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Uma mulher multi talentosa

Um dos grandes sucessos do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, chega ao Brasil na versão de musical, com Marisa Orth interpretando a Pepa.

Por: Malu Bonett

Ela canta, dança, interpreta e coleciona personagens cômicos como a Magda, do humorístico Sai de Baixo, e a Rita Moreira, de Toma Lá Dá Cá. Agora, nos palcos, com o musical Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, ela mais uma vez consegue arrancar risadas da plateia. “Sou fã do Almodóvar. Acho que assisti quase todos os filmes dele, li alguns livros e muitas entrevistas dele. Acho ele um dos grandes criadores do final do século 20. Essa onda de mulheres sofrendo teve um boom com O Diário de Bridget Jones, Os Homens são de Marte… e é pra lá que eu vou, e Almodóvar foi pioneiro nesse tema. Com Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos ele teve uma visão carinhosa e hilária do desespero da mulher emancipada e, ao mesmo tempo, romântica. Ele traduziu muito bem essa enrascada em que nos metemos”, diz Marisa, que interpreta a protagonista Pepa, que também é uma atriz e guarda em segredo sua gravidez, sendo abandonada pelo amante e se vendo perdida. Lúcia (Totia Meireles), mulher do amante de Pepa, resolve se vingar do ex-marido nos tribunais depois de ter sido deixada por ele. Já Candela (Helga Nemeczyk), melhor amiga de Pepa, se apaixona por um terrorista e decide pedir ajuda à sua confi dente com medo de ser acusada como cúmplice.

“Acho que, de alguma maneira, pedi aos céus para fazer esse papel”

marisa_orth2A interpretação de Carmen Maura como Pepa ajudou Almodóvar a obter sua primeira indicação ao Oscar como Melhor Filme Estrangeiro. “Apesar de ainda muito jovem, quando assisti ao fi lme, me encantei pela atuação dela. Acho que, de alguma maneira, devo ter pedido aos céus para fazer esse papel e acabou rolando”, conta Marisa, que tentou não se espelhar em Carmen, mas criar sua própria Pepa. “Claro que a direção do Miguel Falabella me ajudou muito nessa construção, mas também pensei nas amigas e na mulherada de uma maneira geral. Afinal, todas temos um pedaço da Pepa. Eu, por exemplo, sou atriz como ela, romântica como ela e também tenho várias oscilações de humor.”Ainda segundo Marisa, o público tem adorado a peça, que tem momentos engraçados; outros nem tanto. “A vontade de amar e ser amado é o que predomi-na. O público tem nos prestigiado muito, claro que só para ver a Marisa Orth já valia a pena ir ao teatro (risos), mas o elenco todo é maravilhoso, o cenário, a orquestra, tudo.” Claro que não poderíamos deixar de perguntar o que deixa a atriz à beira de um ataque de nervos. “Hormônios, a situação política, e coisas que amo como, por exemplo, filho, marido, família, irmão. E os homens, que parecem fazer de tudo para nos deixar loucas.”

“Fazer rir é tão difícil quanto chorar”

Humor é o que não falta na carreira da Marisa. Sua primeira novela foi Rainha da Sucata, depois veio o Sai de Baixo, e o Brasil caiu de amores pela divertida Magda. Em Toma Lá Dá Cá e em S.O.S. Emergência, o humor também estava presente, assim como no seriado Odeio Segundas, pelo canal GNT. “Nunca me incomodei em ter minha imagem atrelada ao cômico. Pelo contrário, é uma honra pertencer a essa linhagem que no Brasil tem tanto bons atores. Acho bacana que eu saiba fazer e seja reconhecida por isso, mesmo porque fazer rir é tão difícil quanto chorar. Extrair qualquer contração do diafragma do público, seja lá qual for, é muito difícil.”

“De repente, me vi numa banda de sucesso e fui aprendendo a cantar”

Marisa também tem uma ligação muito grande com a música: integrou a banda Luni, nos anos 80, e a Vexame, entre 1989 e 2007. “A Luni fez muito sucesso, gravamos até uma trilha de novela, chegamos a fazer 150 shows no ano. De repente me vi numa banda de sucesso e fui aprendendo a cantar ao longo da vida. Depois veio a banda Vexame, talvez tenha a primeira dedicada somente a músicas bregas. Foram 15 anos de banda e, desde então, a música nunca mais saiu da minha vida”, conta a atriz, que no dia a dia curte música popular brasileira, americana e cubana. E claro que a música também faz parte dos seus planos para 2016. “Pretendo finalizar CD Romance Volume III (baseado no espetáculo de mesmo nome), provavelmente teremos outra temporada do Odeio Segundas e também estarei no remake de Sassaricando – até aqui com o nome provisório de Haja Coração.”

Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos
Teatro Procópio Ferreira
R. Augusta, 2823 – Cerqueira César
Temporada: até 14/02

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