazer comerciais que contenham grandes ideias, respeitando a inteligência do consumidor. Ninguém liga a televisão para assistir ao comercial ou compra jornal para ver anúncio. O mínimo que aquela peça tem de fazer é acrescentar alguma coisa boa na vida dele, um sorriso, uma informação, uma imagem bacana, uma música…

GW: E como a publicidade está lidando com a migração do público para a televisão fechada e internet?

WO: As mudanças são tecnológicas e, quando centradas na busca da grande ideia, independentemente do meio em que forem veiculadas, são fascinantes.

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