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Aquele abraço!

Gilberto Gil completa 50 anos de carreira e é homenageado com um musical em cartaz em São Paulo

Por Malu Bonetto
Fotos Páprica Fotografia

Gustavo_baixaGilberto Gil é, sem dúvida nenhuma, um dos maiores nomes da MPB, reconhecido até no exterior, com Grammy de Melhor Disco de World Music, em 1998, e o Grammy Latino de Personalidade do Ano, em 2003, no seu extenso currículo. Aliás, este ano, o cantor comemora 50 anos de carreira e para celebrar a data foi montado Gilberto Gil, Aquele Abraço – O Musical, dirigido pelo premiado diretor Gustavo Gasparani que nos conta como foi preparar o espetáculo

 

Sua paixão por musicais não é de agora. Você tem mais de 30 anos de carreira como ator, diretor e autor…
Diria que minha paixão é pelo teatro, mas comédias, tragédias e musicais também. Faço musical desde o colégio, quando era aluno do Miguel Falabella. O que mais me atrai nesse projeto novo é a possibilidade de juntar música brasileira com teatro.

O que acha que mudou no teatro nesse período?
Sou do tempo da cooperativa, em que íamos aos jornais para divulgar a peça. Hoje a forma de produção ficou bem diferente, acho que mais profissional, embora bem mais cara. Nos musicais estamos muito mais preparados, tanto os atores e a equipe criativa,quanto os técnicos. O som, por exemplo, avançou muito, antes era playback da banda e a gente cantava em cima.

 

Como foi a montagem de Gilberto Gil, Aquele Abraço – O Musical?
Quando recebi o convite do produtor Sandro Chaim para escrever e dirigir esse musical, aceitei na hora por se tratar da obra desse mestre da música. Mesmo porque tenho 48 anos vividos sob a trilha sonora dele e do Caetano. Foram dois meses estudando as músicas e as letras, lendo os livros existentes e mais três meses de ensaios com o elenco, seis dias na semana, oito horas por dia.

 

Não ser um espetáculo biográfico facilitou ou dificultou a montagem?
Esse pedido foi do próprio Gil, na verdade o único que ele fez. Mas acho que foi bom para buscarmos novas formas do fazer teatro musical, sair um pouco do lugar comum. Minha intuição dizia que para falarmos de Gil com coerência em relação à sua trajetória artística, deveríamos ousar na forma. Meu fio condutor foi sempre essas três palavras, que cheguei até incluir no subtítulo: o poeta, a canção e o tempo. E a produtora do Gil acompanhou tudo, tivemos a visita da Nara Gil e Bem Gil no ensaio e da Maria na estreia, eles disseram que o pai ia gostar também.

 

Como foi escolha dos atores e repertório?
O musical é estrelado por oito atores/músicos que dividem a missão de interpretar, cantar, tocar e dançar, conduzindo eles mesmos todos os movimentos de cena. Já trabalhei, há quatro anos, no espetáculo Samba Futebol Clube, com o Alan Rocha,o  Cristiano Gualda, o Daniel Carneiro, o Gabriel Manita, o Jonas Hammar, o Luiz Nicolau, o Pedro Lima e o Rodrigo Lima. Escolhi o repertório depois de um estudo geral, acabei divindo-o em onze quadros temáticos de onde saíram as cenas.

 


Em meio a tantas músicas maravilhosas, como foi escolher apenas algumas para o espetáculo?
Alguns hits que marcaram época como, por exemplo, Aquele Abraço, Refestança e Drão, obviamente não poderiam ficar de fora. Mas gosto muito da parte da Tropicália com a música Se eu quiser falar com Deus e Cálice.


O que podemos esperar desse musical?
É uma experiência sensorial a partir da obra do Gil. Também é possível refletir sobre o Brasil de hoje, as nossas vidas. O espetáculo é um misto de recital, show e teatro, como se fôssemos numa exposição. Não é pra assistir com a razão e, sim, com a emoção… E se deixar levar!

 

 


Mais sobre o espetáculo…
Os onze blocos temáticos do musical passeiam pela origem musical, o movimento tropicalista, a negritude, o amor, a religiosidade, a tecnologia, o futurismo, entre outros assuntos que marcam as composições deste ícone da MPB. Em todos eles, “vida e morte” estão inseridas como dupla central e indispensável, tal qual Gil fez em toda sua trajetória. As 55 músicas são cantadas total ou parcialmente pelos atores/músicos, que tocam 39 diferentes tipos de instrumentos em cena, todas na sua forma original, com todos os arranjos, tons e semitons. Para deixar o espetáculo ainda mais sensorial, os atores narram em cena depoimentos pessoais sobre a influência da obra do compositor em sua carreira e vida pessoal. Esses trechos são os únicos que não pertencem às letras de músicas de Gil e, entrelaçados ao texto do musical, misturam ficção e realidade e mostram como as produções do artista dialogam com a vida de tantas pessoas.

 

 

 

Gilberto Gil, Aquele Abraço – O Musical
Teatro Procópio Ferreira

Temporada: de 18 de março até 15 de maio
Rua Augusta, 2823 – Jardins – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3083-4475

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