A cosmopolita capital alemã preparou uma série de eventos para celebrar o centenário da escola que marcou a arquitetura e o design do século 20.
Por: Luciano Garcia
Quando você pensa em Bauhaus, o que lhe vem à mente? Formas geométricas, cores primárias, cadeiras e poltronas modernas e elegantes? Todas essas são associações válidas. Fundada pelo arquiteto e urbanista alemão Walter Gropius, em 1919, na cidade de Weimar, a escola Bauhaus tinha como objetivo unir arte, design e indústria. Devido a problemas financeiros de origem política, em 1925, a Bauhaus deixou Weimar e mudou-se para a cidade industrial emergente de Dessau, e, em 1932, foi para Berlim. Sob a pressão dos nazistas, ela fechou no ano seguinte. Muitos arquitetos que passaram pela Bauhaus tinham estreitas relações com a capital alemã, como Ludwig Mies van der Role, que ficou em Berlim de 1905 até 1938. Eles adotaram a metrópole por ela ser cultural, animada, dinâmica, inspiradora e capaz de projetar suas ideias internacionalmente.
Uma nova geração de designers talentosos foi treinada na Bauhaus, e renomados artistas de vanguarda e jovens mestres em ascensão de mais de 29 países moldaram a época. Com base na premissa de questionar tudo o que é conhecido e no desejo de pensar de novas maneiras, a Bauhaus desenvolveu uma linguagem de design completamente nova para a vida, o trabalho e a vida cotidiana.
Impacto duradouro
A Bauhaus se tornou precursora do design industrial alemão moderno. Criada por Marcel Breuer e Carlo Scarpa, a mesa Delfi é baseada em um design anterior com o qual Breuer trabalhou na década de 1930. Composta por duas bases monolíticas e um tampo retangular, ela apresenta, frequentemente, mármore branco de Carrara ou mármore Nero Marquina. Muitos designers comtemporâneos ainda seguem as influências da Bauhaus, do mobiliário a janelões de vidro do chão ao teto. “O iPhone é o produto mais bauhausiano com o qual interagimos agora”, explica o arquiteto Dong-Ping Wong.
Margaret Grantham, do escritório de Turismo da Alemanha no Brasil, explica que, até hoje, temos contato diariamente com a herança dessa grande escola de design. “A grente não imagina, mas muitos objetos das nossas casas tiveram origem no movimento Bauhaus, que deixou um legado para o mundo, e não só nas cidades em que o movimento teve origem.”
Tempo de festa
Berlim participa das celebrações do 100 aniversário da Bauhaus com uma série de eventos. Um deles é o Gran Tour do Modernismo Berlinense. Com base em 50 pontos espalhados cidade afora, o tour oferece aos interessados a oportunidade de vivenciar o panorama arquitetônico completo do Modernismo de Berlim em todos os doze distritos da cidade. O programa também conta com informações interessantes sobre a história da Bauhaus e dos mais importantes arquitetos da época. A variedade de prédios apresentados vai do passado ao presente: dos seus grandes condomínios residenciais erguidos nos anos 1920 até o Museu Judaico, concluído em 2001.
Os museus de Berlim exibem vários aspectos históricos e estéticos dos campos do design e da moda. O Bauhaus-Archiv abriga a mais extensa coleção de materiais do movimento. Ele está sendo reformado de acordo com as regras de preservação patrimonial e ganhará um novo prédio. Durante o andamento das obras, a instituição estará aberta ao público ao Temporary Bauhaus-Archiv.