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Vik Muniz – O extraordinário

Prepare-se para entrar na cabeça de um dos artistas brasileiros mais respeitados no mundo

O paulistano Vik Muniz é um dos artistas plásticos brasileiros mais respeitados no exterior. Mas foi um documentário, Lixo Extraordinário, que mostra a produção de obras de arte com catadores de material reciclável num dos maiores aterros sanitários do mundo, em Duque de Caxias (RJ), que lhe trouxe mais prestígio este ano. O fi lme foi premiado nos festivais de Sundance e Berlim e indicado ao Oscar de 2011. Apesar da consagracão, Vik é a antítese do glamour hollywoodiano. É um artista engajado em questionar, com sua arte, a essência do seu tempo. Talvez porque tenha descoberto o grande barato de buscar o simples e fazer disso sua arte. Foi assim que tudo começou, nos anos 80, quando ele se apaixonou pela fotografi a e tomou outra decisão crucial: mudar-se para os EUA. Acabou adotando a fervilhante Nova York para viver e se encontrou. Teve o insight de que suas imagens poderiam ser manipuladas para ganhar nova dimensão. Começou a usá-las como base para desenhos com outros materiais, como geleia, manteiga de amendoim, doce de leite, catchup, fi os, arames, chocolate… e depois as refotografava. Um dia, em 1995, duas obras da série Crianças de Açúcar foram notadas por Charles Haggan, crítico de artes do New York Times. A resenha no principal jornal americano foi o passaporte de Vik para o Metropolitan Museum of Art e o Guggenheim. O sucesso arrebatador levou o Museu de Arte Moderna

Ao decidir ir para Nova York, você já sonhava em ser artista de sucesso?

Não fui para Nova York com a intenção de virar artista plástico. Queria aprender inglês e fazer um curso de teatro. Eu me relacionava com a turma do Asdrúbal Trouxe o Trombone, com a Regina Casé e o Luiz Fernando Guimarães. Gostava de fotografi a, mas não era fotógrafo profi ssional. Mas desenvolvi a ideia de imagem e percepção, de estudar os modos da visão. Tanto que até hoje a psicologia faz parte do meu trabalho.
Cheguei lá em 1981. Nova York naquela época era uma cidade fascinante: muita gente interessante para todo lado, e perigosa porque a heroína era a droga da vez. Mas me encontrei. Achei a cidade a minha cara! Voltar ou não para o Brasil? Um dia, vi umas pessoas caminhando em direção ao Central Park e decidi acompanhá-las. Eles se sentaram na grama, abriram umas garrafas de vinho, me ofereceram, e ali, sentado, comecei a ver o concerto da Filarmônica de Nova York. Chorei de emoção, de alegria, de êxtase. Ali decidi: vou fi car nesta cidade para o resto da minha vida! Eu não tinha grana, passei a fazer de tudo para sobreviver e morei em lugares muito perigosos.

Veja a matéria completa na revista Go’Where nº91.

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