Um dos maiores musicais de todos os tempos está de volta ao Brasil: “A Chorus Line” retorna aos palcos depois de mais de 40 anos, em uma montagem inédita que já está em cartaz no Teatro VillaLobos, em São Paulo. O espetáculo, que revolucionou a linguagem dos musicais da Broadway, chega em 2025 celebrando também os 50 anos da obra criada por Michael Bennett, com texto de James Kirkwood Jr. e Nicholas Dante, músicas de Marvin Hamlisch e letras de Edward Kleban.
A nova versão é estrelada por Raul Gazolla, que, aos 70 anos, interpreta o exigente diretor Zach, figura central da trama que conduz uma audição com bailarinos em busca de um lugar no elenco de um novo musical. A escolha de Gazolla para o papel carrega um forte simbolismo: em 1983, ele fez parte da primeira montagem brasileira de A Chorus Line, um marco que ajudou a inaugurar uma nova era no teatro musical do país e revelou nomes que se tornaram gigantes na cena cultural brasileira.
Produzido nos anos 1980 por Walter Clark e dirigido por Roy Smith, o espetáculo original no Brasil ficou sete meses em cartaz em São Paulo antes de seguir para o Rio de Janeiro, e teve no elenco jovens talentos como Cláudia Raia, Totia Meirelles, Regina Restelli, Guilherme Leme, Thales Pan Chacon, J.C. Violla, Alonso Barros, Márcia Albuquerque, Eduardo Martini, Kátia Bronstein, Maria Lúcia Priolli, Nadia Nardini, Teca Pereira e Augusto Pompeo, entre outros que marcaram época e consolidaram o gênero no Brasil.

FOTO: Divulgação/Caio Galucci
Agora, quatro décadas depois, a nova montagem conta com versão assinada por Miguel Falabella e direção e coreografia de Bárbara Guerra, que trazem uma abordagem moderna e sensível para a obra, preservando sua essência, mas atualizando visualmente o espetáculo para o público contemporâneo. A equipe criativa ainda conta com nomes como Jorge de Godoy na direção musical, Mess Santos na cinematografia, Tocko Michelazzo no desenho de som, Tulio Pezzoni na iluminação, Theo Cochrane nos figurinos e Natalia Lana na cenografia.
O elenco foi selecionado em audições realizadas em julho e reúne 24 atores, que se revezam em papéis centrais ao longo da temporada. Entre os destaques estão Paula Miessa, neta de Paulo Goulart e Nicete Bruno, que interpreta Cassie e Diana e integrou o elenco original de Chicago na Espanha (2023/2024); Carol Botelho, que vive Diana e Judy e já protagonizou o musical Rio Uphill; Andreza Medeiros, que assume os papéis de Judy, Val e Connie e já atuou em produções como Wicked e West Side Story; Mari Saraiva, com mais de 25 musicais no currículo, como Cabaret, Wicked e Billy Elliot, interpretando Bebe, Kristine e Sheila; Luciana Bollina, que divide os papéis de Sheila e Cassie e é vencedora do Rio Webfest como Melhor Atriz; e Carol Costa, que interpreta Connie e Val, premiada por sua atuação como Bibi Ferreira no espetáculo Clara Nunes – A Tal Guerreira, além de ter sido indicada ao Prêmio Bibi Ferreira por sua performance como Roxie Hart em Chicago.
O espetáculo também conta com talentos como Murillo Ohl, formado na AMDA em Nova York e integrante de produções como Aladdin e Frozen, interpretando Mike e Don; Vitor Veiga, que já viveu Simba em O Rei Leão, agora nos papéis de Richie, Mark e Paul; Tiago Dias, premiado no Prêmio DID 2024 pela coreografia de Hairspray, que assume Frank, Richie, Bobby e Larry; Gabriel Malo, vencedor do Prêmio Bibi Ferreira 2023 por Once, como Paul e Mark; e Sandro Conte, com mais de uma década de carreira em musicais como Wicked, Billy Elliot e Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate, dividindo os papéis de Mark, Mike e Al, entre outros artistas que completam o numeroso e talentoso elenco.
FOTO: Divulgação/Caio Galucci
A trama de A Chorus Line se passa em um palco vazio, durante uma audição conduzida por Zach. Dezessete bailarinos disputam oito vagas em um novo musical da Broadway, e, em vez de apenas demonstrar sua técnica, são convidados a expor suas histórias de vida. Em cena, memórias, inseguranças, traumas e sonhos ganham forma em um espetáculo que emociona ao revelar a vulnerabilidade e a paixão de quem vive pela arte da dança.
Entre os momentos musicais mais marcantes estão “I Hope I Get It”, que abre o espetáculo traduzindo a ansiedade dos candidatos; “Nothing”, solo em que Diana relata a frustração com um professor de interpretação; “At the Ballet”, número tocante em que três bailarinas compartilham como a dança foi escape para vidas familiares difíceis; “Dance: Ten; Looks: Three”, número irreverente de Val sobre os padrões estéticos do meio artístico; “What I Did for Love”, verdadeiro hino sobre dedicação e sacrifício pela arte; e a inesquecível “One”, número final em que todo o elenco se reúne em uma formação em linha, celebrando a união e a magia do palco.
Segundo a diretora Bárbara Guerra, que também assina a coreografia, “tem sido um prazer dirigir e coreografar esse elenco. Volto sempre pra casa pensando nos profissionais maravilhosos que o teatro musical formou. A Chorus Line é a síntese desses artistas de excelência, que precisam cantar, dançar e atuar — sem dúvidas, reunimos o melhor do nosso teatro musical nesse espetáculo.”
FOTO: Divulgação/Caio Galucci
Para Miguel Falabella, responsável pela adaptação da obra para o português, “traduzir A Chorus Line foi revisitar um texto que é ao mesmo tempo lírico, poético e profundamente humano. É uma obra que emociona porque fala de artistas, mas também porque fala de pessoas em busca de pertencimento e reconhecimento. Levar esse material para o público brasileiro, neste momento, é reafirmar a força do teatro como espelho e celebração da vida.”
Lançado originalmente em 1975 no Shubert Theatre, em Nova York, onde ficou em cartaz por 15 anos consecutivos, A Chorus Line se tornou um divisor de águas no teatro musical, tendo conquistado nove prêmios Tony, além do Pulitzer de Drama, e foi adaptado para o cinema em 1985. Agora, com uma montagem brasileira de alto nível artístico e emocional, o espetáculo volta aos palcos para encantar novas gerações e reafirmar sua posição como um dos maiores musicais da história
FOTO: Divulgação/Caio Galucci
Até 14 de dezembro
Teatro VillaLobos
Av. Dra. Ruth Cardoso, 4777 – Jardim Universidade Pinheiros
De quintas e sextas às 20h; sábados às 16h e 20h; domingos às 15h30 e 19h
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FOTOS: Divulgação/Caio Galucci