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A estilista mais badalada do momento – Lethicia Bronstein

Quem acompanha as novelas ou as redes sociais das famosas, certamente, já se deparou com algum vestido feito pela estilista Lethicia Bronstein. Queridinha de personalidades como Claudia Raia, Deborah Secco e Ivete Sangalo, ela comemora dez anos da sua grife e batalha para conquistar o mercado internacional.

Por: Malu Bonetto

Nascida no Rio de Janeiro, Lethicia Bronstein é uma das estilistas mais badaladas do momento. Com passagem por grifes como Maria Bonita e Le Lis Blanc, a carioca – que cursou Moda na escola Central Saint Martins, em Londres, local por onde passaram John Galliano e Stella McCartney –, resolveu, há cerca de dez anos, que era hora de ter sua própria grife. Hoje, aos 38 anos de idade, ela é a queridinha de famosas, influencers e da Rede Globo – a maioria dos vestidos de noiva que as estrelas usam nas novelas é dela. Suas criações, releituras de clássicos românticos em um estilo moderno, tê m como marca registrada o trabalho com laços, pé rolas, patchwork de rendas importadas e transparências. Desde 2016, começou a investir no mercado internacional e conquistou celebridades como Paris Hilton, Jennifer Lopez e Megan Fox.

GW: Como descobriu sua paixão pela moda?
LB: Sempre achei que seria bailarina. Estudei dança, ensaiei musicais da Broadway, mas, em determinado momento, decidi que não queria seguir uma profissão que dependesse 100% do meu corpo, mesmo porque era um sacrifício me manter no peso ideal para a dança. Aos 16 anos fui fazer intercâmbio nos Estados Unidos, e lá, assistindo a um red carpet pela televisão, percebi o quanto amava moda. Desde os 12 anos de idade, lia todas as revistas de moda, conhecia a trajetória dos estilistas, das modelos… Quando voltei ao Brasil para cursar o terceiro ano do Ensino Médio, já estava decidida a cursar moda.

GW: A prima da sua mãe foi uma das donas da Maria Bonita, grife referência em moda. Isso te influenciou na escolha da profissão?
LB: Sempre fui muito ligada às minhas prima e, claro, que o apoio delas foi importante para meus pais se convencerem de que Moda era uma boa opção para seguir na carreira. Comecei a estagiar na Maria Bonita ainda na faculdade, em 1998, e aprendi na prática muito sobre moda. Fazia ficha técnica, ia na modelagem pegar a peça piloto, perguntava qual tecido tinham usado, quantos metros, composição do forro, fazia o desenho técnico, colocava os aviamentos, zíperes e outros detalhes necessários para saber o custo da peça.

GW: Como foi o início da sua grife?
LB: Eu ainda trabalhava na Le Lis Blanc, aqui em São Paulo, quando uma amiga do Rio pediu para eu fazer o croqui do seu vestido de noiva. Aceitei, mas disse que eu precisaria fazer ele por completo para ficar do jeito que imaginava. Acabei fazendo também o vestido de algumas convidadas e combinamos que minha amiga iria divulgar meu trabalho. E assim foi: ela fazendo minha propaganda e os pedidos das noivas surgindo naturalmente. Durante um ano e meio vivi na ponte-aérea. Em 2008, já tinha feito mais de 50 vestidos. Foi quando decidi sair da Le Lis Blanc e abrir meu ateliê. No começo, era uma sala na Oscar Freire e outra no Rio. Eu fazia os vestidos aqui durante a semana e levava os modelos para as clientes nos finais de semana. Dois anos depois, o ateliê foi para a Joaquim Antunes, onde fiquei por sete anos até montar a Maison Lethicia, no Itaim Bibi, em maio de 2016.

