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Memorial da Resistência de São Paulo recebe a Exposição Memórias do Futuro

FOTO: Divulgação/Julio Kohl

Até o dia 8 de maio, acontece no Memorial da Resistência em São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, a exposição Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência. A mostra ocupa 689 m²  do museu e faz um resgate das lutas pelos direitos da população negra no estado de São Paulo do período de 1888 até os dias de hoje através de 450 materiais entre fotos, cartazes e documentos e a participação de artistas como Bruno Baptistelli, Geraldo Filme, João Pinheiro, Moisés Patrício, No Martins, Renata Felinto, Sidney Amaral, Wagner Celestino e Soberana Ziza.

A exposição gratuita, que tem curadoria do sociólogo e escritor Mário Augusto Medeiros da Silva, com apoio da pesquisa documental feita pela historiadora Pâmela de Almeida Resende e pela pesquisadora do Memorial da Resistência Carolina Junqueira Faustini, é baseada nos trabalhos realizados por Mário sobre às lutas lideradas pela população negra brasileira, que constitui, desde suas origens, uma das principais forças contestadoras da repressão e da violação de direitos humanos cometidas na história do nosso país.

FOTO: Divulgação/Julio Koh

Para Ana Pato, coordenadora do Memorial da Resistência, a mostra traz à tona a continuidade e a persistência do associativismo negro em suas formas de resistência ao longo dos anos. “Como um lugar de memória reforçamos a missão que o Memorial tem com a luta pela valorização dos princípios democráticos, pelo exercício da cidadania e pela educação em direitos humanos. Entendemos que é urgente nos indagarmos enquanto cidadãos sobre a nossa responsabilidade na perpetuação do racismo e como podemos nos engajar na luta antirracista para construir uma sociedade verdadeiramente democrática. Esta exposição é um convite para seguirmos os fios tecidos por mulheres e homens negros em torno de suas memórias e fabulações por um futuro.”

A experiência negra é parte da história da cidadania brasileira e sua luta por direitos e, é necessário contá-la para saber quem somos e o que almejamos ser enquanto sociedade. É esta a motivação central da exposição que norteia a extensa pesquisa desenvolvida pelo sociólogo e escritor Mário Medeiros. A cidade de São Paulo colonial, construída por mãos negras, os projetos iniciados por eles antes da República e em meio à Abolição desde 1889 até hoje são reflexos da frase: Enquanto houver racismo, não haverá democracia. “Em todos esses períodos, os associativismos e movimentos negros sempre estiveram lá e é importante reconhecê-los, homenageá-los e aprender com essas vidas negras impressionantes. Elas lutaram para existir em um tempo melhor. Ao fazer isso, pensaram em si e em seus descendentes. A luta por direitos é incessante, justa, pública e encontrará a sua vitória, através de nossas ações e nossos compromissos antirracistas públicos com relação ao passado, presente e ao futuro”, diz o curador da mostra.

FOTO: Divulgação/Julio Kohl

Giro pela exposição

Antes mesmo de adentrar ao museu os visitantes já são impactados pela exposição.  Ainda na área externa, um grande painel de 21 m x 4,60 m feito pela multiartista e grafiteira paulistana Soberana Ziza. Inspirada na força das palavras das mulheres negras de Geledés ela fez uma obra que retrata a projeção da mulher negra. O painel que recebeu o nome de “Fio da Memória” é um convite para as pessoas visitarem a exposição.

 

Mário Medeiros explica que Memórias do Futuro mostra diferentes experiências coletivas que se organizam nesse fio, formando conexões de lutas por direitos, solidariedade antirracista e afirmação da vida negra como forma de resistência. “Mulheres negras e homens negros que dialogam conosco, mostrando seus caminhos criados e imaginados em coletivo, buscando alternativas, lutando ontem, hoje e sempre por dias melhores. Não basta não ser racista: é necessário ser antirracista. Conheçamos um pouco da história da vida negra de São Paulo e suas lutas, vitórias, alegrias e dores. O presente e o futuro exigem muito dessa coragem de todas e todos nós.”

Para isto, a exposição contará com oito eixos que vão desde o período colonial, passando pelos grêmios recreativos e clubes de lazer; pela imprensa negra que já existia antes mesmo da Abolição; assim como a literatura com destaque para Carolina Maria de Jesus, Lino Guedes e Oswaldo de Camargo; as expressões artísticas retratadas nos grupos e escolas de samba; teatro folclórico, bailes blacks e hip hop. A repressão tem papel de destaque, no contexto do Memorial da Resistência, reunindo documentos de vigilância do Departamento de Ordem Política e Social (DEOPS), das perseguições às práticas religiosas de matrizes africanas e afro-brasileiras, por meio da Delegacia de Costumes e testemunhos do Acervo do Memorial. No sétimo eixo, o período da redemocratização e a nova república, do Movimento Negro Unificado à Coalizão Negra por Direitos. Por fim, o oitavo eixo que trata do feminismo negro e diferentes reivindicações de mulheres negras, da presença de intelectuais negras nacionais e internacionais em debates, publicações, inspirando a criação de coletivos de mulheres e da juventude negra em geral.

Serviço

Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência
Local: Memorial da Resistência de São Paulo
Endereço: Largo General Osório, 66 – Santa Ifigênia
Horário: quarta a segunda, das 10h às 18h (fecha às terças)
Os ingressos do Memorial estão disponíveis no site e na bilheteria do prédio https://estacaopinacoteca.byinti.com/#/event/memorial

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FOTOS: Divulgação/Julio Kohl

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