Go Where – Lifestyle e Gastronomia

O vilão da vez

Na pele de Orlando, na novela A Regra do Jogo, o ator Du Moscovis vive um vilão incansável na busca de poder. Já nos palcos, se prepara para a nova temporada da peça Um Bonde Chamado Desejo, onde vive Stanley, um personagem que se utiliza da força bruta para impor o seu poder. Entre a correria das gravações e dos ensaios, ele conseguiu um tempo para falar a Go Where. Feliz por estar de volta às novelas depois de dez anos, contou dos desafios de seus personagens e revelou o que gosta de fazer quando sobra um tempo livre na agenda.

Por: Lilian Anazetti Pimentel

Du Moscovis

Du Moscovis em cenas da peça Um Bonde Chamado Desejo.

Stella, Stanley Kowalski e Blanche Dubois, um dos mais famosos trios da dramaturgia universal, forma o triângulo de Um Bonde Chamado  Desejo, a complexa peça do americano Tennessee Williams que ganhou nova versão brasileira pelo jovem diretor – e também tradutor da peça – Rafael Gomes. Sucesso na temporada do primeiro semestre, a montagem volta a São Paulo em janeiro com o mesmo elenco, selecionado a dedo pelo diretor.

Maria Luísa Mendonça vive Blanche Dubois, mulher hipersensível, traumatizada por uma decepção amorosa, que vive entre a sanidade e a loucura. É a irmã de Stella, vivida por Virgínia Buckowski, que, ao contrário dela, aprendeu a aceitar a pobreza e o meio social em que vive. Du Moscovis interpreta Stanley Kowalski, um homem brusco em seus gestos, muito viril e hábil no jogo de palavras. Casado com Stella, ele não se sente confortável quando a cunhada passa a viver com eles na mesma casa. Em defesa de seu território, vasculha o passado de Blanche e descobre que ela se prostituiu em um hotel miserável, fato que vai, enfim, desencadear a loucura da mulher.

A explosão de virilidade de Stanley tornou-se clássica na interpretação de Marlon Brando, tanto no teatro como no cinema e acabou viran-do um desafio para Du Moscovis. “Revi o filme, mas optei por outro caminho, algo construído em cima das dificuldades das relações, mas com distanciamento da época, que era o final dos anos 40. Queria experimentar uma nova forma de mascu-lino, esse foi meu grande desafio. Todo o elenco, na verdade, esteve mais focado nas relações, em mostrar o que acontece quando aquela mulher chega na casa e desestabiliza tudo”, diz Du, orgulhoso ao comentar que espera o mesmo sucesso da temporada anterior.

Du Moscovis em cenas da peça Um Bonde Chamado Desejo.

“Estivemos lotados em todas as sessões, com aplausos contagiantes do público. Fiquei muito feliz, pois vejo o teatro atualmente vivendo uma fase delicada. Tenho a impressão que temporadas assim são atípicas, apesar de que São Paulo, para mim, é mais generoso com o teatro do que o Rio. Acho que as pessoas aqui têm mais interesse, o deslocamento é mais fácil, é uma cidade que acaba gerando mais público. Mesmo assim, a crise já está aí. As pessoas hoje pensam duas vezes antes de ir, afinal, não é só a peça, é o estacionamento, o jantar…”.

Alimento para a alma

Du Moscovis confessa que não consegue ficar muito longe do tea-tro. “Tenho necessidade de estar no palco, de viver o ‘ao vivo’, de sentir público, isso me excita, mexe com a minha insegurança, é bom para o meu desenvolvimento. Viver um personagem intensamente, como no teatro, onde temos tempo para pesquisar e estudar, é um privilégio, uma oportunidade que me aprimora.” Aos 47 anos, com 26 de carreira, Du Mos-covis, também está na novela A Regra do Jogo, onde interpreta o vilão Orlando. Depois de dez anos longe das novelas, esse personagem marca seu retorno ao horário nobre. “Viver um vilão é uma delícia, ainda mais numa novela do Emanuel Carneiro, que sempre quis muito fazer, e com direção da Amora Mautner. Já trabalhamos juntos no passado, em O Cravo e a Rosa, e foi muito bom”, relembra ele, com carinho do persona-gem Julião Petruchio.

Homem família

O seu personagem em A Regra do Jogo é misterioso, cruel e não mede esforços para se manter
no poder. Enquanto a morte de Orlando não acontece – ela está prevista desde o roteiro inicial – Du Moscovis chega a gravar todos os dias. “É uma correria grande, mas eu gosto, ainda mais por ter a meu lado colegas de cena que dispensam comentários, como Tony Ramos e Renata Sorrah. Atuar, para mim, é uma terapia. Viver cada personagem com suas loucuras e mistérios, poder trocar com eles, e, assim, descobrir coisas novas em mim mesmo, é a maior recompensa.” Quando sobra um tempo livre na agenda de Du, ele não mede esforços para ficar com a família. Pai de quatro filhos (Gabriela e Sofia, fruto do relacionamento com Roberta Richard; e Manuela e Rodrigo, do seu casamento com Cynthia Howlett), o ator adora ir à praia, surfar e andar de skate com eles. “Estamos sempre juntos.”

Um Bonde Chamado Desejo
Teatro Tucarena
R. Monte Alegre, 1024
Temporada: 23/01 até 27/03

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