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Mulher de opinião: a rotina e a história de Ana Paula Araújo

A jornalista Ana Paula Araújo começou a trabalhar na Rede Globo em 1995 e, desde então, soma matérias importantíssimas em seu currículo, como a cobertura da ocupação do Complexo do Alemão pelas forças da segurança, o que lhe rendeu o Prêmio Emmy Internacional. Atualmente, ela divide a bancada do Bom Dia Brasil com Chico Pinheiro e, por isso, acorda às 5h da manhã todo dia. Mas, com energia de sobra, ainda arranja tempo na rotina corrida para se exercitar e acompanhar o dia a dia da filha.

Por: Malu Bonetto

GW: Você tem uma carreira supersólida na Rede Globo. Como foi sua trajetória até à bancada do Bom Dia Brasil?
AP: Comecei na emissora como repórter e fiz bastante coisa nesta função. Até hoje, me sinto uma repórter dentro do estúdio, e essa é a postura que pro-curo ter. Trabalhar no RJTV foi uma experiência incrível, era um jornal que apresentava praticamente sem teleprompter. Era tudo no improviso, exigia de mim uma preparação enorme e um domínio dos assuntos dos quais iríamos tratar. Eu amava aquele desafio. A partir disso, comecei a fazer parte da escala de fim de semana de alguns jornais da rede e também do Fantástico, até chegar ao Bom Dia Brasil, onde estou há quatro anos. Para mim, é uma experiência inédita ser titular de um jornal da rede, um jornal que também busca ser um pouco mais descontraído, mais conversado. Essa é uma tendência cada vez mais latente nos jornais.

GW: Em 2010 você ficou oito horas seguidas narrando a ocupação do Complexo do Alemão. Essa cobertura foi um divisor na sua carreira?
AP: A cobertura do Alemão foi difícil como um todo: conseguir aquelas imagens, entrar nos lugares, ter informações. Mas eu, ali, narrando aquela invasão, recebendo as imagens ao vivo, estava tão imersa na situação que não lembro de ter sentido fome, sede ou cansaço. Foi um momento tão especial, trabalho incrível, que só foi possível graças ao trabalho de equipe, pois todo mundo foi atrás dessa história. Além disso, foi um reconhecimento do meu trabalho. Eu me sinto mais tranquila e segura depois de ter encarado uma cobertura como aquela. A partir dali, comecei a fazer plantão de fim de semana e de feriados no Jornal Nacional, que é uma enorme conquista. Mudou muita coisa para mim a partir daquele momento.

GW: Você ganhou o Prêmio Emmy Internacional de Jornalismo justamente por causa da cobertura do Alemão. Lembra da sensação que teve quando anunciaram seu nome?
AP: Foi um daqueles momentos extraordinários na vida, aquele tipo de coisa que você acha que nunca vai acontecer. Só pela indicação, já estava superfeliz, participar daquela cerimônia, com todos aqueles jornalistas maravilhosos, aqueles ídolos. Ganhar, então, foi maravilhoso. Na hora em que abriram o envelope estava tão nervosa que não consegui prestar atenção. Parece que eu tive uma ausên-cia e voltei já com todo o pessoal da Globo levantando, comemorando. Aí percebi que tínhamos ganhado. Foi indescritível.

GW: Como é a sua rotina pela manhã, já que o jornal começa às 7h30?
AP: Ela começa no dia anterior: separo a roupa para o dia seguinte, olho a previsão do tempo, checo tudo para não errar e perder o mínimo de tempo de manhã cedo. Tento dormir, no máximo, às 22 h para acordar às 5h da manhã e chegar na emissora por volta das 5h45. Só depois que saio do jornal é que tomo meu café e, muitas vezes, aproveito para realizar o treino de corrida ou de funcional. Depois retorno para a emissora para a reunião de pauta, que acaba às 11h30. À tarde fico um pouco mais livre para cuidar de outras coisas, da minha filha e me manter informada. Passo o dia inteiro focada nas notícias porque é o que irá gerar boa parte do conteúdo do Bom Dia Brasil do dia seguinte.

GW: Chega a opinar no figurino do jornal?
AP: O figurino é produzido por uma equipe de moda que sabe mais ou menos o meu estilo e que tem a ver com o perfil do jornal. Mas claro que opino, não uso nada que me deixe desconfortável. Muitas vezes misturo coisas minhas com as coisas que são produzidas.

GW: Recentemente, você se tornou triatleta. Por que só agora essa paixão pelos esportes?
AP: Nunca tinha praticado  esporte. Eu era aquela criança péssima nas aulas de Educação Física, sempre a última a ser escolhida. Fazia musculação e spinning até que me mudei para uma casa que não tem academia perto. Meu irmão começou a correr na rua e me chamou para ir junto. Na rua onde moro, muita gente faz treino de bicicleta, e como sempre gostei de pedalar, resolvi treinar bicicleta também. Depois comecei a nadar no mar, enfim, tudo foi acontecendo muito naturalmente e eu me apaixonei por esportes ao ar livre. Hoje, não consigo mais pensar em ir para academia. Gosto mais de estar em contato com a natureza, dá uma paz, uma tranquilidade, quase uma meditação.

GW: A gente já sabe que você trabalha e treina bastante. Mas como é sua vida no dia a dia?
AP: Procuro ser sempre presente na vida da minha filha, acompanho tudo de perto. Sei tudo o que está acontecendo, cobro bastante da Melissa, embora ela seja uma menina muito responsável, tranquila, que não me dá trabalho. Gosto muito de ler, de ouvir música, de ver seria-dos. Sou muito caseira, não sou muito de sair. Gosto mais de ficar curtindo meu cantinho, de receber os amigos em casa, de dar uma festa. Mas é tudo em casa mesmo, não sou muito de sair.

GW: Falando em filha, como ela lida com o fato de ter uma mãe famosa?
AP: A Melissa tem 12 anos e não liga muito para o fato de eu ser apresentadora de jornal, de aparecer na televisão, mas, às vezes, fica até sem graça quando muita gente vem falar comigo. Ela é bem na dela, o amor da minha vida.

GW: Você já deu muitas manchetes, mas acredito que há alguma que você adoraria dar, certo?
AP: São tantas as manchetes que gostaria de dar, como a cura do câncer, uma vida melhor para os brasileiros, educação tendo resultados melhores no país. Adoro quando tem boa notícia para dar, mas infelizmente os fatos não estão colaborando muito, então, em situações como essas, o nosso papel é cobrar para que um dia a gente possa ter notícias melhores.

GW: Falando em notícias melhores, está otimista com a situação do Brasil para este ano?
AP: Estou sempre otimista em relação ao Brasil. Às vezes a gente desanima, mas acho que não podemos perder a esperança de que o país vai melhorar. Sou muito cautelosa com planos futuros. Procuro fazer o meu melhor com as oportunidades que tenho e esperar que aconteça o melhor. Procuro não me engessar em planos ou projetos.

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