GW: Mas por que mudou seu estilo de atendimento, de ateliê para uma loja maior, com portas abertas?
LB: Quando percebi que as clientes do ateliê também compraram os produtos que fiz para a Riachuelo, decidi que deveria ter um ponto aberto. A marca estava ficando maior que o espaço físico que estávamos ocupando. Então, surgiu a Maison Lethicia. No primeiro andar fica o prêt-à-porter; no segundo andar, fazemos as peças sob medida; a produção está no terceiro andar; e, no quarto andar, fica estoque, cozinha…

GW: Além da parceria com a Riachuelo, você também assinou algumas linhas para outras marcas…
LB: A estilista americana Vera Wang sempre me inspirou porque ela conseguiu que as pessoas vissem uma estilista de festa e de noiva como uma chancela. Ela licenciou vários produtos com seu nome, buquês, louças, joias, perfumes, até uma linha de colchões – que acho a melhor sacada dela. Eu sempre pensei: “Posso não ter tantas lojas, minha marca não ser tão grande, mas quero que ela seja desejada a ponto das marcas quererem se associar a meu nome”. E foi o que aconteceu! Já assinei duas coleções de festa com a Corporeum, uma linha de sapatos de noiva e festa para a Carmen Steffens – foram vendidos 5 mil pares dos de noiva, que eram sob encomenda, em três meses. Também fiz parceria com o designer de joias Fabrizio Giannone, com a Hope, a Brumani e a Mundial Impala.

GW: O quanto você participa dessas parcerias?
LB: Desenho as peças me baseando no briefing das marcas. E estou junto na produção, no desenvolvimento da embalagem, na divulgação de marketing e redes sociais… Eu me envolvo mesmo, porque, se não for um conjunto, não é uma parceria. Meu nome é forte, eu sei, mas também sei que, no mundo de hoje, é preciso agregar pessoas. E, quando faço uma parceria, visto a camisa, foi assim com os esmaltes da Impala, com as joias da Brumani…

GW: Nos dez anos da grife, o que mudou no mundo da moda?
LB: Hoje, as pessoas não querem o vestido igual ao da celebridade, as pessoas pagam mais caro por exclusividade. Por isso, temos que oferecer um serviço diferente desde a recepção até a peça final. Minha roupa é manual, trabalhosa, porém consegui acrescentar, em 2017, algo mais acessível, que é o press-à-porter, e isso agregou muito à marca. Ano passado também passei a vender para o varejo e estou aprendendo sobre esse mercado. Percebi nesses anos que as pessoas desejam vestir Lethicia no Brasil inteiro e, por isso, comecei a vender em multimarcas e também quero lançar um e-commerce.

GW: Como você se tornou a queridinha das celebridades?
LB: Contratei uma assessoria de imprensa que foi me apresentando pessoas importantes, e a grife foi se consolidando. A Rede Globo pegou alguns vestidos de noiva para produção, fui conhecendo as figurinistas, as atrizes e, quando percebi, elas estavam encomendando meus vestidos para festas e eventos.

GW: Imaginava chegar ao patamar que está?
LB: Não acho que estou no auge da minha carreira. Tem horas que penso “nossa, como estou fazendo sucesso”, mas tem horas que sei que esse é o meu trabalho. Sei que minhas costureiras gastam duas horas de ônibus para vir e duas horas para voltar e ainda são donas de casa. E dependo delas. Com muito trabalho e força de vontade estou indo pelo caminho certo. Mas quero mais. Adoraria que um grupo da LMVH comprasse minha marca e eu fosse estilista da Dior.

GW: O próximo passo é conquistar o mercado internacional?
LB: Há três anos conto com uma assessoria lá fora para começar a plantar uma sementinha Lethicia, e famosas como Paris Hilton, Jennifer Lopez e Megan Fox já usaram um vestido meu. Mas não adianta divulgar muito, se não tenho o produto no exterior para comprarem. Minha roupa já é cara porque pago o imposto de importação da renda, a maioria vem da Itália e da França, e, ao mandar para o exterior, ela acaba ficando muito cara, e nada competitiva para o mercado internacional. Preciso me planejar bem.

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